Eulina Lavigne

eulina lavigne A cada suspiro meu, eu morro. A cada sorriso meu, eu morro. E até que a morte nos separe eu já morri tantas vezes, infinitamente incontáveis. Como saber que você irá me suportar, e um suportar que estará longe de me aturar, se nem sei se terás suporte para te suportares.

Eu morri tantas vezes ao longo dos meus 57 anos, que foi preciso me separar de mim para poder aprender e novamente conviver comigo. E qual vem ser o real significado do “até que a morte nos separe”?

Para mim, vem da intenção de um homem e uma mulher de constituírem uma família. E quando constituem uma família deixam de ser apenas um homem e uma mulher e passam a ser um pai e uma mãe! E ninguém separa um pai e uma mãe, pois assim sendo assim, sempre serão.

Não sei falar sobre viver uma relação que durou uma vida inteira, pois a minha vida vem sendo feita de tantas partes e são essas partes que fazem de mim inteira.

Quando eu matei aquela que desejavam que fosse eu morri pela primeira vez. Então, a morte me separou de mim mesma e a minha relação de 16 anos se findou. E quando pude novamente renascer, pude compreender que família constituída não se separa nunca! Pois o pai, a mãe e os filhos serão eternos, e nem sei se a morte os separa! Quem garante isso? Quem disse que o amor morre, se é energia? Para mim, ele pode se transformar e até se fingir de ódio e raiva só para não se revelar. Ele sempre permanecerá.

Penso que essa tal promessa de até que a morte nos separe para aqueles que são rígidos e perfeccionistas deve se um peso e tanto. Principalmente para a minha geração, que não tinha a liberdade de conviver mais com o outro, onde muitos casamentos eram objeto de fuga e significavam a tal da (falsa) liberdade. Fico a refletir se o sofrimento e doença fazem parte dessa balança em desequilíbrio.

Penso ser possível viver bem em família, estando junto ou separado. É opção de cada um. Com certeza, se a convivência é prazerosa o melhor é viver junto. E se não for, podemos viver juntos, bem e separados. Será que confundi o meu leitor?

O fato é que quando me casei no religioso, eu de pronto escolhi um padre que não me fizesse essa pergunta, pois não queria iniciar uma relação mentindo. Pois viver a dois é sempre um desafio e quando esse desafio fica de fato por um fio e não tem agulha que costure, não dá para viver uma relação remendada. Ou costura direito ou é melhor seguir fluindo, morrendo e renascendo a cada dia até…..

Que uma nova vida nos separe, ou nos una!

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Eulina Lavigne é mãe de três filhos, terapeuta clínica, Consteladora há 11 anos, Especialista em trauma, Mestra em Reiki Xamânico, Palestrante, Consultora em envolvimento humano e organizacional.