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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

novembro 2010
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A Fazenda


“A gente passava várias semanas colhendo cacau, levando para as barcaças, ensacando, os caminhões saindo lotados para Ilhéus. Tinha um monte de gente trabalhando aqui…”

A Mata Atlântica é exuberante, o verde chega a doer nos olhos, enquanto caminhamos em meio aos cacaueiros. Amaro, o autor da frase, é administrador de uma fazenda localizada numa estrada vicinal em Pau Brasil, no Sul da Bahia.
Ou, o que restou dela.

“A gente chegou a colher três mil arrobas de cacau. Esse ano vamos colher 120 arrobas. E olha que já colhemos menos. O dono só vem aqui uma vez por ano. Ainda bem que tem outras atividades, porque o que tira daqui não paga nem os trabalhadores…”

Por “os trabalhadores”, entendam-se oito pessoas, quase todos da mesma família. A maioria ficou na fazenda por absoluta falta de opções. Amaro entre eles. Com a mulher e os filhos, cuida da pequena área de cacau e cultiva produtos de subsistência.

“O dono da fazenda fez clonagem, mas as árvores não eram resistentes e a vassoura voltou com tudo. Agora estamos tentando novos clones para ver se a produção aumenta de novo, mas nunca será como antes, isso eu sei…”

Por “antes” entenda-se duas décadas. Antes da chegada da vassoura-de-bruxa, doença que por absoluta falta de cuidados e de conhecimentos praticamente dizimou a lavoura cacaueira e que num par de anos empobreceu uma região absurdamente rica. O que Amaro sabe, o que todos já sabem, é que nunca será como antes.

“Olhe esse jacarandá, deve ter mais de cem anos. Essa árvore aqui é pau-brasil. O fazendeiro não permitiu que a gente derrubasse a mata, tá tudo conservado. Mas o cacau, a vassoura levou embora…”

Amaro acaricia os poucos frutos sadios, aponta para as plantas semi-mortas, espera que dessa vez a clonagem seja bem sucedida, para que pelo menos o cacau pague as despesas da fazenda. O receio, evidente, é que o dono tenha um limite para arcar com os prejuízos, ano após ano.

“Quanta gente foi embora e hoje eu nem sei por onda anda. A gente vai nas outras fazendas e dá pena. Muitas delas estão abandonadas, as casas depredadas, onde tinha cacau, hoje só tem mato. Tenho 50 anos, nasci e cresci nas roças de cacau. Nunca pensei que iria ver isso…”

Amaro sai da plantação de cacau e se dirige para casa, onde a mulher, também nascida e criada nas roças de cacau, serve um café ralo. A impressão é de que, ao transpor aqueles cacaueiros, deixou para trás um sonho.
Ou, um pesadelo, que insiste em atormentar o sono de Amaro e de ilhares de pessoas que esperam pelo fim de uma crise como quem espera pelo fim de uma longa noite tenebrosa.

Um dia que insiste em não amanhecer…

A rodada dos mortos-vivos


Após duas rodadas com um festival de entregas, chega-se finalmente à última rodada do Campeonato Brasileiro de 2010 com três times com chances de conquistar o título.

O maior beneficiado pelas entregas foi o Fluminense, que mesmo jogando fora de casa, ganhou do São Paulo e do Palmeiras, em partidas que os paulistas visivelmente facilitaram, para prejudicar o Corinthians.

Mas, fala-se muito na amolecida do São Paulo e do Palmeiras e pouco na amaciada do Vasco diante do Corinthians, com direito a um gol contra ridículo, para prejudicar o Flu.

Enfim, uma tabela maluca, que não previa a possibilidade de que, na reta final, um time se visse na condição de poder ajudar ou prejudicar o rival.

Ajudar?

Nem acreditando em papai noel, saci pererê e mula sem cabeça.

Dos três times que chegam a ultima rodada na briga pela taça, apenas o Cruzeiro não teve ´mãozinha´ alguma e talvez por isso mesmo seja o que tenha menos chances.

