A poesia e a ciência
Daniel Thame
A eleição de Cristiano Ronaldo como o melhor jogador do mundo, o The Best da FIFA, não surpreendeu ninguém.
O português foi protagonista na conquista da Eurocopa por seu país e de mais uma Liga dos Campeões pelo Real Madrid, que de sobremesa ainda ganhou o Mundial da FIFA no Japão.
Títulos contam, e contam muito, na escolha do melhor do mundo. Além disso, a fase de Cristiano Ronaldo foi esplendorosa na temporada europeia.
A conquista do prêmio rendeu também uma polêmica: Cristiano Ronaldo é melhor do que Messi, argentino do Barcelona, recordista em premiações de Melhor do Mundo?
Messi e Cristiano Ronaldo vem se revezando há anos nessa disputa, sem que surja um rival à altura, que vá além do terceiro lugar.
Não, Cristiano Ronaldo não é melhor que Messi. Ponto Final.
Mas, se tem alguém que pode rivalizar com o gênio argentino é esse monstro português, que merece o adjetivo fenômeno tal qual seu xará brasileiro, o Ronaldo.
Um cronista, num raro surto de inspiração, definiu magistralmente os dois estilos.
Messi é a poesia, Cristiano Ronaldo é a ciência.
Baixinho e mirrado, pelos padrões do futebol, Messi é a técnica por excelência, a arte do improviso, capaz de produzir gols de antologia (que para ele parecem de uma simplicidade franciscana) e jogadas de pura magia.
Forte, alto, Cristiano Ronaldo é a força física, o triunfo da obstinação em superar limites, a produção de gols em profusão, estraçalhando recordes. É a arma letal, que fulmina sem dó nem piedade.
Messi é de outra galáxia, Cristiano Ronaldo é de outro planeta.
Messi não é nem nunca será maior do que Pelé, mas (os argentinos naturalmente não concordam) é maior do que Maradona. Porque para os argentinos, que tem até um Papa, Don Diego é Diez e Dios. 10 e Deus.
Cristiano Ronaldo (e aí os lusos já concordam), é maior do que Eusébio, reverenciado como um semideus em Portugal.
Messi com sua magia e Ronaldo com sua eficiência são o que há de melhor num futebol que é muito mais que um jogo, é uma paixão e também um negócio que envolve cifras siderais e que, por isso mesmo, nem sempre prima pela lisura.
Messi e Cristiano Ronaldo jogando juntos seria a junção de poesia e ciência. O imponderável e o previsível. O arco que também é flecha, o arco potencializando a flecha certeira.
É algo que, por hora, fica no quesito fantasia.
Mas que seria fantástico, seria.
E gol- Neymar está numa seca de gols de dar pena (fez um de pênalti essa semana depois de onze jogos, cortesia do parça Messi), mas está namorado a Brunza Marquezine de novo, com a devida superexposição na mídia. Golaço.
É pênalti- A depredação e os saques às dependências do Maracanã, reconstruído à peso de ouro para a Copa 2014 e depois abandonado, mostra o descaso das autoridades com o meu, o seu, o nosso dinheiro. Colocada a propina no bolso (ou na Suiça, ou nas Bahamas, ou embaixo da cama), dane-se o resto.