Eulina Lavigne

 

eulina lavigneAntes de iniciar este artigo quero informar que sou apartidária. Não sou a favor nem deste e nem daquele partido. Sou a favor de ideias que sejam humanistas e progressistas. Isto sim.

Quando iniciei minha carreira profissional foi como trainee do Citibank em Salvador e depois entrei para o quadro efetivo de funcionários por sete anos trabalhando na área de pessoa jurídica.

Naquele tempo o Brasil era o país, depois dos EUA, mais lucrativo para o Banco. Com taxas de inflação altíssimas, com FGTS dos funcionários parado por quarenta dias no banco para que fossem emprestados a juros exorbitantes, tudo era uma festa!

brasil 1Ganhávamos decimo terceiro, quarto salários fora as premiações em dólar. As festas eram em hotéis maravilhosos, com show pirotécnico que ainda no Brasil não se ouvia falar. Nossas roupas de gala eram alugadas pelo banco e o salão de beleza aberto exclusivamente para atender a ala feminina. Coisa de cinema!

Quando vieram os planos, Bresser e Collor e medidas que encurtavam o prazo de permanência do FGTS nos bancos para dois dias, aumento do volume de recolhimento dos depósitos à vista ao Banco Central e outras medidas, a farra foi terminando.

Lembro que o meu chefe foi convidado a retornar para São Paulo e no lugar dele enviaram um executivo alto de descendência alemã, engenheiro do ITA. Com pisadas fortes e de pouca conversa e muita ação, veio dar o recado do alto comando. Vamos reduzir o quadro e por ordem no “pedaço”. Não que houvesse desordem, pelo contrário, no entanto precisávamos nos adequar a realidade que estávamos vivendo.

As demissões foram feitas, gastos enxugados e mordomias reduzidas. Trabalho feito, enviaram para gerenciar a área um outro perfil. Nem tanto amor e nem tanta dor. E o Banco precisou entrar em uma nova era.

E para que estou lhe falando tudo isto?

Para responder uma pergunta que me faço e percebo que muitos também, de qual a função do atual presidente do nosso país? Para que ele assumiu este lugar. E a explicação que encontrei foi fazendo uma analogia com relação ao que vivi quando era executiva do Citibank. E é claro que não foi neste contexto e nem nesta proporção.

Penso que o nosso presidente é aquele que vai tentar por ordem de qualquer jeito. Acabar com a farra e com o uso, muitas vezes, abusivo do poder e do dinheiro, sem medir esforços e sem querer saber a quem vai prejudicar.

Quero acreditar que estamos experimentando o outro lado do extremo. Experimentamos o descuido com o dinheiro público, gastos desnecessários, muita corrupção, destrato com as relações comerciais e pessoais e agora estamos experimentando o distanciamento. Sem querer saber se vai ser bom ou ruim.

Sem querer saber se algo de bom foi feito para agir com prudência mantendo o que está bom e corrigindo o que está ruim. E me parece que nada vale. Nada presta. Vamos por a ordem que o Brasil precisa mesmo que tenhamos que regredir.

Como sempre acreditei que para vir a ordem o caos precisa se estabelecer, ou seja, precisamos desarrumar para arrumar. Então está tudo certo.

Quando você quer arrumar a sua casa de uma outra forma você não tira tudo do lugar? E às vezes a reforma é tão grande que sacode tudo pela janela, popularmente falando?

Pois é. Estou achando que é isto. Precisamos de alguém para desarrumar tudo com coragem, sem muito coração e com muita ação sem atenção. Mesmo que se tire do lugar derrubando paredes e pessoas. Se é para desorganizar vamos fazer.

Sendo assim para mim está certo. Assim me convenço de que precisamos. Mesmo que incomodada com o barulho do arrastar dos móveis e derrubadas de paredes e pessoas.  Tudo bem.

Vou esperar o salvador e que venha e traga o progresso e amor. E venha logo!