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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

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:: 29/out/2010 . 17:44

Domingo de decisão


Chega ao final neste domingo uma das mais acirradas eleições presidenciais desde a redemocratização do Brasil, no final da década de 80 do século passado.

As pesquisas divulgadas por institutos como o DataFolha, Ibope, Vox Populi e Sensus apontam uma vantagem média de 12 pontos em favor da candidata do PT, Dilma Roussef, sobre o candidato do PSDB, José Serra.

A folga aparente, que poderá se confirmar ou não quando as urnas forem abertas, não reflete a realidade de uma eleição em que as propostas de governo e as discussões sobre os destinos do país nos últimos quatro anos foram colocadas em segundo plano.

Esses temas, de extrema importância, deram lugar a questões que envolvem questões morais e/ou religiosas, como o aborto e a crença em Deus. Importantes, sim, mas que não deveriam ocupar o foco do debate, como ocupam até nos momentos que antecedem o pleito.

Nunca, em tempo algum, se viu uma campanha marcada por tantas baixarias, a maior parte delas protegida pelo manto do anonimato, com acusações sem provas e algumas aberrações que só encontraram ressonância pela prática da repetição exaustiva.

A internet serviu como força motriz para que boatos se espalhassem numa velocidade e numa proporção espantosas, tendo Dilma como a principal vítima.

Quando veio o segundo turno, a artilharia passou a ser mútua, e aí até as baixarias se equilibraram. Virou chumbo trocado, enquanto na campanha oficial, aquela em que tem que se manter um certo recato, o PT tocou no ponto mais sensível ao PSDB: a privatização.

Para compensar as estripulias de Erenice Guerra, vieram à público as estripulias de Paulo Preto.

Empatados no quesito “mui amigos` e reduzido o impacto da questão moral/religiosa, pode-se, enfim, ter ao menos uma réstia do que efetivamente este em jogo nessa eleição: a opção dos brasileiros entre os oito anos de FHC e os oito anos de Lula, o que de certa forma explica como, a despeito de tanta pancada, Dilma conseguiu abrir vantagem sobre Serra nessa reta final de campanha.

Domingo é dia de decisão.

Mas não é um Fla-Flu, um Palmeiras x Corinthians, um BA-VI ou um Itabuna x Colo Colo.

É o seu futuro, o futuro de sua cidade, de seu estado e de seu país que estão em jogo.

Um futuro que, democraticamente, seu voto vai ajudar a definir como será.

Retrato abandonado num corredor

Num de seus mais belos poemas, Carlos Drummond de Andrade, ao relembrar a cidade de sua infância, escreveu, num misto de saudade e melancolia, que Itabira era apenas um retrato amarelado na parede.

Em Itabuna, cidade que não tem entre suas virtudes preservar a memória de personagens que foram protagonistas de sua história, um de seus maiores empreendedores tornou-se um retrato abandonado num corredor obscuro.

Manoel Chaves foi um empreendedor no sentido exato da palavra. A partir de um pequeno negócio, à custa de muito trabalho e com visão de futuro, montou um império que se estendeu pelos ramos de produção, comercialização e industrialização de cacau, setor imobiliário, comércio, construção civil e telecomunicações.

Manoel Chaves, numa época em que muitos transformavam as riquezas do cacau em apartamentos de luxo em Salvador, Rio de Janeiro e na Europa, investiu na modernização de uma cidade que ele adotou como sua. Plantou prédios, lojas, indústrias e semeou desenvolvimento.

Quando ainda nem se falava em responsabilidade social, Manoel Chaves financiou através de suas empresas cursos de nível superior para funcionários e seus filhos e ofereceu-lhes condições para que pudessem melhorar de vida, apoiou artistas de muito talento e poucos recursos, manteve creches e colaborou com instituições beneficentes. Além disso, concedia aos colaboradores de suas empresas vantagens que iam além das leis trabalhistas. Tudo isso sem fazer alarde ou marketing pessoal.

Manoel Chaves é, seguramente, um dos principais personagens de Itabuna nesse seu primeiro século de vida. Se algum reconhecimento público ganhou, foi o nome de uma avenida no bairro São Caetano, que muitos ainda chamam pelo nome anterior, presidente Kennedy.

Merecia mais, muito mais.
Não o teve em vida porque sempre foi uma figura discreta, de mais ação e menos exposição.

Não o tem depois que faleceu, pela falta de memória da cidade.

Gente como Manoel Chaves, e também Firmino Alves, José Soares Pinheiro, JJ Seabra e outros personagens marcantes de Itabuna, deveriam merecer bustos em praças públicas, darem nome a escolas e serem lembrados às novas gerações como exemplos para uma cidade que, a despeito de todas as crises por que passou e passa, é capaz de se redescobrir e dar a volta por cima, justamente por conta dessa chama empreendedora, dessa força atávica de superar desafios.

Uma chama que Manoel Chaves simbolizou como poucos.

Manoel Chaves não merece ser apenas um retrato amarelado na parede da memória itabunense.

E, menos ainda, ser um retrato abandonado num corredor de um dos prédios que ele construiu como mostra a foto que ilustra esse texto.





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