Basia Piechocinska

basia pier 6 (foto Ana Lee)No último artigo falamos sobre a diferença entre a motivação e a inspiração. A motivação nasce de um problema, um estado indesejável e traz a energia da realização para conseguir o objetivo, a pesar do processo da realização muitas vezes ser duro. Ela nos mantém no filosofia de fazer para um dia ser feliz. A inspiração brota do bem estar e traz a energia para realizar uma coisa aprazível e ainda melhor. Ela nos mantém no estado de fluxo (flow) e na filosofia de fazer de felicidade.

De fato ela é mais natural do que a motivação. A motivação precisa da força de vontade. Sempre usar a força de vontade acaba sendo desgastante. E a inspiração não requer força de vontade. Em si ela é nutritiva. Quanto mais a pessoa consegue estar nela, mais nutrida se sente.

A inspiração tem vantagens e seria lindo poder viver nela, mas como conseguir isso?

Existem formas de cultivar inspiração e facilitar para ela poder brotar. Vamos começar com um exemplo muito prático. Uns anos atrás pensei que seria bom para mim fazer yoga todos os dia de manhã. Mas como não tinha tempo teria que acordar umas 5:30 para encaixar uma sessão de yoga. A primeira tentativa de fazer isso acontecer foi com motivação e força de vontade. Coloquei meu alarme às 5:30 e fui dormir. Quando acordei com o alarme estava muito cansada mas consegui sair da cama e fazer a minha sessão de yoga. Não foi muito prazeroso mas terminei. Pensei que simplesmente vai ter que virar um habito. No dia seguinte era final de semana e pensei que talvez no final de semana posso descansar. E o que acabou acontecendo foi que não retomei mais o yoga.

inspiraçãoFoi então que decidi colocar em prática a inspiração. Todo dia quando chegava em casa sentava numa poltrona e imaginava o quanto prazeroso pode ser fazer yoga cedinho de manhã. Imaginava cada parte, começando por como acordava sozinha e eram as 5:20. Me sentia totalmente repousada e plena de energia. Sentia até os cheiros refrescantes da manhã entrando pela janela. Todo meu corpo sentira vontade de esticar e cada assana, posição do yoga era exactamente o que precisava. Com cada movimento me sentia mais energizada e inspirada. Mais ou menos foi isso que acabei imaginando intensamente e muito sentido por uns poucos minutos ao chegar em casa. Esses minutos na poltrona me deixavam mais feliz.

Passaram quase duas semanas quando, de repente, acordo uma manhã e me sinto muito bem. Olho a hora e vejo que são 5:20. Será que é uma sinal para eu tentar fazer yoga? Realmente seria bom. Começo entrar nas assanas e realmente sinto como cada assana me abre mais. Toda a sessão acaba sendo muito agradável e estou bem disposta a começar meu dia. Por alguma razão esta experiência continua repetindo-se dia traz dia.

Depois de uns dois meses uma amiga pergunta-me se faço exercício. Quando conto que faço uma hora de yoga todos os dias as 5:30 ela exclama “Você deve ter uma super força de vontade!”. Não sabia como explicar que a força de vontade nem entra na equação. O yoga simplesmente flui.

Criar estes trailers das coisas que queremos poder fazer é uma forma de preparar o solo para inspiração brotar. O importante do trailer é que seja uma coisa que conseguimos sentir. Queremos sentir o prazer já antes de fazer a coisa. Quanto mais o repetimos, melhor.

Na vida sempre vão acontecer coisas que não sejam agradáveis, mas quanto melhores somos em mudar o nosso foco do indesejável para o desejável, mais rápido vamos poder entrar na força da inspiração. Cada problem mostra um desejo que no momento ainda não está realizado. Enfocando no desejo, criando trailers emocionais ao redor dele pode ajudar preparar o solo para a inspiração leva-nos no fluxo da realização feliz.