:: 24/nov/2009 . 18:10
Mais um título de (in)glória
Não bastasse a confirmação do tricampeonato brasileiro de incidência de dengue, Itabuna acaba de conquistar mais um título que nada tem de glorioso, muito pelo contrário, constitui-se numa vergonha.
O Ministério da Justiça e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública acabam de divulgar um relatório que revela o índice de exposição dos jovens à violência.
O estudo foi realizado em 266 cidades brasileiras com população acima de 100 mil habitantes e, a partir de um Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência, leva em conta cinco indicadores: homicídios, acidentes de trânsito, emprego ou frequência na escola, pobreza e desigualdade.
Itabuna, cidade que inicia os preparativos para festejar em 2010 seus 100 anos de emancipação, dona de uma história de superação e empreendedorismo, aparece em primeiro lugar no Brasil entre as cidades em que os jovens estão mais expostos à violência.
Itabuna está no topo da lista com 0.577 de Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência, à frente de cidades como Marabá, Foz do Iguaçú, Camaçari, Governador Valadares e Cabo de Santo Agostinho.
O índice de homicídios em Itabuna entre os jovens é de 0.637, o de desemprego de 0.456, o de acidentes de trânsito é 0.567, o de pobreza ou frequência escolar é de 0.551, e o de desigualdade é de 0.678.
Não se deve brigar com números, ainda que eles possam ser vistos sob a ótica e o interesse de cada um, nem se pode ignorar a gravidade da situação em que se encontra a juventude itabunense.
Para isso, nem é preciso recorrer à estatística.
Trata-se de uma realidade visível, na violência gerada pelo consumo e tráfico de drogas, na explosão da criminalidade, na ausência de emprego e na falta de acesso a um ensino público de qualidade; em todos os casos, o jovem aparecendo como ator principal.
E, lamentavelmente, como a principal vítima.
Basta uma passada pelas páginas polícias dos jornais, pelas imagens dos casos de violência exibidos na televisão.
É o jovem, em sua maioria, quem aparece cometendo crimes, sendo assassinado, envolvido em acidentes de trânsito ou padecendo com a falta de emprego, até ser empurrado para a criminalidade.
Não é o caso de se caçar bruxas, buscar culpados, fazer exploração política de uma tragédia cuja responsabilidade é de todos, do poder público à sociedade organizada.
É o caso, a exemplo de outras tragédias como e iminente epedemia de dengue que se avizinha, de se promover uma ampla mobilização, de iniciar um trabalho que só trará resultados a médio e longo prazos, mas que precisa ser feito com urgência.
Sempre se disse, em tom de ufanismo, que a juventude é o futuro de uma nação, como é o futuro de uma cidade.
Está na hora, portanto, de definir que tipo de futuro nós queremos para Itabuna.
Uma cidade que deixa a sua juventude exposta à violência a à exclusão social é uma cidade sem futuro.
BOLA DE CRISTAL
Penúltima rodada do Campeonato Brasileiro.
Bola de cristal à mão: em Goiânia, o São Paulo perde do Goiás; em Campinas, o Flamengo empata com o Corinthians; em Recife, o Internacional ganha do Sport; e em São Paulo, o Palmeiras ganha do Atlético Mineiro.
Nenhum dos resultados chegaria a ser assim tão surpreendente ainda majs num campeonato marcado por altos e baixos.
Com essas quatro combinações, São Paulo, Flamengo, Palmeiras e Inter chegariam à última rodada com 62 pontos ganhos.
Os quatro brigando por um título que pode mudar de mãos num detalhe.
Querem mais emoção do que isso?
E ainda há quem condene a fórmula dos pontos corridos, dizendo que falta justamente emoção.
Ou, para não deixar muito explícito, que no final o São Paulo sempre fica com o título, o que não deixa de ter lá o seu fundo de verdade.
Mas, nessa sua versão 2009, independente de quem levante a taça daqui a duas semanas, sobra emoção para várias torcidas, inclusive as daqueles times que ficaram pelo meio do caminho, como Atlético e Cruzeiro, que talvez pela inexistência de mar em Minas, morreram antes de chegarem à praia.
Dos quatro que disputam o título, o único que depende apenas das próprias forças é o São Paulo, que será campeão se fizer o dever de casa e vencer o Goiás e o Sport. A derrota para o Botafogo entra na cota da gordura que ainda tinha para queimar. Acabou.
O Flamengo, time da mais impressionante reação do Brasileiro (sem contar o Fluminense, mas este luta para não cair para a série B), teve a faca, o queijo, a boca e sua formidável torcida para virar a semana na liderança, mas ficou no 0x0 diante de um Maracanã lotado, que foi da euforia à decepção.
O Inter é o time que vai do céu ao inferno de uma rodada a outra. Quando parece que vai embalar, perde feio; quando dá impressão de estar morto, ressurge. Numa dessas, o título lhe cai no colo.
O Palmeiras foi o time que, umas oito rodadas atrás, tinha o título nas mãos e deixou escorregar. Era a taça mais fácil de sua vida, que agora só vem por um milagre, coisa que no futebol não é tão raro assim. Mas, dos quatro postulantes, é o que anda com os nervos em frangalhos, o que pesa numa reta final.
A emoção rodada a rodada, a oscilação freqüente no grupo dos que freqüentam as primeiras colocações e a luta de sangue pelo rebaixamento mostram o acerto do sistema de pontos corridos, onde ganha o título o time de maior regularidade.
Ah, a próxima roda também pode definir o São Paulo como hepta/tetra campeão brasileiro, desde que o tricolor ganhe e os demais rivais não vençam.
Difícil, mas se ocorrer, o problema não está necessariamente na fórmula, mas na incapacidade dos rivais em disputar um campeonato longo e que exige elenco e planejamento.
Aí, é mandar o São Paulo, com sua frieza de boxeador letal, disputar o Campeonato Alemão.
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