Encerrada a fase de ajudas, entra-se na fase da ironia, como se bastasse mais alguma coisa para marcar o campeonato da marmelada.

Fluminense e Corinthians vão decidir quem ganha o campeonato contra duas equipes mortas, sepultadas e condenadas à 2ª. Divisão em 2011.

Guarani e Goiás, que já estão na sepultura da bola, serão os mortos-vivos que podem fazer a sorte pender para um lado ou outro.

Jogarão sem nenhuma responsabilidade, além daquela baboseira de sair da elite do futebol com dignidade.

Que dignidade há em ser rebaixado, cara-pálida?

Serão franco-atiradores, insuflados muito provavelmente por malas cheias de dinheiro oferecidas por Fluminense e Corinthians, estímulo extra para quem não tem estímulo algum.

Ao Goiás, resta o consolo de disputar a final da Copa Sul-Americana, com chances de jogar a Libertadores em 2010. Ao Guarani, não resta nada.

A tabela do Campeonato lhes dará enterros de luxo.

O imponderável do futebol pode fazer um deles se transformar num fantasma assustador.

No lado de baixo da tabela, Vitória e Atlético decidem quem fica na 1ª. e quem cai para a 2ª. Divisão.

Nesse caso, haverá apenas um vivo.

E um morto.

Rio-Bahia


São assustadoras as imagens do clima de guerra que se instalou no Rio de Janeiro desde o início da semana.

Carros incendiados, postos policiais atacados, ruas e avenidas bloqueadas e mortos que passam da casa de duas dezenas.

A impressão que se tem é que o Rio de Janeiro está sitiado pela criminalidade, dominado pelos chefões do tráfico, refém dos bandidos altamente organizados.

Uma cidade tomada pelo terror.

As imagens são mesmo de gerar arrepios, mas se aparentemente mostram uma coisa, elas dizem exatamente outra.

O que está acontecendo no Rio de Janeiro, com toda a violência que embute ao cidadão comum, é a reação desesperada do tráfico de drogas à ação da polícia.

A partir da instalação de Unidades de Polícia Pacificadora nos morros, com a presença constante de policiais, os chefões do tráfico, que se impunham nessas comunidades pela ausência do poder público, perderam espaço.

Perda de espaço significa perda de poder, de dinheiro.

Além disso, grandes traficantes do alto da escala do comércio da droga, foram detidos e encaminhados a presídios de segurança máxima.

Encarcerados, mas não incomunicáveis, esses bandidos lançaram as ordens para os atos de violência, com o objetivo de criar pânico.

Uma tentativa de demonstrar força, quando na verdade estão desarticulados e enfraquecidos.

É como o boxeador que sabe que está perdendo a luta e parte desesperadamente para o ataque, desferindo socos a esmo.

A pronta reação policial ao terrorismo bandido mostra que a sociedade não se curvará ao crime organizado, ao tráfico de drogas.

O saldo é doloroso, mas a lei vai derrotar o crime, reagindo na mesma moeda, para que as pessoas de bem possam ter paz, ainda que a violência nunca seja extirpada totalmente.

A ação policial no Rio de Janeiro pode ter um efeito colateral: a migração de bandidos para outros estados, a Bahia incluída, onde o tráfico de drogas espalha seus tentáculos e traz como subproduto a violência desenfreada, os assaltos a bancos, os homicídios.

A Secretaria de Segurança Pública da Bahia deve ficar alerta e reagir com a mesma firmeza dos policiais cariocas. Usar a inteligência e, se necessário, a força para impedir que, num futuro próximo, a conexão Rio-Bahia se estreite.

Bandido bom é bandido longe, para não dizer outra coisa…

VAI UMA DOSE AÍ, COMPAÑERO?


Participava eu de um coquetel em Itabuna, quando resolvi jogar conversa fora com o pessoal do bufê.

Eis que me deparo com um rapaz comprando quatro garrafas vazias de Johnny Walker, a R$ 1,50 cada.

