Daniel Thame

DT A Região 1Os jornalistas Juca Kfouri, do UOL, Folha e ESPN, Jamil Chade, de O Estado de São Paulo, José Cruz, do UOL, abriram os trabalhos da CPI do Futebol no Senado. Os três confirmaram os desmandos sobejamente conhecidos e nunca investigados no (sub)mundo da bola.

Tendo como presidente o senador Romero Jucá e como relator o ex-jogador e atual senador Romário, a CPI tem tudo para mexer na estrutura podre do futebol, arrombando a caixa preta da CBF e da federações estaduais e revelando esquemas que envolvem propinas milionárias e acertos de contas dignos de Al Capone e congêneres.

Romário, como foi demonstrado várias vezes (a mais recente delas ao desmascarar uma armação da revista Veja, esse lixo da Midia Pistoleira, que apresentou um documento fraudado para lhe atribuir uma fortuna não declarada num banco suíço), não tem medo de entrar em bola dividida.

Neste caso, entrar em bola dividida, significa enfrentar colegas do Congresso Nacional, a chamada ´Bancada da Bola`, financiada pela Casa Bandida do Futebol, e alguns dos homens mais poderosos do país. Gente que há décadas faz do futebol um excelente negócio para eles próprios, enquanto os clubes vivem endividados e a esmagadora maioria dos jogadores profissionais (?) sobrevive com salários que não passam de 1.500 reais, a milhões de anos luz dos pouquíssimos que chegam ao topo e dos raríssimos que atingem o Olimpo, caso de Neymar, por exemplo.

Romário, craque na arte de fazer gols, terá que driblar adversários poderosíssimos para abrir os bastidores das negociações de jogadores em valores pra lá de suspeitos, a convocação de atletas para a Seleção com o claro objetivo de valoriza-los e negocia-los com clubes da Europa, principalmente a venda de publicidade nos estádios e a negociações com a televisão de transmissão do Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e dos campeonatos nacionais. Coisa de milhões de reais, em que a Rede Globo detém o monopólio, independente de propostas mais vantajosas de outras emissoras.

Pululam aqui e acolá insinuações, que podem ou não serem comprovadas, de que muitas mãos são religiosamente regadas para a obtenção desses direitos, que não por acaso, juntamente com a Rede Globo, envolvem a Traffic, do empresário J. Hawilla, atolado até o pescoço no lamaçal que o FBI descobriu da FIFA e que colocou na cadeia, entre outros, José Maria Marin, que além de roubar medalhas, tinha o hábito, durante a Ditadura, denunciar jornalistas para que eles fossem ´suicidados´ nos porões do regime que alguns idiotas, sem conhecer a história, hoje saúdam como redentor.

Declaração de Romário após a audiência com Juca, Jamil e Josè Cruz: “om os depoimentos, fica evidente que o futebol brasileiro é organizado a partir de uma estrutura viciada que explora a seleção brasileira a partir de contratos milionários com empresas fantasmas”, declarou Romário. Ele já sugeriu a Romero Jucá que todos os contratos de patrocínio, amistosos e fornecedores da CBF sejam analisados pela CPI.

O Brasll, que ganhou a Copa do Mundo de 1994 graças ao jogador Romário, poderá ressurgir das cinzas, livre da cartolagem-bandida, por obra e graça do senador Romário.

Que assim seja, amém!