É necessário pensar nas consequências
Júlio Gomes
Estamos quase no final do mês de novembro, passaram-se mais de vinte dias da realização do segundo turno das eleições que definiram quem foi eleito para presidente da república e para governador nos estados onde houve segundo turno para este cargo, como ocorreu aqui na Bahia. Mas alguns brasileiros ainda insistem em ocupar a frente dos quartéis e bloquear estradas no que chamam de protesto contra o resultado das eleições presidenciais, já que nenhum outro resultado desta mesma eleição (para governadores, senadores ou deputados) é questionado.
Estes brasileiros pedem aquilo que denominam como “intervenção federal” para que, usando a força militar, se impeça a posse do presidente eleito.
É preciso pensar no que isso significa, para entendermos quão perigosa é esta situação.
Primeiramente é preciso deixar claro que o que pedem é, na prática, um golpe militar, já que seria a tomada do poder à força de armas. E isso é uma violência inaceitável contra o Regime Democrático, contra as leis e contra a vontade da maioria do povo brasileiro expressa nas urnas.
Caso o que desejam viesse a acontecer, o Brasil estaria reduzido ao tamanho de países sem nenhuma expressão ou importância no cenário internacional, em que um ditador qualquer manda com poderes ilimitados como se fosse um rei dos tempos mais antigos.
Não! O Brasil, quinto maior país do mundo em extensão territorial e em população, sendo por isso mesmo um dos países mais importantes, não pode se posicionar desta forma diante da humanidade, nem passar a isolar-se no cenário internacional.
Caso aquilo que chamam de “intervenção federal” ocorresse teríamos aqui um governo ilegítimo e sem base legal nenhuma, visto que não foi eleito, e com todos os requisitos para tornar-se uma ditadura, onde prisões ilegais, “desaparecimentos”, censura, tortura, assassinatos políticos e outras práticas ilegais e medievais do mesmo gênero predominam. Aliás, talvez seja isso mesmo o que querem muitos desses manifestantes.
Além disso, aberto este precedente de não aceitação do resultado das eleições por força das armas, a partir de agora todas as votações futuras estariam sujeitas ao mesmo mecanismo de só serem consideradas válidas após o “permita-se” dos armamentos.
Por fim, como também há a possibilidade de após uma eventual “intervenção militar” uma parte dos brasileiros não aceitar e reagir de forma armada, poderíamos ter uma guerra civil em nosso país, um banho de sangue com brasileiros contra brasileiros, pais contra filhos, irmãos contra irmãos a trocar tiros e gerar mortes o que, aliás, é o que desejam alguns que tantas armas e munições compraram justamente para isso.
Nós, brasileiros, em nossa imensa maioria queremos paz e democracia, queremos legalidade e prosseguimento normal de nossas vidas trabalhando, estudando, ficando com a família e amigos, vivendo como cidadãos normais em um país onde prevalecem a lei e o respeito ao próximo, mesmo com todas as dificuldades que sempre fizeram parte de nossas vidas.
Simples assim: quem ficou insatisfeito com o resultado das eleições que dispute a próxima, daqui há quatro anos, como ocorre em qualquer país democrático.
Tudo tem limites, chega de tentar incendiar o país, chega de maluquices!
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Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz
Derrotar Bolsonaro, foi a tarefa imediata, agora a tarefa estratégica é derrotar o bolsonarismo, a extrema direita neo fascista que está nas ruas, organizados, mobilizados e armados.
Precisamos expulsa los das ruas, ou na lei ou na marra ???