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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

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:: 11/nov/2017 . 10:30

Artes & Artistas

 

Juraci Masiero Pozzobon

Morenu, arte e cirurgia

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Gustavo Rincón Moreno, artisticamente “Morenu”. Nasceu em Cali, Colômbia. Filho de Adiela e Gustavo, enfermeira e  cirurgião dentista respectivamente. Morenu começou a frequentar escola desde cedo aos 5 anos de idade já começava suas primeiras linhas artísticas, ganhava de seu pai cera de modelar e criava seus personagens com perfeição, foi ali que descobriu a primeiras paixão, a escultura. Em 1978, aos 9 anos de idade começou o ensino médio no Instituto Técnico Industrial (ITI, na cidade de Armênia, Colômbia), começando formação em desenho técnico e posteriormente em fundição de metais, criando as primeiras esculturas em alumínio e bronze através da técnica “cera perdida”.

arte j 2Por problemas respiratórios teve que desistir desse curso e foi terminar o seu ensino médio no Colégio Jorge Isaacs, onde conheceu o grande mestre da  da pintura colombiana Abiezer Agudelo, que na época iniciava sua carreira artística. Desse recebeu grande incentivo no desenho e na pintura. Entre 1985 e 1989 fez oficinas com também renomados mestres Alejandro Obregón, Leonel Gongora, Jim Amaral e Maria de La Paz Jamillo. Em 1986 Morenu iniciou os estudos de medicina na Universidade Del Quindío. Fez especialização no Rio de Janeiro em cirurgia plástica, como forma de aliar suas duas paixões: a arte e a medicina.

Atualmente Morenu um artista multimídia, transitando entre a pintura, escultura, instalações, fotografias e vídeos. Participando de exposições nacionais e internacionais, Morenu é mordaz em suas críticas na arte, na política e na sociedade.

21616125_10155518484856147_2860544738231183523_nMorenu trabalhou diversos materiais na pintura e desenho: pastel seco, carvão, grafite, aquarela, óleo e hoje trabalha com técnica mista e materiais não convencionais na pintura, como o silicone. Após cursar cinco semestres de licenciatura em artes visuais na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, transferiu-se para o curso de bacharelado em Artes Visuais na Universidade de Brasília – UNB – realizou residência na artista na Dacia Gallery em New York em 2014. Em 2004 obteve o primeiro lugar em pintura na primeira Olimpíada Nacional de Talentos da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica com a obra “Mentiras Vespertinas”.

Hoje apresentamos sua nova poética chamada “Feridas Urbanas” onde representações de fragmentos de pele humana com diversas feridas (arma de fogo, facadas, traumatismos contundentes), inseridas em fundos abstratos estilisticamente expressionistas, chamam a atenção do público para o sofrimento da sociedade brasileira, gerado por violência doméstica, estupros, balas perdidas, latrocínios e assaltos e homofobia. Com esta poética, Morenu pretende sensibilizar a sociedade, resgatando a memória das vítimas, para não se tornarem mais uma simples estatística, As feridas urbanas após tratamento podem sanar, porém a ferida psicológica deixada na vítima e na sociedade custará a sarar.

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                                                                Juraci Masiero Pozzobon é artista plástica e ativista cultural

TV Cabrália, 30 anos – `Seu` Diógenes e Fernando Gomes, um duelo na portaria

 

Daniel Thame

daniel thame FlicaNos primórdios da TV Cabrália, e deve ser assim até hoje,  a ordem era clara: sem se identificar, ninguém tinha acesso à emissora.

`Seu` Diogénes, o porteiro, era alguém para quem ordem não se discutia. Funcionário só entrava com crachá e visitante só com apresentação de documento  de identificação. Ponto final!

Eis que um belo dia, o prefeito de Itabuna,  Fernando Gomes, em seu segundo dos cinco mandatos, chega para conceder uma entrevista ao Repórter Regional , numa tentativa da direção da emissora de estreitar as relações com o alcaide, que não eram necessariamente amistosas, em função do jornalismo demasiadamente independente praticado pela Cabrália naqueles tempos de antanho.

E eis que ao se dirigir à porta de entrada, Fernando Gomes é abordado por `seu` Diógenes:

-Documentos, por favor…

Fernando achou que só poderia ser  uma  brincadeira:

-Mas que documento, rapaz? Sou Fernando Gomes, o prefeito…

Não era uma brincadeira:

-Sem apresentar a identificação o senhor não entra…

Fernando começou a ficar impaciente, aquilo não estava no script.

E foi ai que ´seu` Diógenes perpetrou:

-Como é que o senhor quer entrar sem se identificar? Eu já pedi documento de identificação  até pra Waldir Pires…

(Abre parêntese: Waldir Pires era à época ninguém menos que o governador da Bahia e conta a lenda que, com aquela simplicidade de monge beneditino, se identificou e entrou. Fecha parêntese).

A citação a Waldir Pires, com quem Fernando já estava rompido, foi a gota d´água. O prefeito simplesmente  virou as costas e foi embora sem dar a entrevista.

Fernando Gomes retornou dias depois, após as devidas escusas da direção, que providencialmente escalou um outro porteiro para recebe-lo.

Porque para  ´seu` Diogenes, hoje gozando a merecida aposentadoria,  sem documento não entrava, fosse ele Fernando Gomes, Waldir Pires ou Papa, posto que ainda eram tempos em que um Papa, caso se aventurasse nas terras do cacau, seria recebido de braços abertos na emissora.

Depois de se identificar para  ´seu`  Diógenes, per supuesto.

 

 

Sobre o Estupro

Debora Spagnol

debora 2Há alguns meses tomou conta da mídia e redes sociais a notícia de um provável estupro cometido por mais de trinta homens contra uma adolescente carioca de 16 anos. Indignações surgiram de ambos os lados: todos desejam opinar sobre a ocorrência ou não do crime. A conduta da vítima, dos acusados e até dos delegados envolvidos nas investigações servem de argumentos para a acusação e a defesa da menina, que de provável vítima se torna ré.

Tópicos como “cultura do machismo”, “não ao estupro” e outros no mesmo sentido, visando discutir a extrema violência contra a mulher externada por esse crime tomaram conta de quase todos os grupos de discussão.

Ora, os avanços obtidos pela sociedade com relação ao trato igualitário entre os gêneros não impede que, até os dias de hoje, a sexualidade feminina ainda sofra formas específicas de repressão, que se sobrepõem para além da repressão sexual geral e comum.

Prova disso se traduz na nossa própria legislação penal, através da qual se pode observar de forma clara que, durante muito tempo, a visão do legislador sobre os crimes sexuais visava tão somente proteger os bens jurídicos moral e sexual que, sem seu consentimento, era atribuído às mulheres.

Apenas a partir de 2009, com a edição da Lei nº 12.015, nosso Código Penal trouxe importantes modificações aos crimes sexuais, começando pela nomenclatura – de ´crimes contra os costumes´, passaram a ser designados ´crimes contra a dignidade sexual´ – abrangendo assim, além da violência física, também a violência psicológica contra a mulher. A partir daí é que efetivamente o Estado passou a garantir os meios necessários à proteção da vida sexual de seus cidadãos.

Por questão lógica não cabe ao direito penal interferir em critérios subjetivos da sexualidade (como definir se tal ato sexual é certo ou não, digno ou indigno), mas tão somente reprimir condutas relacionadas à relação sexual não consentida, exploração do sexo por terceiros e contra vítimas vulneráveis. Enfim, a intenção da lei é tão somente punir a violação da liberdade individual voltada para a sexualidade.

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Crônicas de um Golpe na UFSB (3)

Naomar Almeida Filho

 naomarAmo as palavras. Respeito a palavra. A palavra compromisso, por exemplo. Uma promessa que se faz, com outros, para outros, a si mesmo. Prometemos algo com alguém para alguém: nos comprometemos, pode ser com um grupo para uma coletividade. A com-promessa implica confiança e uma palavra de honra. Desonrada fica a pessoa que não cumpre seu compromisso, não honra sua promessa. Isso vale para a vida pessoal e social, tanto quanto deveria valer para a política, principalmente a pequena política de cada dia.

A Carta de Fundação da UFSB foi escrita numa pequena pousada na estrada de Itacaré, ao norte de Ilhéus, entre 17 e 20 de setembro de 2013, por dezessete professores da UFBA, por mim convidados para compartilhar a construção da UFSB, nossa protopia de uma universidade socialmente referenciada. Foram quatro dias de foco quase total, imersão rica e produtiva, após um mês de reuniões preparatórias realizadas no escritório de Salvador. Andando cedo na praia de areia escura, no café da manhã, nos animados grupos de discussão, à noite no jantar, revendo as anotações do dia. Debates acalorados e entusiasmados, palavra a palavra.

Tínhamos consciência da importância de nossa tarefa de construir conceitos fundantes. Esgotávamos todos os argumentos, nos ouvíamos com paciência e respeito num processo tranquilo. Em nenhum momento foi necessário votar. Lembro-me especialmente da discussão para inclusão da palavra alegria, proposta por Denise Coutinho, que para alguns parecia pouco acadêmica; foram convencidos pela pressão carinhosa principalmente das mulheres, lideradas por Fátima Tavares. Os relatores trabalhavam com entusiasmo e dedicação: recordo e destaco Robson Magalhães, voluntário que não tinha cargo de gestão, atento, registrando todos os detalhes. Muita energia positiva, em suma. Poucas vezes em minha vida estive num ambiente tão fraterno, tão produtivo intelectualmente.

O primeiro Conselho Universitário da UFSB reuniu-se na sede provisória da reitoria, no Campus Jorge Amado, no final do dia 20 de setembro de 2013, uma sexta-feira que começou ensolarada. Na ampla convocação, propus uma pauta de puro simbolismo: instalação do Conselho Universitário Matriz para apreciação da Carta de Fundação da Universidade Federal do Sul da Bahia. Fomos direto da pousada, após os derradeiros retoques no texto e a checagem dos últimos detalhes do evento. Ao chegar, notamos centenas de carros estacionados dentro e fora do pátio, no acostamento da rodovia. O átrio estava lotado. As fotos do evento mostram uma multidão transbordando porta afora. Lideranças políticas, autoridades, militantes de movimentos sociais, muita gente do povo (como se diz no interior da Bahia).

O Governador Jaques Wagner presidiu a sessão, numa mesa solene composta por ele, pelo então Prefeito de Itabuna, Claudevane Leite, pela Senadora Lídice da Mata, pela Reitora Dora Leal Rosa (a UFBA era nossa instituição-tutora) e por mim. Os parlamentares eram tantos, de todos os níveis de representação legislativa, que estendemos simbolicamente a mesa solene, incluindo ainda prefeitos de praticamente toda a região grapiúna e reitores/as de todas as universidades baianas. O Governador me passou a “condução dos trabalhos” (acho bem engraçada esta expressão), fiz uma chamada nominal dos membros do Conselho Universitário Matriz e formalmente dei posse a cada um, listados nos documentos posteriormente publicados.

Coube a Sebastião Loureiro, militante da Reforma Sanitária Brasileira, ex-Presidente da Abrasco, a leitura da Carta. Professor emérito do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, meu mentor e companheiro de muitas lutas, fora convidado a colaborar com nosso projeto assumindo o primeiro decanato do Centro de Formação em Saúde. Visivelmente emocionado, com a voz embargada, mas segura e firme, Sebastião leu bem devagar o nosso curto documento-compromisso, palavra a palavra. Ainda mais elegante do que era sempre, o decano dos nossos decanos finalizou sua leitura. Nesse momento, o silêncio era profundo e denso; mesmo os cabos eleitorais, apoiadores das comitivas e curiosos que costumam ficar de pé no fundo dos eventos para tagarelar, calaram-se. Aplausos explodiram, por vários minutos, todos de pé. Fiquei arrepiado. Saí de onde estava, na ponta da mesa, e fui dar um abraço no meu professor Sebastião. O Governador Wagner veio junto e fez o mesmo. Recompusemos a mesa e submetemos uma moção de aprovação do documento por aclamação. A ata foi lida, assinada por todos os membros do Conselho, a sessão foi encerrada, as autoridades e suas comitivas se despediram, o Governador embarcou no helicóptero que aterrissara no campo ao lado da sede da Reitoria e nós, meio atônitos, no buffet que o cerimonial da governadoria havia instalado no pavilhão ainda vazio, ficamos conversando, sorrindo, alegres, empolgados, cheios de confiança, celebrando nosso primeiro e mais profundo compromisso.

A Carta de Fundação representa um compromisso de múltiplas dimensões. Primeiro, uma com-promessa pessoal mútua, de cada membro para a equipe fraterna, geradora deste projeto de Universidade. Segundo compromisso: uma com-promessa institucional, daquele coletivo inicial para o Conselho Superior matriz desta Universidade. E um terceiro compromisso: o de uma instituição social promissora que nascia, com-prometida à sociedade do território que a aconchegava. Por último, um compromisso histórico: com a transformação da educação superior brasileira, reafirmando a ideia-potência de uma universidade anisiana, de fato popular, mas sem perder a competência jamais.

Abordarei em mais detalhe a questão do compromisso social quando contar a história dos bloqueios ao Conselho Estratégico Social, dos boicotes ao Fórum Social e da sabotagem ao Congresso Geral da UFSB. O tema do compromisso histórico atravessará várias crônicas, algumas duramente críticas, outras docemente esperançosas, quando escrever sobre Diálogo, Recuperação, Luta e Esperança.

Adoro palavras. Acho até que inventei uma: mais que utopia, protopia (vejam no google). Além desse gosto, respeito muito a palavra. Respeito quem honra a palavra. Compromisso, é isso aí.





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