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O sonho de 10 entre 10 estudantes que fazem o Exame Nacional do Ensino Médio, (Enem) é alcançar pontuação que permita cursar uma universidade pública. Com os internos do sistema prisional não é diferente, porém conquistas como essa, quando ocorrem, possuem talvez um significado a mais. Aqueles internos e egressos que se dedicam a prestar exames, seja vestibular ou mesmo o Enem, sonham não apenas em ingressar no ensino superior, mas também emitem um sinal de que pretendem refazer suas vidas por meio da educação.

pisit-1-1Este ano, dois internos do Conjunto Penal de Itabuna lograram alcançar esses resultados. Um conseguiu pontuação para ingresso na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), enquanto outra, para a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Ambos fizeram o Enem nas dependências do presídio, orientados pelos professores do Ensino Médio que lecionam ali, no Colégio Estadual de Itabuna (CEI).

Eles também participaram da aula-show preparatória, realizada às vésperas do Enem, com os educadores Rute Praxedes (letras/Espanhol, colaboradora do CPI) e Pisit Mota (humorista e professor). O setor de Educação do CPI é coordenado pela empresa Socializa – Soluções em Gestão, que operacionaliza a unidade prisional.

Sonhos

A saga para ingressar no ensino superior dos dois internos é o retrato do que é a vida daqueles que lutam para se reintegrar à sociedade. Avanços e recuos são a rotina. Um dos internos, apesar da ótima pontuação, sequer chegou a se matricular, uma vez que seu regime de pena (fechado), não permitiria a saída diária para os estudos.

Já a outra, conseguiu avançar mais, mas também teve que adiar seus sonhos. Após o Enem, recebeu o alvará de soltura e conseguiu se matricular na Uesc, em um curso muito concorrido. Porém, também não seguirá no curso que se matriculou, por ser de tempo integral (em dois turnos), e ela precisa trabalhar para reconstruir a vida.

A solução foi usar a nota do Enem para obter um bom desconto e se matricular em uma faculdade particular da região, em um curso igualmente valorizado. Hoje é estudante e disse, em contato com o Serviço Social do Conjunto Penal de Itabuna, que a Educação a que teve acesso na prisão muito contribuiu para suas vitórias.

No fim das contas, a mensagem deixada pelo arte-educador Pisit Mota, durante a aula-show em dezembro de 2019, fazem todo sentido: “Tenho certeza que teremos alguns aprovados. Mas, só de participar de uma prova dessas, isso já é uma grande vitória. Se formos observar quantas pessoas gostariam de fazer as provas do Enem, porém sequer conseguiram a inscrição. Vocês já são vencedores”, afirmou, sob aplausos.