:: ‘diadelertododia’
#diadelertododia mobiliza cidades de todo o Brasil
Será realizada no dia 25 de outubro, a campanha nacional pela leitura, o dia de ler todo dia (#diadelertododia). Realizado pela primeira vez em 9 de abril de 2015, a campanha deste ano quer superar o número de participantes registrado ano passado de mais de 2,4 milhões de pessoas.
É a maior mobilização focada exclusivamente na leitura que se tem notícia no Brasil. A principal adesão vem dos professores mas são expressivos os registros de crianças, jovens, adultos e idosos participando em outros ambientes que não a sala de aula ou a escola.
O projeto piloto foi realizado na cidade de Barueri/SP no dia 9 de abril de 2015 e envolveu trabalhadores de fábricas, lojas e escritórios, pacientes em hospitais, unidades básicas de saúde e consultórios, moradores de condomínios e até transeuntes que paravam para participar da Leitura em Praça Pública, como uma das dinâmicas da mobilização e realizada como sucesso em dezenas de cidades brasileiras.
Nas edições seguintes do #diadelertododia muitas atividades de leitura vão sendo incorporadas como a ação envolvendo bombeiros lendo debaixo d´água e policiais rodoviários promovendo blitzes de leitura em pedágio da rodovia Castello Branco, uma das mais importantes de São Paulo. Muitas cidades já instituíram em seus calendários festivos datas dedicadas à leitura, inspiradas pela campanha #diadelertododia.
Entre as muitas atividades desenvolvidas durante o #diadelertododia estão gincanas, concursos, jograis, olimpíadas, leitura ininterrupta da Bíblia e de clássicos como Dom Quixote, exposição de arte focada na descrição textual da pintura, dança e olimpíada com livros e uma infinidade de outras ações que associam leitura ao prazer de ler.
A edição 2017 começará à zero hora e se estende até às 21 horas do dia 25 de outubro. A data é sempre móvel (09 de abril, primeiro de outubro, 20 de setembro e agora 25 de outubro) e deve acontecer no período letivo para que as escolas participem. A mobilização #diadelertododia é totalmente gratuita e uma das recomendações da organização central é que não haja nenhum tipo de despesa. Trabalho em grupo e criatividade são o que realmente contam.
Não há necessidade de inscrição ou qualquer outro cadastro. No dia 25 de outubro, entre zero e 21 horas, basta fotografar uma atividade de leitura e enviar a foto (no máximo duas fotos para cada atividade de leitura) com nome da instituição, cidade, quantidade de pessoas envolvidas com a atividade e nome dos organizadores: www.projetocidadeleitora@gmail.com
É possível também acompanhar pela página do facebook.com/diadelertododia
Muito discurso e pouca leitura
João Palma
Não há o que contestar quando tratamos da importância da leitura no processo de aprendizado e na formação de uma sociedade do conhecimento por meio da informação, condição básica para qualquer Nação tornar-se desenvolvida.
Parece óbvio o texto acima, mas vale repetir o alerta: cresce de maneira assombrosa o número de pessoas, jovens em sua maioria, que não tem qualquer constrangimento ao anunciar que não gostam de ler e, pior, não leem.
Não é possível imaginar candidato a emprego ou aluno disputando vaga na universidade, tendo que preencher formulário ou responder questionário sem conseguir compreender o que nele vai escrito. E estas são realidades de um país que imagina ter acordado o gigante adormecido. Com discursos eloquentes, mas práticas ridículas é que não o acordaremos mesmo.
Ninguém deu a mínima para a observação cruel mas verdadeira de Angel Gurriá sobre o fato de “o Brasil não ser um bom exemplo em educação”. Gurriá era o secretário geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, a OCDE, organismo que realiza um respeitado teste de avaliação de alunos, o PISA, em ciências, matemática e leitura. O Brasil sempre ocupa as últimas posições.
A Unesco, outro organismo das Nações Unidas, define como analfabeto funcional o individuo que sabe ler e escrever o próprio nome, assim como lê e escreve frases simples e efetua cálculos básicos, mas é incapaz de interpretar o que lê e de usar a leitura e a escrita em atividades do dia a dia.
Os índices, infelizmente, tendem a piorar anunciando um desastre social de consequências trágicas. Nenhuma Nação se fez grande e desenvolvida sem ter produzido (e continuar produzindo) leitores em larga escala. O Brasil precisa trilhar esse mesmo caminho caso queira alcançar algum estágio satisfatório de desenvolvimento, sem ser aquele arremedo de país rico de povo pobre.
