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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

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:: ‘Academia Brasileira de Letras’

Um indígena na Academia Brasileira de Letras: Ailton Krenak

Efson Lima

 

A eleição de Ailton Krenak para compor o quadro da Academia Brasileira de Letras (ABL) não é só uma vitória individual, mas também sintetiza o desejo coletivo do Brasil diverso e que tem como desafio respeitar os povos originários. A notícia da escolha do poeta indígena, ambientalista e filósofo para a cadeira n,º 05, da ABL, também é simbólica em razão de um país que discute o marco temporal para a demarcação de terras indígenas e quilombolas, cuja tese vitoriosa no STF abriu uma aparente crise institucional com o Congresso Nacional.

A  vitória de Ailton Krenak  para a Casa de Machado de Assis é histórica, pois,  523 anos após à chegada dos portugueses as terras brasis, verifica-se  a aprovação de um indígena para o salão mais prestigiado da cultura nacional, cuja instituição tem no seu estatuto fundante defender a língua nacional. Portanto, acolher um representante dos povos originários é aparentemente um pequeno passo ( certamente histórico), mas, representa um triunfo para que a língua brasileira não possa ser compreendida somente pelo viés do “português europeu”, mas de uma construção coletiva de indígenas,  negros e de uma sociedade plural com diferentes contextos sociais no Brasil profundo.

Não é fácil conviver em uma academia de letras, afinal, trata-se de um ambiente que parece ser destinado ao conservadorismo e, aumenta, quando o intelectual está diante da centenária ABL, por sinal,  a mais prestigiada instituição brasileira da cultura nacional. E assim cada morte de um imortal e cada processo eleitoral para ocupar a vaga aberta, redundantemente, ocupam páginas de jornais, grades de televisões  e rádios. As redes sociais rapidamente são tomadas por mensagens de saudades em relação aos que falecem ou de comentários em face da nova escolha. De todo modo, o imortal Ailton Krenak chegará com algumas experimentações, pois, a Academia de Letras de Minas Gerais já tinha o elevado à condição de imortal em março de 2023.

O filósofo é autor de uma trilogia composta por “ Ideias  para adiar o Fim do Mundo”, A vida não é útil”  e o “Futuro Ancestral”, cujas obras refletem sobre os ensinamentos indígenas e a relação com a natureza. De forma acessível e com linguagem  linear o intelectual contribuiu para impulsionar as cosmogonias indígenas no Brasil.

O primeiro indígena  a ingressar na ABL, Ailton Krenak, levará muitos desafios, entretanto, ele honrará a memória de milhões de indígenas exterminados em terras brasileiras e estará a enaltecer milhares de indígenas vivos que lutam diariamente pela proteção de seus territórios, a preservação ambiental,  a valorização de suas respetivas identidades e da cultura, assim como a segurança  alimentar: não podemos nos esquecer das imagens dos yanomamis famintos e em péssimas condições de saúde que alcançavam os nossos olhares.

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Quem são das “letras”? Maria Bethânia e Fernanda Montenegro. A polissemia das palavras.

Efson Lima

 

efson limaA inscrição de Fernanda Montenegro para compor o quadro da Academia Brasileira de Letras tem gerado um debate interessante na sociedade brasileira. A pergunta “quem é das letras” surge repentinamente. Não obstante, o tema adquiriu maior relevância em terras baianas com a escolha de Maria Bethânia, na segunda-feira última (11/10) para compor a Academia de Letras da Bahia, cuja instituição já ultrapassou o centenário.

 

 

 
Na semana passada, uma figura pública baiana em diálogo comigo, informava que havia recusado o convite para pertencer a uma determinada Academia de Letras na Bahia. A pessoa não se sentia à vontade, pois, mesmo com publicações em periódicos não se encaixava no conceito das artes e das letras. Refutei, pois, o currículo da pessoa o credencia para as mais diferentes funções. Além de inteligente, uma figura humana dedicada ao que faz e exemplar gestora.

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De fato, a polêmica surge se mantivermos preso ao conceito estrito “letras”, mas essa não é o que preconiza os objetivos e as finalidades dessas Casas literárias. O termo deve ser compreendido no sentido amplo. Turva-se também , pois, muitos veem o termo “arte” como sendo inerente apenas das atividades artísticas. Em uma sociedade em que se debate os conceitos de “criatividade” e “inovação” tardiamente justifica a confusão, mas não permite a nossa caminhada enquanto estratégia de desenvolvimento.

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Surgem também outras polêmicas necessárias no caso da eleição de Fernanda Montenegro para Academia Brasileira de Letras, pois, a consideram uma mulher branca e de classe média alta. Recuperam rapidamente a figura de Conceição Evaristo, uma mulher destacada na literatura, mas segundo alguns foi defenestrada no processo eleitoral por razões raciais entre outras querelas. Considero uma injustiça à autora, pois, esquecem de destacar o currículo do concorrente: Cacá Diegues. Não avançarei nessa polêmica, quase todas as críticas levantadas são válidas, mas não podemos analisar somente a fotografia do momento sem considerar a série histórica de fotografias e o processo histórico de quem é fotografado e de quem fotografa. De fato, o tecido social brasileiro ainda não está representado em diversos espaços.

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