Marco Wense

marco wenseNo primeiro turno, a candidata Marina Silva (PSB) conseguiu convencer milhares de eleitores de que seria capaz de reverter a decrépita forma de fazer política.

A ambientalista precisava de um forte slogan para a campanha. E nada melhor do que uma antítese para criar o efeito desejado. Foi aí que apareceu a “nova política” versus velha política.

A empulhação marinista teve vida curta. Fatia considerável do eleitorado começou a desconfiar de que tudo não passava de um grande engodo.

A verdadeira Marina, aquela que empolgava, que lutava para legalizar a Rede, evaporou. Escafedeu-se. No seu lugar, a Marina Silva pragmática, subindo no palanque da família Bornhausen, fazendo discursos de acordo com as conveniências políticas. A Marina cheia de contradições.

O candidato do PSDB, Aécio Neves, não representa nada do que anda dizendo. Absolutamente nada. Mudar com Aécio Neves? Tenha santa paciência. É melhor acreditar na “história” da mulher de sete metros que perambulava pela rodovia Itabuna-Ilhéus.

Transcrevo para o leitor parte do artigo da sempre lúcida e inteligente Raquel Rolnik, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, sobre sua decisão de votar em Dilma no segundo turno.

dilma brasil“Há, sim, diferença entre Dilma e Aécio. Ela se situa em dois temas da maior importância: a política econômica e a forma de relacionamento com a luta social. Na economia, Dilma defende que o país vai crescer mais se a renda e o poder de consumo da população aumentar. Para isso, pratica aumento dos salários, distribuição de renda, controle dos juros e uma grande presença do Estado, investindo em infraestrutura e gastos sociais”.

“Aécio Neves, com seu projeto neoliberal, acredita que o mercado dá conta da totalidade da vida social. Cortando gastos públicos, reduzindo subsídios e aumentando os juros, o país vai atrair a confiança do capital financeiro e, assim, alavancar o crescimento econômico”.

“Essas diferenças têm repercussões na vida das pessoas que vão além do salário e da renda. Se o pressuposto – representado pela visão neoliberal de Aécio – é o de abrir mais um campo de exploração mercantil, então saneamento, habitação e transporte público não vão atender quem mais precisa, pois quem mais precisa não tem dinheiro para pagar sequer o custo do serviço. Dilma tanto sabe disso que aumentou exponencialmente os subsídios diretos nessas áreas”.

“Nos governos do PT, ilhas, brechas e espaços de interlocução foram abertos para dialogar com os setores mais excluídos da população: catadores, quilombolas, sem-terra, sem-teto e muitos outros. Se isso não foi capaz de reverter o centro das políticas, teve o efeito de apoiar experiências e afirmar a legitimidade da luta social e por direitos de cidadania plena no Brasil, ainda inconclusa. Já para o PSDB, governo deve ser território de tecnocratas e movimentos sociais são caso de polícia”.

“A radicalização da democracia exige mudanças. Tenho dúvidas se seremos capazes de fazê-las sob a liderança de Dilma, mas tenho certeza de que eleger Aécio é consolidar no poder os poderosos interesses que até agora têm impedido essas mudanças”.

A professora Raquel não poderia terminar o esclarecedor artigo sem dizer que vota em Dilma: “Por isso, meu voto no segundo turno é, sem dúvida, de Dilma Rousseff”.

O meu também. Dilma, lá!