No próximo dia 3 de março, a Fifa leva a votação  na 126ª Assembleia Geral, em Surrey (Inglaterra) o debate sobre a utilização do véu islâmico (hijab) pelas atletas muçulmanas. Em 2007, o órgão proibiu qualquer manifestação de fé em campo, mas o tema voltou à tona em função de  um pedido da Confederação Asiática de Futebol que espera que a Fifa reconsidere a posição. Para o escritor Gilberto Abrão, estudioso do mundo árabe, “quando proibiu o uso do véu pelas jogadoras muçulmanas, o Irã, onde o uso do véu é compulsório, deixou de participar das competições internacionais. Outros países muçulmanos onde o uso do véu é opcional – Egito, Síria, Jordânia, Líbano, Iraque e outros – poderão participar. Mas como incluir as jogadoras que são muçulmanas fervorosas? Elas dirão: “ou vamos de véu ou não vamos!”

Abrão afirma que  “por todo o embaraço que haveria de se criar, acredito que o bom senso vai prevalecer e a Fifa, graças aos membros asiáticos, haverá de permitir que as jogadoras muçulmanas de qualquer país possam usar o véu. O véu para a mulher muçulmana fiel aos seus preceitos religiosos é muito mais do que um simples símbolo de sua religião. Símbolos religiosos são o crucifixo, a estrela de Davi e, no caso muçulmano, o crescente. O véu ultrapassa de longe os símbolos. Para uma muçulmana praticante, usar o véu é mostrar-se uma mulher recatada e virtuosa; não usá-lo é quase como andar de calcinha e sutiã pelas ruas da cidade.

Para o ex-craque do Corinthians e atual apresentador da TV Bandeirantes, Neto, “poderia ser polêmico como quase sempre e criticar o uso do véu por jogadoras mulçumanas, mas acredito que esse tipo de situação merece um estudo mais amplo por parte da Fifa. É cultural. Um assunto que envolve religião é bem mais delicado. Por isso merece ser aprofundado. Se fosse para opinar, diria que não é legal. Até porque um véu dificultaria a visualização da atleta por parte do árbitro e até da torcida. Mas respeito muito religião e portanto abriria um debate.”