:: ‘Margarida Fahel’
A Casa da Esperança não era Verde
O terceiro romance de de Margarida Fahel, , A CASA DA ESPERANÇA NÃO ERA VERDE (Via Litterarum, 2021), segue trilha aberta por NAS DOBRAS DO TEMPO (Mondrongo,
2015) e ENTRE MARGENS (Via Litterarum, 2018). Três romances, a mesma pegada. Há traços marcantes em comum, destacando-se a presença forte da mulher, neste
último, por exemplo, na figura de mãe, filha, avó e bisavó – elo intergeracional. A
mulher, com seus dramas e trajetórias de vida, ocupa uma posição de protagonismo,
não apenas relevante, mas principal. Em todos os três romances, histórias de vida
marcadas pelo sentimento de Humanidade, na perspectiva feminina. Neste último,
comove a determinação firme de Julieta: “Ele não teria um filho para chamar de seu.
Suas léguas de terra, seus milhares de cacaueiros, seu dinheiro no banco, nada, nada
me prenderia ali. Daquela fazenda, daquela casa, apenas lembrança gravada a faca
naquela lápide, aos pés das dálias vermelhas” (Página 127).
Um outro aspecto diz respeito à narrativa em si. Também neste romance, a autora faz perguntas ao leitor, muitas, como quem busca cumplicidade. E, por vezes, se dirige de forma direta: “Tudo eram flores e festas e alegria. E ilusão, digo eu, que conto esta história” (Página 112). Ou ainda, “Só nós, eu que lhes conto esta história, e você, leitor atento, sabemos que era ele, sim, o menino entregue àquele orfanato onde fora criado por Madre Alzira, no velho bairro de Nazaré, na então chamada Cidade da Bahia” (Página 79), referindo-se à busca de Laura por Olavo. E a história – em rigor,
várias histórias – vai se abrindo, descortinando-se ao longo dos quase 30 capítulos, em que fatos e personagens vão surgindo e urdindo-a.
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