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Com o equilíbrio na disputa pela presidência da República, revelado nas recentes pesquisas de intenção de voto, a tendência é que o acirramento entre Dilma Roussef e José Serra jogue a campanha num lamaçal sem precedentes no período pós-redemocratização do país.
É fato que nos últimos dias, depois de tanto sofrer com as baixarias e a boataria que evitaram a vitória da petista no 1º. Turno, seus partidários resolveram reagir e jogar o mesmo jogo; enfim, partir para o vale tudo.
Um jogo bruto, pesado, jogado nessa teia incontrolável e muitas vezes anônima que é a internet, onde a verdade pode passar a anos luz de distância e a mentira impera soberana.
Vai daí que, nesse chumbo trocado, biografias estão sendo destroçadas, histórias reescritas ao sabor das conveniências e acusações feitas sem qualquer prova. O importante é reverberar a denuncia ou a acusação do momento, de forma que ela se espalhe, ganhe tons de verdade absoluta e -objetivo final- faça o estrago necessário no adversário.
E, já que botaram Deus no meio no momento em que a religião se tornou o foco principal da campanha, liberou geral e aí, onde passa um santo passa um céu e (principalmente) um inferno inteiro, entrou a filha, o neto, a amante e a esposa. Ainda não botaram a santa mãezinha no meio, mas a julgar pelo tom desse “debate” é só uma questão de tempo e oportunidade, nestas duas semanas que restam para o dia da votação.
Não deveria e nem poderia ser assim, pois o que está em jogo não é acreditar ou não em Deus, apoiar ou não o aborto e a união civil entre pessoas do mesmo sexo, mas o futuro do Brasil nos próximos anos e décadas.
Parece até que estamos numa república fundamentalista, que Dilma e Serra estão disputando a presidência do Irã e não do Brasil.
O que deveria ser um debate em torno de projetos para o país, um embate de idéias e até mesmo um comparativo entre dois modelos de governo já testados e conhecidos; descamba para a baixaria sem limites.
A eleição se transforma numa suposta batalha entre o bem e o mal, como se fosse possível definir claramente quem é lobo e quem é cordeiro. Não raro, o lobo é justamente quem posa de cordeiro.
De Dilma, pode se dar o desconto de que não foi ela quem começou a baixaria, que seus partidários apenas responderam, quando essa pareceu a única saída para evitar a sangria.
O fato, lamentável, é que num país que almeja se consolidar como uma nação desenvolvida, estamos diante de uma eleição em que o vencedor pode não ser aquele que apresentou o maior projeto, mas o que revelou maior capacidade de destruir o adversário, de dissimular e de disseminar mentiras.
Tirem as crianças da televisão e principalmente da internet. O conteúdo é impróprio para menores de 18 anos.