Enquanto as autoridades se contentam em divulgar índices medíocres de desempenho na educação, vamos acreditando que está tudo bem com nossas crianças desde que recebam merenda e estejam em escolas com os muros bem altos. O conhecimento… ora o conhecimento! Educação, infelizmente, não frequenta a lista de preocupações do eleitor na hora de decidir o voto e, curiosamente, educação e saúde são os dois itens mais mencionados pelos candidatos a cargos eletivos. Pode reparar.
A leitura precede o aprender.
*João Palma é o idealizador da mobilização nacional pela leitura diadelertododia
Benefícios da leitura
João Palma
A ignorância é uma praga social que subjuga e manipula o ser humano. Mas é uma doença que não dói e por isso mesmo se alastra como epidemia. A leitura é um santo remédio:
. facilita a alfabetização
A leitura é fundamental para a compreensão de todas as disciplinas uma vez que o livro didático é o suporte para o aprendizado na escola
. desenvolve o repertório
Uma criança que convive num ambiente familiar onde os pais lêem e contam histórias, ao chegar aos 3 anos de idade, terá ouvido 30 milhões de palavras a mais que outra criança sem esses estímulos.
. estabelece o senso crítico
A leitura ajuda a entender o mundo e a nós mesmos, assim como é um antidoto contra a manipulação e a ignorância.
. estimula a criatividade
Ler é liberar a imaginação para uma viagem fantástica que nos torna personagem e testemunha da história contida em um bom livro.
.facilita a escrita;
Sem ler ninguém escreve, ensina José Saramago. Ler, portanto, é fundamental para que se possa escrever.
. melhora a autoestima
A leitura torna as pessoas mais confiantes, muito mais preparadas.
. previne o Alzheimer
A leitura exercita áreas especiais do cérebro, como a memória, a capacidade mais atingida nos portadores da doença em sua fase inicial.
. reduz o estresse
A leitura diária, bastando apenas 5 ou 6 minutos, reduze de forma considerável os níveis de estresse
. humaniza as pessoas
Pessoas que leem são mais conectadas com as causas sociais, envolvem-se mais com trabalhos voluntários e sendo maioria como doadoras regulares de sangue, medula e também dinheiro para ações humanitárias.
. aumenta a renda
Estudo da Fundação Getúlio Vargas mostra que o homem adulto que aprende a ler aumenta em 10% sua renda, enquanto a mulher eleva em quase 20% seu salário.
. dólares na conta
A Fundação Nacional de Leitura Infantil (National Children’s Reading Foundation) mostra que, para cada ano que a criança, entre zero e cinco anos de idade, passou ouvindo histórias e folheando livros haverá um aumento de 50 mil dólares anuais em sua renda futura.
. É remédio
Ignorância e violência são duas das doenças sociais que se combatem com uma dose de leitura todos os dias.
João Palma é agitador cultural e coordenador do projeto diadelertododia
E eu com iço
João Palma
Está definida a data de 25 de outubro próximo para a terceira edição nacional do diadelertododia, mobilização pela leitura que nasceu em abril de 2015 na cidade de Barueri/SP como ação local.
Foi um enorme sucesso com a participação de mais de 93 mil crianças, jovens e adultos. Bombeiros leram embaixo d´água, policiais militares promoveram blitzes de leitura na rodovia Castello Branco, professores elaboraram inúmeras atividades de leitura, autoridades foram para creches, asilos e hospitais ler para crianças, idosos e pacientes. Foram 12 horas que marcaram o dia 9 de abril de 2015 como um dia de ler, todo dia.
Naquele mesmo ano decidimos realizar nova mobilização desta feita nacionalmente. Aprendemos a duras penas (sem pleonasmo, por favor!) que é impossível contatar as 5570 cidades brasileiras por falta de um mailing confiável, seja de endereços postais ou eletrônicos.
Expedimos 3.602 convites por carta e a maioria por email, mas infelizmente só uma parte chegou ao destino certo, às pessoas certas. Tivemos 427 cidades, várias capitais brasileiras inclusive, participando. No dia primeiro de outubro registramos o envolvimento de 1.320.098 pessoas.
