Cleide Léria Rodrigues

cleide l 2Você sabia que o mês de setembro tem várias campanhas de conscientização relacionada a saúde em geral?

Temos o setembro roxo, amarelo e verde, sendo que o setembro verde  é um mês que tem a intenção de quebrar barreiras, barreiras estas que são inúmeras as tentativas para rompê-las, e tem o intuito de conscientizar a importância da acessibilidade e a inclusão da pessoa com deficiência.

Embora atualmente tenha se quebrado os estigmas de que a pessoa com deficiência é invisível ainda há muito que se avançar, este ano por exemplo e a poucos dias tivemos um recorde de visibilidade relacionada as paraolimpíadas de Tóquio. E pela primeira vez foi possível ver um jogo de futebol por exemplo ser televisionado pela tv aberta, que foi o futebol de cinco, protagonizado por jogadores cegos ou com baixa visão, que por sinal trouxe o ouro com uma vitória brilhante com os nossos arquirrivais no futebol, os argentinos.

Mas essa campanha é bem recente, iniciou-se em 2015 por iniciativa da Federação das APAES do Estado de São Paulo –FEAPES-SP em parceria com a APAE de Valinhos, e seu objetivo é que o mês seja referência na luta dos direitos da pessoa com deficiência. E não foi escolhido à toa, afinal dia 21 de setembro é o dia nacional da pessoa com deficiência.

As pessoas com deficiência são as que tem limitações permanentes,  que podem ser físicas, intelectuais ou sensoriais, e que no dia a dia enfrentam barreiras, físicas, arquitetônicas e sociais traduzidas em forma de capacitismo, que muitas vezes atrapalham a participação ativa e efetiva na sociedade em termos de igualdade, porém essa definição só foi estabelecida por fim pela ONU em 2009 na Convenção das Nações Unidas.

Anteriormente, a pessoa com deficiência   passou por várias nomenclaturas, e muitas vezes carregadas de rótulos e estigmas como: aleijados, portador de deficiência, portador de necessidades especiais ou pessoa com necessidade especial. E como assim? É que ninguém porta uma deficiência, e sim um par de óculos, uma bolsa, uma bengala, uma muleta, todas as pessoas portam algo que desejam, mas não uma deficiência, ou necessidade especial, pois todos nós  temos necessidades especiais como por exemplo alimentos, vestimentas etc…

Mas, não é culpa da sociedade que não foi educada e psicoeducada em relação a pessoa com deficiência, e que só atualmente conheceu o termo capacitismo que assim como a homofobia, xenofobia é uma espécie de preconceito.

Mas enfim, o que é o capacitismo, o capacitismo é você discriminar uma pessoa pela deficiência e dizer que ela não é capaz de realizar algo por conta da sua deficiência, ou seja,  ela não é capaz de produzir, de se divertir ou mesmo de realizar ações transformadoras pelo fato de ser uma pessoa com deficiência. Termos  capacitistas por exemplo são: louco, maluco, retardado, mongol, estúpido, imbecil, surdo-mudo, capenga, bipolar, deformado, sequelado.

Além desses termos capacitistas há expressões como: “Cego de raiva”, “Dar uma de João sem braço”,” Não temos braço para isso”,” Desculpa de aleijado é muleta. ” Estava só aqui no meu mundinho autista.”

Mas também não podemos esquecer das deficiências invisíveis, aquelas que não são aparentes como: as sequelas da COVID, o câncer, problemas cardíacos, pois setembro também é o mês que devemos nos atentar para a conscientização da doação de órgãos.

Para isso o setembro verde foi instituído a fim de derrubar muros e barreiras e mostrar o quanto avançamos, mas ainda temos um longo caminho pela frente, a fim de obter o respeito e a inclusão efetiva na sociedade.

Com isso concluímos que, temos que ter muita informação para atuar com respeito na saúde mental das pessoas em geral, incluindo as Pessoas com deficiência e como a própria nomenclatura sugere, antes da deficiência vem o termo Pessoa, ou seja, deve ser tratada como qualquer cidadão com respeito e acolhimento para que não haja danos irreversíveis na sua saúde mental.

Cleide Léria Rodrigues

Psicóloga – CRP 03/18383