:: ‘Uma triste realidade chamada feminicídio’
Uma triste realidade chamada feminicídio
Elen Prince
Feminicídio é o assassinato cuja motivação, envolve o fato da vítima ser mulher. Infelizmente essa é uma realidade que vivemos todos os dias, não só no Brasil, mas no mundo inteiro. O termo “feminicídio” surgiu nos anos 70, e somente nos anos 2000 ele se fortaleceu, após muita luta para que esse tipo de crime específico fosse reconhecido como tal. Ele possui características específicas. Seja porque um ex-namorado não aceita o fim do relacionamento, o marido em uma crise de ciúmes se sente desonrado, enfim, situações que se caracterizam pelo sentimento de controle do homem para com a mulher. O feminicídio não ocorre, por exemplo, porque uma mulher reagiu a um assalto.
Esse crime normalmente é precedido por violência sexual, psicológica, física, ou qualquer outra que afete diretamente a dignidade da vítima. Parte do princípio do homem se sentir dono da mulher, fazendo ligação direta com o patriarcado, onde o homem é o ser dominante sobre todas as outras categorias sociais. O feminicídio é o ato final do ciclo de violências sofrido pelas mulheres. Isso é reflexo da cultura machista impregnada na sociedade, onde a maioria ainda acredita que o homem é superior, dominador, dono da mulher, e culturalmente falando, ainda existe um ar de normalidade distorcido nisso. A sociedade ainda tenta passar a imagem que o homem é o líder dominador, e a mulher automaticamente tem que se submeter a ele. No Brasil, o cenário que mais preocupa é o do feminicídio cometido por parceiro íntimo, em contexto de violência doméstica e familiar.
Dentro desse processo, a misoginia também se contextualiza. Nesse âmbito de violência doméstica e familiar, a vítima passa por alguns processos até que a fatalidade final se conclua. Ela sofre diversas agressões, e muitas vezes, não tem força suficiente pra lutar contra isso. Para a mulher, esse é um processo extremamente doloroso, perceber que o homem que ela ama, que ela sonha em dividir a vida, é capaz de lhe fazer mal. Isso contribui para que a mesma escolha na maioria das vezes, aceitar essas situações, acreditando que esse homem possa mudar, acreditando que não é capaz de viver sem ele, por não ter estrutura financeira para se reerguer.
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