Elisa_Lucinda

“Um livro de poesia na gaveta não é nada! O lugar do livro é na calçada”. Com o trecho da música do capixaba Sérgio Sampaio, a jornalista, poeta, atriz e escritora Elisa Lucinda começou o bate papo na abertura oficial da Festa Literária de Ilhéus.

livros f lElisa emocionou o público presente, que lotou o Teatro Municipal de Ilhéus, com histórias e poesias de sua autoria. Ao longo da carreira, foram 17 livros publicados, 5 CDs de poesias, além de atuações no teatro, TV e cinema. “Estamos aqui por causa da palavra. Ver um teatro cheio, em torno dela, emociona. A palavra é revolucionária e eu cheguei aonde cheguei por causa dela”, afirmou a poeta nascida no estado do Espirito Santos.

A atriz falou também sobre sua cidade natal, Vitória, as dificuldades da profissão e sobre questões raciais. Várias das suas poesias falam de racismo, de gênero e de problemas sociais. Elisa aproveitou o momento para provocar a plateia. Ao declamar a poesia Mulata Exportação, de 1987, ela questionou: “Se o racismo chegou aos dias de hoje, quem trouxe? Precisamos fazer uma leitura das nossas palavras e da nossa cultura”, indagou Elisa.

Quando Flávia Alessandra, professora da UESC e mediadora do bate papo, pediu que Elisa comentasse sobre a poesia Só de sacanagem, a poeta foi surpreendida por alunos do curso de teatro de Ilhéus que declamaram toda a poesia. Emocionada, Elisa afirmou que este era o papel da poesia, “de ser contada e narrada por outras vozes”.

 

A noite de abertura oficial ainda teve a entrega do prêmio Sosígenes Costa de Poesia, com interpretação do poema Iararana, por José Delmo e a apresentação musical do grupo Mulheres em Domínio Público.

 

Termo de Cooperação Técnica – A noite de abertura apresentou outras emoções. Ela foi iniciada com a presença do prefeito de Ilhéus, Mario Alexandre; de André ribeiro, presidente da Academia de Letras de Ilhéus; da reitora da UESC, Adélia Pinheiro; Arany Santana, secretaria de Cultura do Estado da Bahia e do diretor geral da fundação Pedro Calmon, Zulu Araújo, que assinaram um termo de cooperação técnica para a continuação da Festa Literária de Ilhéus.

 

Para Arany Santana, a Festa Literária “tem tudo a ver com o trabalho que a Secretaria da Cultura desenvolve no estado, que é estimular a leitura e a escrita. É fazer da cultura um instrumento estratégico do nosso desenvolvimento”, afirmou a gestora.

 

De acordo com Zulu Araújo, o tema Leituras Democráticas: livros e zaps é desafiador. “Estamos tratando de juventudes. No plural. Juventude negra, indígena, quilombola, feminina, de periferias”, disse. E afirmou que o momento de instabilidade no país prejudica ainda mais estes jovens “que sofrem com o descaso e o fracasso dos políticos. E que esta Festa tem o papel de estimular a leitura e a escrita dos jovens, mas também ler e escrever sobre eles”, afirmou Zulu.