Nem deu tempo de perorar que o preço do vidro havia disparado no mercado internacional, já que um dos garçons foi logo esclarecendo:

-Eles compram pra botar uisque vagabundo e vender nas festas.

Portanto, se você que curte a ´naite´ e gosta de se exibir sorvendo um legítimo Johnny ou Chivas, enquanto os mortais vão de Nova Schin, pode estar encarando mesmo é um legítimo Old Eigth ou Drurys.

Ou uma bomba made in Paraguai.

Com direito a acordar no dia seguinte com aquele indefectível gosto de cabo de guarda chuva na boca…

GENTE COMERCIALIZANDO GENTE


No início da década de 1990, a então pacata Buerarema, cidade sulbaiana colada a Itabuna, ganhou destaque nacional.

O município funcionava como uma espécie de berçário para crianças destinadas a adoção internacional.

Eram bebês oriundos de famílias paupérrimas, condenados a uma vida dura, que seriam salvos da miséria por casais europeus, principalmente italianos.

Mas, ao contrário do que parecia, a causa não tinha nada de nobre.

O ´berçário bueraremense´ era a ponta de um negócio altamente rentável, com sede sem Itabuna, e que envolvia agenciadores, advogados, policiais e serventuários da Justiça.

As adoções eram, pelo menos do lado brasileiro, tráfico internacional de crianças, que envolvia suborno para facilitação dos processos e até falsificações de certidões de nascimento.

Há pelo menos um caso, comprovado pela Justiça, de um recém nascido que “ganhou” novos pais, um novo nome e assim teve sua adoção agilizada, seguindo para a Itália, enquanto seus pais verdadeiros imaginavam que ele estava num orfanato em Itabuna.

O esquema foi desmontado pela Justiça, refluiu a ponto de tornar-se economicamente inviável e a vida seguiu, com Buerarema de volta ao anonimato de cidadezinha quase escondida no mapa.

E eis que a cidade está de volta ao noticiário, outra vez por conta do nada ortodoxo comércio de gente.

A Polícia Federal acaba de desbaratar uma quadrilha que traficava mulheres de Buerarema para a Espanha, jovens iludidas com promessas de emprego, mas que na verdade eram encaminhas para prostituição. Quatro pessoas foram presas, três delas residentes no município e uma na Europa, esta responsável por recepcionar e encaminhar as pessoas aliciadas para o submundo do sexo pago.

Entre os presos, uma escrivã da Justiça, que operava o ´negócio´ em família. O esquema ruiu depois que uma empregada doméstica denunciou a tentativa de aliciamento à polícia.

Eis o relato de uma das vítimas: “eles oferecem para gente mil vantagens, dizem que vamos ganhar muito dinheiro, comprar carros aqui no Brasil, que podemos fazer fortuna Espanha. Mas a maioria as meninas como eu não tem dinheiro para a viagem, dai entram as aliciadoras, que oferecem o dinheiro emprestado, pagam todas as despesas, mas a dívida feita em reais se transforma em euros, triplicando o valor. Gastei 8 mil reais na viagem e tive que pagar 24 mil reais, mais as taxas que eram cobradas para gente viver nas casas de espanhóis. No final, a gente se prostituía muito e sobrava pouco. Na verdade vivemos como escravas, pois lá não podemos reclama de nada”.

Que sirva de alerta!

E que a Justiça seja rigorosa com essa gente que comercializa gente.

A MENINA QUE MARCAVA ENCONTROS


Uma menina de apenas 14 anos de idade foi flagrada por seguranças de um shopping em Itabuna, marcando encontros sexuais através da internet.

A garota utilizava uma lan house para acertar os encontros, pelos quais cobrava entre cinco e vinte reais, a depender do tipo de relação sexual solicitada pelo cliente.

A menina foi interceptada pelos seguranças do shopping quando se dirigia para um desses encontros e encaminhada a policiais militares, que a entregaram aos familiares.

O “cliente” não chegou a ser localizado e a família, envergonhada, garante que não sabia das atividades da garota, que dizia estar na escola ou na companhia dos amigos, para justificar suas ausências.

