:: ‘Ana Maria Gonçalves’
Autores discutem escravidão e produção cacaueira na ‘Pré-Flica’
(do G1 Bahia)– “Muitas andanças, um só rumo” foi o tema do debate entre uma “baianeira” – junção de baiana com mineira – e um “paulista de nascimento e sul-baiano por opção”, segundo as definições dos próprios escritores, na Caixa Cultural, em Salvador, na tarde de sábado (19). A mesa de discussão entre a mineira Ana Maria Gonçalves e o paulista Daniel Thame fez parte do lançamento da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica) em Salvador.
Autores de “Um defeito de Cor” – que aborda a escravidão na Bahia no século XIX– e “Vassoura” – sobre o declínio da lavoura cacaueira do sul baiano, no final da década de 80 –, respectivamente, Ana e Daniel discutiram sobre os contextos históricos que deram origem aos livros.
Ele conta que a praga da vassoura-de-bruxa atingiu todas as classes sociais que envolviam a produção de cacau, não apenas os ricos fazendeiros. “O livro foi escrito com um punhal. O que vivemos no sul da Bahia é uma tragédia de proporções bíblicas. É um livro em que, apesar de ficção, tudo que está escrito infelizmente aconteceu. É um soco no estômago porque revela a realidade”, diz Daniel.
Filha de pai branco e mãe negra, Ana afirma que a obra “Um defeito de cor” foi resultado de uma busca pessoal e de um posicionamento político. “O trabalho de pesquisa do livro foi a minha busca. Além de ser uma busca pessoal, politicamente me define, como negra e como mulher. Somos vítimas do racismo e do machismo presente até no movimento negro”, declara.
Os escritores também defenderam a democratização do acesso à leitura. Daniel iniciou o debate falando da importância de baratear os preços dos livros. “A primeira coisa é desintelectualizar o livro, tirar o livro e o escritor do pedestal. É preciso fazer um “rolezinho” em bibliotecas. É preciso invadir, ocupar um espaço que é nosso. Falta a gente reclamar isso”, acrescentou Ana. Daniel concordou que é preciso tomar iniciativas para mudar o cenário atual. “Se a biblioteca não funciona, vamos à praça”, disse.
No encerramento da Pré-Flica, aconteceu um debate sobre “Os fatos e as impressões”, com o escritor Laurentino Gomes, autor de best sellers como “1808”, “1822” e “1889”, que narram, num estilo agradável de leitura, a chegada da Familia Imperial ao Brasil, a Independência e a Proclamação da República. O debate foi mediado por Fernado Vita. Laurentino prepara uma trilogia sobre a escravidão no Brasil, que será lançada a partir de 1919.
Escritor sulbaiano participa do lançamento da Flica 2015 na Caixa Cultural em Salvador
O jornalista e escritor sulbaiano Daniel Thame será um dos participantes do lançamento da Festa Literária de Cachoeira. A Pré-Filca acontece dias 18 e 19 na Caixa Cultural Salvador. O evento terá mesas literárias com autores renomados, música e programação especial para crianças e coleta de publicações para doação à biblioteca comunitária Sociedade Unificadora de Professores – SUP.
O lançamento oficial acontece hoje (18) com mesa temática conduzida por Cristiano Ramos com os autores Cristóvão Tezza e Ronaldo Correia de Brito. O evento prossegue amanhã a partir das 9 horas com novas mesas literárias compostas por escritores como: Sônia Rodrigues, Victor Mascarenhas, Fabrício Carpinejar, Miriam de Sales, Ana Maria Gonçalves, Daniel Thame e Laurentino Gomes.
As discussões do dia 19 serão mediadas por autores e especialistas em literatura, como o pernambucano Cristiano Ramos, o curador geral do evento, Aurélio Schommer, o autor baiano revelação, Fernando Vita, além do ator Jackson Costa e do intelectual baiano Zulu Araújo.
Daniel Thame, que participará da mesa com o tema Muitas andanças, um só rumo, com Ana Maria Gonçalves e mediação de Zulu Araujo, é autor dos livros Vassoura, um relato sobre a tragédia gerada pela vassoura-de-bruxa no Sul da Bahia e Jorge100anosAmado, Tributo a um Eterno Menino Grapiuna, obras focadas em personagens dramáticos e muito realistas. Ele publicou A Mulher do Lobisomem e Manual de Baixo Ajuda-como transformar sua autoestima em anã.
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