:: fev/2011
A HORA DA RENEGOCIAÇÃO
“Precisamos virar a página da renegociação das dívidas do cacau, pensar agora em diversificação da produção e agroindustrialização, promovendo o desenvolvimento e gerando renda e riquezas para a região Sul do Estado”, declarou o secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, durante reunião da Câmara Setorial do Cacau, nesta quinta-feira, 10, na Ceplac, em Ilhéus. Durante o encontro, foi constituído um mutirão – com a participação de todos os representantes da cadeia produtiva do cacau – para operacionalizar a renegociação das dívidas do maior número de cacauicultores baianos possível. Também foi eleito, como novo secretário executivo da Câmara Setorial do Cacau, Isidoro Gesteira, presidente do Sindicato Rural de Ilhéus.
Composto pela Secretaria da Agricultura, Fetag, Fetraf, Faeb, Ceplac, Polo Sindical, MAPA, outras secretarias e agentes financeiros (Desenbahia, Banco do Nordeste, Banco do Brasil), o mutirão é uma espécie de força tarefa que vai estar mobilizada até 30 de maio deste ano, o prazo dado – e não prorrogável – para os cacauicultores assinarem o termo de adesão da renegociação das dívidas.
Conforme Salles, é preciso que os cacauicultores estejam livres das dívidas para a região Sul começar a pensar em agroindustrialização e diversificação da produção. “Embora a Bahia seja um estado com grande diversidade produtiva, passou muitos anos sem promover a agroindustrialização. Nessa região, outras culturas, como a do dendê e a fruticultura, têm grande potencial produtivo”.
Na opinião de Jay Wallace a adesão à renegociação das dívidas vai ser massiva, pois as condições são favoráveis. “Os cacauicultores têm oportunidade agora de sanar as dívidas e, definitivamente, melhorar a sua condição financeira. Para isso, contam com nosso apoio e do Governo do Estado”, declarou.
Para o secretário, é preciso agregar valor aos produtos, o que vai permitir o desenvolvimento da região. Ele lembra que, recentemente, através de um esforço da Secretaria da Agricultura, foi efetivado um pedido para a China de produtos da primeira fábrica de chocolate da agricultura familiar, em Ibicaraí. “Nossos produtos têm tudo para alcançar outros mercados, temos um caminho muito grande a ser trilhado”, considerou.
Outra vitória apontada pelo secretário é a participação da Bahia no Salon Du Chocolat, já realizado em Nova York, Tóquio, Pequim, Moscou e Xangai. O Salão acontece em julho do próximo ano, nas cidades de Salvador e Ilhéus, e vai colocar a Bahia no circuito internacional do chocolate. Além disso, terá um diferencial aos demais eventos realizados em outros países, pois vai promover um fórum fechado, reunindo os maiores chocolateiros do mundo, além de visitas a fazendas de cacau.
Cada qual com sua cruz
A mãe chora a morte do filho, Isaias Lima da Cruz, o Mudo. O jovem tinha várias passagens pela polícia, sempre pela prática de pequenos furtos, para alimentar o vício no crack.
A cruz que Isaias leva no sobrenome, é a cruz de uma violência absurda, que tem a droga como causa e conseqüência.
Isaias Lima da Cruz foi o 30º. itabunense assassinado nestes primeiros 40 dias de 2011.
Sangue, morte, dor e desespero, na rotina de uma cidade sem paz.
Trinta cruzes, trinta vidas que se foram.
Tantas outras cruzes de outras tantas vidas que ainda irão, nessa explosão de crimes motivados especialmente pelo tráfico de drogas.
Chora a mãe de Isaias, choram as mães que tem seus filhos mortos ainda na juventude.
Lágrimas não têm o poder da ressurreição.
Deveriam ter o pode de causar indignação e, mais do que isso, gerar providências para conter essa escalada de violência.
Indescritível a dor de da mãe que se vê, impotente, diante do corpo do filho morto.
Cada qual com sua cruz. 30 cruzes numa cidade sombria.
Atenção: o calendário marca fevereiro de 2011