Um caso típico de prostituição infantil, que tanto se combate através de campanhas educativas, mas que lamentavelmente se tornou uma prática rotineira.

Se num shopping ou em bares/restaurantes e barracas de praia a atuação de garotas e também garotos que fazem programas sexuais é mais discreta, em alguns pontos da rodovia BR 101, que corta o Sul da Bahia, a prostituição é gritante e não raro envolve crianças de 10, 12 anos, empurradas para o mercado do sexo (com toda a violência que ele embute) por absoluta falta de perspectivas e não raro com a discreta anuência da família.

Centenas, milhares de crianças e adolescentes que tem a infância roubada, marcada por traumas e violências que carregarão por toda a vida.

No caso da menina que marcava encontros no shopping, apesar do absurdo da sua situação, pode-se dizer que teve sorte.

Explica-se: na mesma semana em que ela foi flagrada agendando programas pela internet, duas adolescentes de Salvador, uma de 15 e outra de 13 anos, moradoras de um bairro pobre, foram atraídas, também através de contatos pela internet, para o que supostamente seria uma oportunidade de mudar de vida.

Fugiram de casa, deixando bilhetes dizendo que estariam bem.

Dois dias depois, culminando uma série de pedidos de dinheiro para libertá-las (dinheiro que as famílias obviamente não dispunham) e gritos desesperados das garotas pedindo socorro pelo celular, elas foram encontradas num matagal.

As duas barbaramente retalhadas à faca e decapitadas.

Um pouco mais de atenção com o que os filhos fazem (incluindo o que fazem na internet) longe de ser uma intromissão ou opressão familiar, pode fazer uma diferença imensa, num mundo que desconhece limites para a brutalidade.

Antes pecar por excesso do que por omissão.

O chavão é óbvio, a necessidade de que ele seja colocado em prática, também.

A mídia pistoleira e o terceiro turno


Dilma Rousseff combateu a ditadura militar, um regime que nas décadas de 60 e 70 do século passado suprimiu as liberdades democráticas e ampliou o fosso que separava os poucos muito ricos dos muitos muito pobres.

Dilma Rousseff integrou grupos de resistência que combateram o regime militar.

Era uma época em que não se podia enfrentar com flores os canhões da ditadura feroz . Era, enfim, uma guerra.

Dilma Roussef foi presa, barbaramente torturada e teve mais sorte do que muitos de seus companheiros de luta: sobreviveu.

Sobreviver era quase um milagre para quem caia nas garras do DOPS, do DOI-CODI, símbolos da ferocidade animalesca que brotou no lado mais sombrio do regime.

Sob tortura (e tortura é algo indescritível, só quem a sofre sabe a dor física e psicológica que ela representa), Dilma prestou depoimento aos militares, onde disse o que poderia dizer e talvez o que não pudesse ser dito.

Tudo devidamente registrado para a posteridade, obviamente que pela ótica dos torturadores e do regime a que eles serviram com zelo.

A ditadura militar, muito por conta dos que lutaram contra ela, ruiu de podre, deixando um legado de terror e podridão.

Dilma Rousseff saiu da cadeia e foi refazer a sua vida.

Por uma dessas ironias da História, viu-se guindada à condição de candidata a presidente da República, ungida pelo mais popular de todos os presidentes brasileiros em todos os tempos.

Durante a campanha, numa espécie de ´remake´ dos porões, Dilma Rousseff enfrentou uma campanha de boatos e baixarias sem precedentes no período pós-remecrotização.

Enfrentou, também, uma campanha avassaladora de uma parte da mídia contra a sua candidatura.

Veículos como a Rede Globo, O Globo, Veja, Folha de São Paulo e Estado de São Paulo deixaram a imparcialidade de lado e apoiaram claramente o candidato do PSDB, José Serra.
Nessa cruzada da mídia pistoleira, fabricaram escândalos,
superdimensionaram denuncias e Dilma foi satanizada como se simbolizasse todos os males do universo.

