Na primeira noite

eles se aproximam e

roubam uma flor do nosso jardim.

E não dizemos nada.

Na segunda noite,

já não se escondem;

pisam as flores, matam nosso cão,

e não dizemos nada.

Até que um dia,

o mais frágil deles

entra sozinho em nossa casa,

rouba-nos a luz, e,

conhecendo nosso medo,

arranca-nos a voz da garganta.

E já não podemos dizer nada….

 

*Trecho do poema “No caminho, com Maiakovski”, do poeta brasileiro Eduardo Alves da Costa.