lula pazJulio Gomes

 julio gomesDiversas cidades do Brasil e em várias das principais cidades do mundo se comemorou, publicamente, o aniversário de 74 anos de Lula, que se encontra preso há mais de 570 dias no distante estado do Paraná.

Longe de tornar-se uma manifestação de culto à persona do líder, como é comum vermos na política, sobretudo quando o líder se encontra exercendo o poder – tal como ocorre tanto nas ditaduras totalitárias quanto em pequenas cidades do interior, onde os poderosos do dia são bajulados em busca de uma retribuição em forma de cargo remunerado – os atos em torno do aniversário do ex-Presidente assumiram um caráter bem diverso, que vai muito além da sua pessoa.

De fato, Lula foi brilhante quando, ao discursar em um dos mais significativos momentos da vida política brasileira, antes de entregar-se às forças policiais que o levariam para a carceragem em Curitiba, afirmou ipisis literis que “Eu não sou um ser humano, sou uma ideia. E não adianta tentar acabar com as ideias”. As comemorações do dia de ontem mostraram exatamente isso.

Muito mais do que um ato lulista, as manifestações mostraram o anseio de significativa parte de nosso povo por Justiça, ante a condução absurdamente tendenciosa do processo que o condenou sem dar chance aos advogados e à defesa do ex-Presidente e mediante um Juiz que se posicionou, o tempo todo, ao lado da acusação, quebrando o princípio constitucional de imparcialidade do Juiz, em um processo que é o mais escandaloso exemplo de lawfare que jamais se viu em todo o mundo.

Os atos em torno do aniversário de Lula também significam a não aceitação da reforma da Previdência, da destruição da CLT e dos direitos trabalhistas, o repúdio à forma não republicana e mesmo mesquinha como os interesses nacionais têm sido conduzidos desde a posse da pessoa que hoje se encontra na Presidência, exercendo-a com p minúsculo; e ante a explícita tentativa de reduzir o povo ao desprezo e à insignificância com que sempre foi tratado pelos representantes das elites que sempre ocuparam, no Brasil, os principais postos do Poder Político institucionalizado.

Desmorona-se a Presidência da República arrastada ao fosso pelas grosserias e incapacidade política do atual ocupante do Palácio do Planalto. Acanalha-se ainda mais o tão desprestigiado Poder Legislativo Federal. Desmoralizam-se instituições até pouco tempo respeitadas, como o Ministério Público Federal e o próprio Poder Judiciário. Paralisam-se instituições importantes, como a Polícia Federal, que não conseguiu encontrar o Queiróz, que foi localizado pela revista Veja morando e fazendo, semanalmente e há meses, tratamento de saúde em um grande hospital na cidade de São Paulo.

Até mesmo os poucos elogios que se faz a este ou àquele membro do Supremo Tribunal Federal ocorrem muito mais como um clamor para que o STF retome sua função de guardião da Constituição Federal e da Democracia, ante seus erros e omissões recentes, de gravíssimas consequências, do que por eventuais acertos ou pela sua correta atuação.

Nesse mar de sordidez institucionalizada no poder, de desmoralização, de desprestígio, de deprimentes baixarias protagonizadas por ocupantes de importantíssimos cargos, de desprezo ao povo e às leis que deveriam reger o Estado Brasileiro, destaca-se o Lula, preso, porém sem abrir mão de sua dignidade, de sua honra objetiva e subjetiva, sem proferir palavras ou atos de baixo calão, sem choramingos infantis nem espetacularização midiática.

Lula, preso e digno, lutando pelo Brasil e pelo povo brasileiro, por seus ideais e por Justiça, paira acima de tudo e de todos na política brasileira. E parte muito significativa de pessoas no Brasil em todo o mundo reconhecem isto cada vez mais.

Lula Livre, não mais por somente Lula mas, acima de tudo, por tudo aquilo que ele representa, e que é fundamental para a dignidade humana em seu mais alto grau de expressão. Lula Livre!

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Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz