
A Festa Literária Internacional do Pelourinho – FLIPELÔ
Efson Lima
A Flipelô, em 2025, ficou muito maior. Surgida em 2017, alcança a 9ª edição. Não é só um espaço das letras, mas uma conjunção do espaço urbano com sua identidade e que se amplia com o passar de turistas, muitos deles que nem sabiam do encontro literário; a gastronomia dos restaurantes e bares que preparam pratos próprios para a temporada. os tambores dos grupos afros e a música intercalada na programação vão constituindo um grande texto literário. As igrejas se abrem para receber editoras e mesas de discussões, toda essa construção forma uma feira literária singular, em um dos “bairros” mais famosos do Brasil e conhecido no mundo, literalmente, sendo um espaço transterritorial.
Essa edição da Flipelô, pela primeira vez, teve matéria exibida no jornal televisivo de maior repercussão no Brasil. A equipe coordenada pelo jornalista Roberto Aguiar fez a Flipelô alcançar milhares de lares brasileiros. Nada mais justo, pois, a Festa homenageou o eterno baiano Dias Gomes, cujos seus textos foram transformados em novelas na TV. O realismo fantástico, de algum modo, foi reverenciado e em bom tom, o tema da festa: “O Bem Amado Dias Gomes” estava anunciado.
Diversos foram os pontos altos no Pelourinho, como na Fundação Casa de Jorge Amado, presidida por Angela Fraga, cuja entidade é a responsável por organizar a festa e apresentar uma programação diversificada. Foram estruturados espaços para a literatura infantil, jovens escritores, editoras universitárias e baianas. Os escritores se misturavam para festejar os livros, a leitura, fazer mediação e festar a literatura. A parceria com as instituições instaladas no Pelourinho, como SESC/SENAC, vão entrelaçando e dando um sentido maior ao evento. A participação da iniciativa privada, por meio de patrocínios, inclusive, alguns deles lastreados na Lei Rouanet oferecem caráter público.
Entre tantos momentos mágicos, um deles foi o bate – papo mediado por Breno Fernandes para dialogar sobre “ O que quer, o que pode a curadoria literária” com as professoras Ester Figueiredo e Inez Carvalho, ambas organizadoras das feiras literárias em Mucugê e Irecê. Foi um potente encontro para pensar políticas públicas em torno do fomento das feiras literárias na Bahia e os percursos desse fazer curatorial; outra atividade marcante foi a “Oficina de Criação Literária” com a jornalista Márcia Moreira, a condução dela fez desmitificar processos e brotar textos criativos e significativos. A sala ficou lotada e, certamente, extrapolou as expectativas. Um grupo cultural da cidade de Santa Terezinha cuidou de conectar a Flipelô com o interior da Bahia. Jovens, crianças, adultos… todos lá saboreando o fazer da escrita.
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Efson Lima é Doutor em Direito/Ufba. Membro – organizador do Festival Literário Sul – Bahia (FLISBA). Integra as Academias de Letras de Ilhéus e Grapiúna (Itabuna).
efsonlima@gmail.com
Que bacana, amigo e destacado articulista Efson Lima! Através da sua escrita envolvente e criativa, tive oportunidade de conhecer um pouco da magia da Flipelô. Que venham outras exitosas edições, e ainda frutos para os profissionais do livro e da literatura, exprapolando o envento: novos leitores, novos escritores, novos mediadores.