:: 28/nov/2009 . 9:15
Em nome de Deus, parem!
O padre José Carlos Lima dedicou boa parte de sua vida a um trabalho edificante: recuperar e ressocializar adolescentes que cometeram ato infracional.
Através da Fundação Reconto, semente plantada em Canavieiras e que frutificou em unidades em Ilhéus, Itabuna, Eunápolis, Porto Seguro e Teixeira de Freitas; permitiu que centenas de adolescentes deixassem de ser encaminhados para instituições em Salvador, que em vez de recuperar, funcionavam quase como escolas do crime.
A aplicação das chamadas medidas socioeducativas, determinadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, tiveram no padre José Carlos um entusiasta incansável, a ponto da experiência da Fundação Reconto ser levada a outras regiões do Estado.
São inúmeros os casos de adolescentes que, atendidos pela Fundação Reconto, voltaram aos estudos, aprenderam uma profissão e hoje estão inseridos no convívio social.
O padre José Carlos Lima era também um religioso querido pelos fiéis das paróquias por onde passou: Itabuna, Potiraguá, Canavieiras e Buerarema, onde estava atualmente.
Uma pessoa alegre, com um jeito especial de pregar a palavra de Deus. Um ser humano solidário, na sua fé e no seu compromisso social com as pessoas mais humildes.
Padre José Carlos tinha uma vida inteira pela frente.
Tinha.
Numa manhã de sol de sexta-feira igual a tantas outras sextas-feiras, o destino do padre José Carlos bateu de frente com um caminhão.
Vamos eximir aqui o destino de qualquer culpa.
O carro que o padre José Carlos dirigia bateu de frente com um caminhão que transportava madeira, num trecho da rodovia BR 101 entre Itabuna e Buerarema.
A violência do choque foi tamanha que o caminhão tombou.
O padre morreu na hora.
Mais uma vítima, entre as tantas vítimas diárias, de um trânsito violento, que mata mais do que a mais sangrenta das guerras.
Com a pista em ótimas condições, tudo leva a crer que o acidente foi provocado pela imprudência.
Uma imprudência que mata e espalha feridos aos borbotões, muitos deles incapacitados para sempre.
É inadmissível que, a despeito de tantas vítimas, as pessoas não se conscientizem de que o carro não é uma arma letal, que é preciso dirigir com prudência, respeitando as leis de trânsito e evitando riscos que, em muitos casos, se tornam fatais.
A vida, esse dom precioso e nem sempre valorizado, não pode nem deve esvair-se dessa maneira, gerando dor e tristeza entre familiares e amigos.
Em nome de Deus, parem!
- 1