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O presidente cubano, Raúl Castro, afirmou neste domingo, após um longo encontro com Francisco, que ficou “muito impressionado com a sabedoria, modéstia e todas as outras virtudes” do Papa, alguém capaz de trazê-lo de volta à Igreja. “Tivemos uma reunião muito agradável com o Papa Francisco”, revelou Castro em Roma. “Saí muito impressionado com sua sabedoria, sua modéstia e todas as virtudes que sabemos que ele tem”.

“Leio todos os discursos do Papa e sobre todos os comentários que ele faz (…). Se o Papa seguir falando assim, começarei a rezar e voltarei à Igreja, e não digo isto por brincadeira”, declarou Castro após um encontro com o chefe de governo italiano, Mateo Renzi. “Sou comunista (…) e o Partido não permitia, mas hoje já permite a presença de fiéis. É um passo adiante”.

Durante o encontro no Vaticano, o líder cubano agradeceu ao Papa “por seus esforços na tratativa para a normalização da relação entre Cuba e os Estados Unidos”, anunciada em meados de dezembro, depois de meio século de conflito. A reunião durou 55 minutos e aconteceu em uma pequena sala contígua à Sala Paulo VI, onde se realizam as grandes reuniões do Vaticano.

O Papa, que havia chegado alguns minutos antes de sua casa, em Santa Marta, apertou as mãos de Castro de maneira muito afável e pouco tempo depois entraram no escritório do Papa para a reunião privada. Ambos trocaram presentes. O pontífice ofereceu-lhe uma medalha de São Martinho de Tours que, na tradição cristã, é conhecido por ter partilhado sua capa com um mendigo.

“É preciso cobrir a miséria do nosso povo e, em seguida, ajudá-la”, disse Francisco ao convidado, a quem também presenteou com sua exortação apostólica “O Evangelho da Alegria”, texto base do seu pontificado. “Lá existem algumas frases que vão agradar você”, porque o texto tem um lado religioso e um lado social, disse Francisco, de acordo com Lombardi.

Castro deu ao Papa uma obra do artista cubano Alexis Leiva Machado, que assina como Kcho, e uma medalha de prata em comemoração ao 200º aniversário da Catedral de Havana O presidente foi acompanhado por uma delegação de 11 pessoas, incluindo o chanceler Bruno Rodríguez Parrilla, o vice-presidente Ricardo Cabrizas e o embaixador de Cuba junto à Santa Sé, Eduardo Delgado Bermúdez. Após a sua reunião privada, o Papa e Castro apareceram juntos por um minuto, sorrindo, antes de se separarem.