Tomam posse neste início de mês os novos deputados federais e estaduais, embora boa parte deles tenha renovado o mandato. De qualquer forma, trata-se de um novo período Legislativo, sempre cercado de expectativas que invariavelmente não se concretizam.
Mas, que se dê um novo de confiança, na esperança de que dessa vez, os nobres parlamentares justifiquem o voto que receberam dos eleitores.
No caso do Sul da Bahia, por exemplo, onde elegemos como deputados federais Geraldo Simões e Josias Gomes, além de outros que tiveram votação expressiva como Luiz Argolo e Félix Junior, espera-se que, juntamente com a bancada baiana, seja feito um trabalho efetivo para a consolidação do PAC do Cacau, a reestruturação e fortalecimento da Ceplac, a duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna e da ponte Ilhéus Pontal, a implantação de uma Universidade Federal, além da garantia do Complexo Intermodal.
São ações que darão um novo dinamismo a uma região castigada por uma crise que já dura duas décadas, com graves impactos sobre a população.
No âmbito estadual, elegemos Ângela Souza, Augusto Castro e Coronel Santana, os dois últimos por partidos de oposição, mas que certamente não usarão a Assembléia Legislativa como trincheira para atrapalhar o Governo do Estado.
Dos três deputados estaduais mais diretamente ligados à região e dos que aqui foram votação, espera-se que contribuam para que o Sul da Bahia recebam investimentos do Governo do Estado, notadamente em áreas como segurança pública e saúde, incluindo uma discussão desapaixonada e sem víeis político sobre a necessidade de estadualização do Hospital de Base Luis Eduardo Magalhães, esse monumento ao caos na saúde regional.
Enfim, é trabalhar, trabalhar, trabalhar e trabalhar.
CALENDÁRIO LUNAR
Aos deputados recém empossados ou re-empossados: o calendário ainda marca fevereiro de 2011 e portanto estamos a quase dois anos das eleições municipais de 2012.
Uma coisa é fazer confabulações, articulações ou mesmo negociações preliminares.
Outra coisa, é ter a eleição de 2012 como obsessão.
Não podemos nos dar ao luxo de perder esses dois preciosos anos por conta de uma disputa que ainda está longe.
SUA EXCELÊNCIA BATE UM BOLÃO. NA PRAIA, NA PRAIA…

DEU NO JORNAL EXTRA
“Entre o carpete da Câmara dos Deputados e a areia da praia, o recém-empossado deputado federal Romário (PSB) deu mostras de que prefere sempre a segunda opção. Nesta quinta-feira (3), por volta de 17h, enquanto transcorria a primeira sessão legislativa no Parlamento neste ano, o ex-atleta participava de um outro tipo de sessão: uma animada pelada de futevôlei na praia da Barra da Tijuca, acompanhado de amigos inseparáveis da bola.
Romário — a exemplo de muitos parlamentares — até chegou a pisar no Congresso, recebeu presença e, logo depois, pegou o avião e voltou ao seu reduto eleitoral. No caso, o Estado do Rio de Janeiro, em mais um dia de sol escaldante e muita praia.”
——————–
Nota do blog:
Ao contrário do que brada o grande filósofo contemporâneo Tiririca, pior que está, às vezes fica.
APOCALIPSE, NÃO!

Antes que os cavaleiros do apocalipse soltem fogos, uma informações precisa: a mudança de local da área do Porto Sul, de menos de dois quilômetros do projeto original, é justamente por conta da preocupação ambiental.
O projeto continua o mesmo, apenas a retroárea mudará da Ponta da Tulha para as proximidades de Barramares, onde a área já está degradada e o impacto ambiental é menor.
Uma equipe de biólogos, inclusive, está em Barramares, fazendo um levantamento preciso do local. O estudo está sendo feito a pedido do Ibama.
Mas, com certeza, ainda vão insistir na lenda dos tubarões devoradores da natureza.
UMA JUIZA DE FIBRA

Acabo de participar a gravação do programa NBlog, que vai ao ar nesta sexta-feira, às 19 horas, pela TV Cabralia/Record News.
O programa desta semana, comandado por Tom Ribeiro, debate a crise no sistema carcerário em Itabuna e a escalada do crack na região.
O programa conta com a presença deste blogueiro, do radialista Paulo Leonardo e da juíza Claudia Panetta.
A propósito da juíza, bastou um rápido contato com ela para perceber que se trata de uma pessoa séria, consciente do seu papel de magistrada e das dificuldades que encontra para atuar num judiciário repleto de grandes e pequenos vícios.
Enfim, uma guerreira, que certamente irá superar as tormentas da incompreensão, posto que combate o bom combate e luta por uma justiça efetivamente justa.
OFERENDA FUMACENTA
“Uma guarnição da 69ª Companhia Independente da Polícia Militar, em Ilhéus, cuidava na tarde desta quarta-feira, 02, da segurança no Morro de Pernambuco, onde aconteciam os festejos de Iemanjá. De repente, em meio às oferendas, os soldados avistaram uma movimentação estranha e acabaram descobrindo um ponto de venda de drogas bem no meio da festa.
Ao perceber a aproximação dos policiais, os traficantes Tiago Silva Santos e Odinei Andrade Pereira ainda tentaram escapulir, mas foram alcançados mais adiante pelas motocicletas da 69ª CIPM. Com eles, havia 18 papelotes de maconha, pequena quantia em dinheiro e uma faca”.
Não deu nem que pra alegar que era oferenda pra Rainha no Mar.
Um charuto cubano até que seria bem vindo pra Iemanjá, mas maconha também é demais também. E molhada ainda por cima!
O fim da estrada de tijolos dourados