Só para que tenha ideia, essa edição do diadelertododia, edição nacional, em primeiro de outubro de 2015 produziu centenas de reportagens em jornais, blogues, revistas e rádios. Só de televisão e com o que conseguimos clipar, a mobilização rendeu mais de 42 minutos de reportagens em emissoras pelo país todo, sempre destacando as atividades locais. Um espaço gigantesco nesse formato de mídia.
Ano passado, no dia 20 de setembro, nova mobilização e um resultado ainda mais extraordinário: 2.481.332 participantes.
Alguém deve estar estranhando essas datas não coincidentes. Respondo: é que no dia 25 de outubro acontece nova mobilização pela leitura, diadelertododia e quem sabe você se entusiasma, fala com amigos e ajuda a quebrar o recorde de 2016. Acompanhe a página diadelertododia no facebook.
Se lhe perguntarem sobre as datas alternadas (09 de abril, 1º.de outubro, 20 de setembro e agora 25 de outubro) responda simplesmente:
– Dia de ler é todo dia!
*Foi proposital para chamar atenção. Se percebeu o erro lá no título saiba que você faz parte de um grupo de poucos. Se não percebeu não está sozinho; 38% dos estudantes universitários no Brasil têm dificuldades em utilizar a leitura e a escrita no cotidiano.
João Palma é jornalista, ativista cultural e idealizador do projeto diadelertododia
Analfabetismo funcional, uma praga
João Palma
Na estreia dessa coluna aqui no blog, sábado, dia 3 de junho, comecei chutando a pilastra ao acusar o Brasil de não estar formando leitores em larga escala. Alguém poderia buscar informações na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil e me mandar às favas mostrando que no intervalo de duas pesquisas – 2012/2016 – saltara de 50% para 56% o percentual de leitores no país.
Aumentou, é verdade, mas vale uma observação: o que anda lendo o brasileiro? Há dados assustadores que deveriam, verdadeiramente, preocupar nossas autoridades por relevarem que mesmo lendo pouco o brasileiro lê mal e mal compreende o que lê e isso faz dele um analfabeto funcional.
Para demonstrar a gravidade do que escrevo vale verificar os dados do Instituto Nacional de Alfabetismo Funcional, com resultados de 2012: 38% dos universitários têm dificuldades para compreender textos de média complexidade e de utilizar a leitura e a escrita no cotidiano. Escrevi universitários, prestou atenção?
Em favor da leitura podemos dizer que ela facilita a alfabetização, desenvolve o repertório, estabelece o senso crítico, estimula a criatividade, melhora a autoestima, facilita a escrita, reduz o estresse, previne o Alzheimer, humaniza as pessoas, melhora o salário, aumenta a renda.
Precisamos muito de tudo isso!
*João Palma,61, é o idealizador da mobilização nacional pela leitura diadelertododia
Quem lê, sabe mais!
João Palma
Honrado pelo convite de Daniel Thame para ocupar espaço aqui no blog, decidi iniciar a coluna com algumas observações sobre o desprezo pela leitura no país.
O Brasil, infelizmente, não está preocupado em formar leitores em larga escala. Forma leitores, claro que sim, mas não na medida necessária para acordarmos o tal gigante adormecido, a força motriz para o desenvolvimento da Nação.
Fazer a criança gostar de ler deve preceder ao próprio aprendizado da leitura e essa tarefa precisa começar em casa com a família que, convenhamos, prefere televisão. Ao governo cabe a responsabilidade de intermediar, propor, apoiar e direcionar ações que possam ir muito além da compra de livros para distribuir às unidades escolares ou da criação de bibliotecas, pura e simplesmente. À escola cabe a responsabilidade de, mais que ensinar a ler, ensinar a apreender o que é lido.
No âmbito federal, embora existam mais de uma dezena de programas de incentivo à leitura e de acesso aos livros o que fica evidente é que não há conexão desses programas com a formação exponencial, necessária e esperada de novos leitores.
Mais da metade dos professores entrevistados para uma pesquisa nacional sobre leitura disseram que não tinham lido nenhum livro nos três meses que antecederam ao levantamento estatístico; outras fontes, também oficiais, revelam que 38% dos universitários apresentam sérias dificuldades na utilização da leitura e escrita em suas atividades cotidianas e que mais de 70% da população jamais entrou em uma biblioteca.
A coisa é séria e requer ações competentes e rápidas.
Na próxima coluna comento mais. Até lá.
*João Palma,61, é o idealizador da mobilização nacional pela leitura diadelertododia
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