
Para comer sem culpa! Ilhéus cria primeiro tour completo do chocolate no mundo
Andrea Miramontes, do R7, em Ilhéus
Dos coqueiros aos cacaueiros. A visita a Ilhéus, na Bahia, tem ganhado novo sabor. É o renascimento do chocolate brasileiro, que se aperfeiçoou com passeios, festivais, além de degustações.
Uma das novas atrações anunciadas na terra de Jorge Amado é a rota do chocolate, única no mundo. Embora o roteiro esteja em criação, hoje, é possível visitar as fazendas de cacau e caminhar entre os cacaueiros na mata Atlântica.
Há muitas fazendas com passeios gratuitos. Conheci a produção dos chocolates Mendoá, que mostra plantações, passa pelo controle de qualidade e acaba na embalagem manual. Claro que passa também pela etapa da degustação de chocolates com muito cacau, recheios de paçoca, pimenta ou gengibre. Delícias exóticas para se esbaldar sem pressa.
A marca foi uma das 30 a mostrar as delícias no Festival Internacional do Chocolate e Cacau da Bahia, em julho, com mais de 10 mil visitantes.
Como ressalta Marco Lessa, dono da ChOr, da Chocolat e organizador do festival, o cacau passa pelo mesmo processo que viveram o vinho e a cerveja, com busca do produto prêmium.
Ele conta que Ilhéus criou um novo conceito na indústria, o do “chocolate de origem”, ou seja, plantado, colhido, embalado e vendido no mesmo lugar.
— Só aqui é possível acompanhar toda a produção até a venda. Muitos estrangeiros vêm buscar a amêndoa, e produtores exportam chocolate de primeiríssima qualidade.
Guilherme Moura, dono das fazendas e chocolate Costa Negro, é um dos empresários que festeja a reviravolta do cacau.
— Nosso diferencial é trabalhar com sabor. Hoje, o brasileiro consome barras de açúcar, sem respeito ao mínimo de 25% de cacau. Aqui, fazemos com até 100%, sem mão de obra escrava ou infantil como acontece na África.
Rota do chocolate
Como relata Lessa, os anos entre 1988 até 2008 foram terríveis. As fazendas de cacau foram atacadas pela praga vassoura de bruxa, que devastou plantações. Agora, cacaueiros ganharam fôlego com a leva de jovens empresários.
Ilhéus anuncia também a criação da Rota do Chocolate, com história e cultura. Turistas conhecerão em tour completo todo o ciclo do cacau, com visita a fazendas, plantações e industrialização.
Cidade-fantasma renasce
A praga descontrolada da vassoura de bruxa acabou com cidades inteiras no interior da Bahia. Sem cacau para colher, emprego e dinheiro desapareceram. Os baianos chegaram a abandonar suas casas e deixar construções em ruínas.
Uma delas foi Rio do Braço, a 35 km de Ilhéus, cenário da novela Renascer, da Globo. Hoje, virou uma cidade fantasma. Mas tudo caminha para a total transformação, como conta o empresário Lucas Kruschewsky.
Das ruínas da antiga estação de trem, Kruschewsky levantou um restaurante pra lá de charmoso, chamado Estação Rio do Braço. Um luxo rústico, delicadamente decorado com itens regionais. O local também vira uma baladinha e pode ser fechado para festas.
Nascido no local, Kruschewsky chegou a lavar as telhas das ruínas para recolocar em seu empreendimento o material original. Agora, ele batalha para que a cidade inteira seja restaurada e ganhe ares turísticos, o que tem tudo para acontecer.
?Casas da década de 20 e 30, hoje destruídas, ainda podem dar lugar a uma vila charmosa, daquelas que dão a sensação de voltar no tempo. Será uma espécie de Paraty do Sul da Bahia.
Essa é também minha torcida. Assim, formalizo minha desculpa para voltar e presenciar a transformação de toda uma cidade, arruinada por uma praga e renascida para virar uma verdadeira vedete no interior da Bahia.