Ronaldo, que um dia foi merecidamente chamado de Fenômeno, foi contratado pelo Corinthians como mera estratégia de marketing. Um quase ex-jogador em atividade, que passou por contusões terríveis e que levava uma vida nada condizente com a de um atleta profissional, seria mais uma chamariz para atrair patrocinadores, como de fato atraiu.
Ocorre que, contra quase todos os prognósticos, ao vestir a camisa do Corinthians, Ronaldo ousou jogar de verdade, com o que restava de seu maravilhoso talento fazendo a diferença num futebol em que os craques em seu esplendor brilham na Europa.
Com seus gols e seus momentos de brilho, Ronaldo ajudou o Corinthians a ganhar o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil. A estrada de tijolos dourados parecia infinita. Ronaldo não percebeu, mas era um muro.
Aquele era seu limite de fênix tantas vezes renascida.
Ao bater no muro e insistir em continuar, Ronaldo fez uma Copa Libertadores medíocre, coma eliminação precoce do Corinthians e dois campeonatos brasileiros meia-boca, passando mais tempo no departamento médico do que em campo.
Saiu das páginas esportivas para o noticiário mundano, com suas farras monumentais e a barriga que nem as camisas GGGGGG conseguiam esconder.
Era cruel, mas quando entrava em campo, seu time parecia jogar com dez jogadores e o adversário com doze.
Rico até a quinta geração, Ronaldo não depende do futebol. Mas, existem contratos publicitários, obrigações com empresas e a necessidade, inútil para ele, de provar que ainda pode jogar futebol.
Não pode, pelo menos o futebol de menos técnica e de mais correria que se pratica hoje.
E se havia alguma dúvida de que a estrada de tijolos dourados perdeu o brilho, ela se esvaiu na vergonhosa eliminação do Corinthians ainda na fase de pré-Libertadores, diante do colombiano Tolima, time marca bufa, que de seu ao luxo de empatar em 0x0 no Brasil e vencer por 2×0 na Colômbia.
Nesses dois jogos, Ronaldo foi apenas uma caricatura de si mesmo. Gordo, mal posicionado, errando passes fáceis, arriscando poucos chutes.
Ronaldo poderia ter parado após seu derradeiro renascimento, eternizado ao ganhar a Copa do Brasil e o Campeonato Paulista.
Quis, na ambição desmedida, romper os limites humanos.
Os deuses da bola não o perdoaram.
Melancólica a manchete de um jornal colombiano após a vitória do Tolima sobre o Corinthians:
-Livramos a Libertadores de um Gordo.
Ronaldo não merecia isso, mas paradoxalmente, fez por merecer.
Você não percebe, mas eu sou você amanhã

A cena, ocorrida num ponto de ônibus de Itabuna, é banal. Um sujeito de meia idade, bem vestido, se prepara para entrar no coletivo, quando tem sua passagem interrompida por uma mulher negra, de presumíveis 70 anos, que com dificuldade tenta descer pela porta da frente, prerrogativa que a idade lhe garante. A mulher está acompanhada pelo neto, que tenta ajudá-la a descer.
E o que faz o sujeito de meia idade?
Estende a mão para a mulher e a ampara, num gesto de civilidade e cavalheirismo?
Qual nada!
O que ele faz é dirigir, para que todos ouçam, uma série de impropérios contra a mulher, acusando-a de estar atrapalhando sua passagem e de não saber nem andar de ônibus.
A velha apenas sorri, diante de constrangimento de alguns passageiros, desce do ônibus e segue seu caminho, talvez acostumada a dissabores desse tipo.
Dentro do ônibus, o homem de meia idade, jeito de espertalhão e tirado a engraçadinho, ainda completa a grosseria:
-Velho tem mais é que ficar trancado em casa. Essa ai só anda de ônibus porque é de graça…
A cena, como já se disse, é banal, mas não deveria ser.
Ela reflete a falta de respeito para com as pessoas que chegam na idade outonal e precisam ser tratadas com carinho, atenção. Uma falta de respeito que se observa nos pontos de ônibus, nas filas de banco (apesar dos caixas preferenciais), nos hospitais e postos de saúde, na falta de acessibilidade e de espaços adequados.
Ela reflete a tremenda falta de consideração com que pessoas que trabalharam a vida toda e, na velhice, são humilhadas dentro e fora de casa, como se fossem seres imprestáveis, descartáveis.
Não são nem imprestáveis, nem descartáveis.
Ao contrário, são pessoas que podem contribuir com suas experiências de vida ou merecem desfrutar de uma velhice relativamente tranqüila, ao lado dos filhos, netos e amigos.
Uma simples grosseria num ponto de ônibus reflete uma situação inaceitável, porque ela retrata um mundo que valoriza extremamente a beleza e a juventude, como se beleza e juventude fossem eternos.
O imbecil que cometeu a grosseria com a velhinha no ônibus (símbolo de tantos imbecis que maltratam os idosos) talvez não se dê conta que dentro de alguns será ele quem precisará de ajuda até para utilizar transporte coletivo.
Nesse dia, em vez do deboche, espera-se que alguém lhe estenda as mãos, porque é assim que tem que ser.