Recorreram-se aos porões da ditadura para mostrar que por trás da Mãe do PAC, além da devoradora de criancinhas, defensora do casamento entre pessoas do mesmo sexo e perseguidora de igrejas, Dilma também foi a terrorista sanguinária, que matou e assaltou bancos para implantar o comunismo no Brasil.

Contra essa parcela da mídia que se acha dona da opinião pública brasileira (quanta pretensão!), Dilma ganhou a eleição, tornando-se a primeira mulher eleita presidente do Brasil.

Ânimos serenados?

Qual nada, numa espécie de ´vinditta´ e em busca de um hipotético (e ridículo) terceiro turno, a mídia pistoleira ainda insiste na criação de uma Dilma guerrilheira, a partir de informações obtidas seu processo durante o regime militar, que só agora, depois das eleições, começa a ser divulgado.

Perde-se o timing (já que o efeito eleitoral agora é zero), mas não se perde a vergonha, nem a intenção de transformar Dilma Rousseff em refém de um passado que, em vez de denegri-la, a engrandece.

Dilma Rousseff e essa brava gente brasileira são maiores do que essa mídia pistoleira que a cada dia se apequena mais.

E, cega pelo ódio, rancor e preconceito, atira no próprio pé.

São Paulo delivery (faz, Fred, faz…)


No Brasileirão de 2009, São Paulo, Flamengo e Inter disputavam o título ponto a ponto.

O Flamengo foi jogar com o Corinthians em Campinas e para não permitir que o rival chegasse ao heptacampeonato, o time alvinegro praticamente entregou o jogo aos cariocas, com direito a Ronaldo simulando contusão no início da partida e o goleiro Felipe virando as costas numa cobrança de pênalti.

Marmelada da melhor qualidade.

O Flamengo acabou ficando com o título e Ronaldo ainda fez graça, dizendo que também se considerava campeão.

Na reta final do Brasileirão de 2010, com Fluminense, Corinthians e Cruzeiro brigando pela taça, o São Paulo se viu na condição de “retribuir a gentileza”.

Era só complicar a vida do Fluminense na partida disputada em Barueri, no quintal da capital paulista.

Complicar o que?

Enquanto em Salvador o Corinthians sofria para segurar o Vitória, que luta desesperadamente contra o rebaixamento, o São Paulo assistia ao Fluminense jogar, enquanto sua torcida gritava “entrega, entrega”.

O Flu fez 1×0, teve a chance de fazer dois, três, mas num lance fortuito o São Paulo empatou.

Com o jogo em Salvador também estava 1×1, o Corinthians mantinha a liderança.

Aí, por mais que os jogadores neguem, surgiu o São Paulo Delivery, que entregou com zelo e eficiência.

Com dois jogadores expulsos, o tricolor paulista virou presa fácil para o tricolor carioca que fez 2×1 e logo em seguida fez 3×1, numa bola que o goleiro Rogério Ceni rebateu nos pés de Fred, como quem diz “faz, Fred, faz…”.

No final, ficou no 4×1, já que se é pra ser marmelada, que seja tamanho família.

Em Salvador, com Ronaldo dessa vez se machucando de verdade, o Corinthians ficou mesmo no empate.

O Flu retomou a liderança e está com uma das mãos na taça. Ou alguém acredita que o Palmeiras, próximo adversário do time carioca, vai fazer alguma coisa para ajudar o arqui-rival?

O Corinthians vai poder reclamar?

Não, não vai.

Nada como um campeonato após o outro.

Olha ele aí, de volta


Entra ano, sai ano e como todo ano, basta o verão dar as caras, e ele, que nunca foi embora, reaparece com força total.

Com tanta força que, a exemplo de anos anteriores, Itabuna e Ilhéus, estão ameaçadas por uma epidemia de dengue.

Vá lá que o aedes aegypt, o mosquito transmissor da doença, seja resistente e insistente.

Mas, o mérito não é necessariamente do mosquito que tem dado a Itabuna títulos sequenciais nada honrosos de campeã brasileira de incidência da dengue e deixado Ilhéus em posições igualmente desonrosas.

O mérito (ou seria a culpa?) é da falta de prevenção, da adoção de medidas relativamente simples que poderiam reduzir sensivelmente os focos do aedes.

Um misto de falta de consciência por parte da população e de ausência ações eficientes e permanentes do poder público.

Falta de consciência de um lado, incompetência do outro e o mosquito encontra o terreno fértil e generoso para se proliferar e depois, com suas picadas, transformar a dengue em epidemia, fazendo milhares de vítimas, algumas delas fatais.

O absurdo é que se trata da crônica de uma epidemia repetidamente anunciada.

Sabe-se, com antecedência, que ela vai acontecer, e nada é feito para evitá-la.

As campanhas educativas acabam tornando-se ineficazes, sem efeito algum. É como se as pessoas acreditassem que passada a epidemia recente, os milhões de aedes aegypts embarcassem num disco voador e fossem para outra galáxia.

Mas eles continuam aqui, à espera do próximo e inevitável ataque.

Com a porta, perdão, as caixas d´água, vasos, garrafas pet e pneus arrombados, anuncia-se agora uma ação emergencial que atende pelo pomposo nome de Projeto de Mobilização Social e Controle da Dengue.

O projeto tem até um slogan de efeito: “Atitude: Bahia Unidas Contra a Dengue”.

Na prática, é a tentativa evitar que a epidemia de dengue tome proporções bíblicas, a velha mania brasileira de remediar em vez de prevenir.

Remédio amargo, para as vítimas potenciais do aedes aegypt, mas que pelo menos haja envolvimento de todos, porque não dá para ficar de braços cruzados enquanto o mosquito bate as asas.

Um dia a gente aprende.

Só não pode ser do dia do popular (especialmente para os políticos, devotos fidelíssimos) São Nunca.

UM RIO QUE AGONIZA


Esqueçam os poemas, as canções, os quadros.

Esqueçam os artistas que, cada qual com sua arte, o eternizaram.

Esqueçam o passado.

E, muito provavelmente, esqueçam o futuro.

Porque não há futuro diante de uma morte tantas e tantas vezes anunciada.

O Rio Cachoeira, dos poemas, das canções e dos quadros, agoniza.

O Rio Cachoeira, de passado glorioso e de inglório presente, está às portas da morte.

Assassinado por aqueles que deveriam preservá-lo.

Poemas, canções e quadros podem exaltar belezas, mas não salvam rios.

Não salvaram o Rio Cachoeira.

Porque a salvação do Rio Cachoeira depende de ação, quando o que se verifica na realidade é a completa omissão.

Sobram promessas e escasseiam realizações que possam evitar o fim eminente.

A morte do Rio Cachoeira, tantas vezes anunciada até como maneira de alertar as pessoas, agora parece inexorável.

Porque cada dia que passa é um dia a menos num processo de salvação que não chega nunca.

O Cachoeira hoje é um rio fétido, sujo, quase um insulto à natureza, ela que foi tão generosa a ponto de dar a Itabuna um rio caudaloso, de águas vibrantes, como a cidade que ele viu nascer, um século atrás.

O rio que era orgulho, agora se transformou em vergonha, não por sua própria culpa, por culpa dos que, durante décadas, o maltrataram.

Seu leito tornou-se um canal de esgotos, suas margens transformaram-se em depósito de lixo.

As garças ainda resistem, mas já dividem espaço com os urubus.
O rio vivo é cada vez mais um rio sem vida, triste legado às novas gerações.

A cidade assiste, impassível, a morte de um rio que a viu nascer e crescer.

Como se a morte de um rio fosse um processo natural, inexorável.

Não é.

Porque o que está ocorrendo com o Rio Cachoeira não tem nada de natural.

É um assassinato.

Frio, cruel e desumano.

Salvemos o Cachoeira.

Se é que ainda há tempo para isso…





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