TV Cabrália e o desabamento que construiu um repórter
Daniel Thame
Durante meus 13 anos no comando do jornalismo da TV Cabrália, de sua fundação em 1987, até o ano 2000, pude contribuir com o surgimento de grandes profissionais para a televisão baiana e- porque não?- brasileira.
Com mais sorte do que talento/juízo, em algumas vezes contei com a ajuda do doutor acaso, o que na verdade apenas antecipou o que já era óbvio. O cara era bom, faltava uma oportunidade de colocar no ar.
O cara bom em questão era Eduardo Lins, um meninote de Buerarema, sobrinho do grande apresentador Linsmar Lins, da TV Aratu.
Colocado na TV Cabrália à pedido do tio, obviamente. Pedido prontamente atendido por Nestor Amazonas, talentoso ao extremo, gênio diria eu, mas no quesito juízo, dava empate técnico comigo.
E já que era na base do QI (Quem Indicou), vai lá ficar como estagiário da produção do Cabrália Esportiva, o que era e mesma coisa que “rapaz, fica aí e não me enche o saco`.
Ah, mas esse trapaceiro chamado destino.
Uma tarde chega a informação de um desabamento terrível de um prédio em Jequié, com mortos e feridos. Tragédia das grandes,
Com nenhum repórter na casa, chamei Eduardo e disse:
-Vai lá com o cinegrafista, faz umas entrevistas, pega boas imagens, informações e chegando aqui eu faço o texto pro repórter gravar.
E, aí era Daniel Thame em estado bruto (naqueles tempos, bota bruto nisso!), falei quase por instinto:
-Já que você tá lá mesmo, grava uma passagem na frente do desabamento…
´Passagem` para os leigos, é aquele parte da matéria em que o repórter aparece.
Editando o papo: Eduardo volta pra tevê com o texto pronto, boas entrevistas e uma passagem perfeita pra amarrar a reportagem.
Segue a matéria da vida: o estagiário que estava na tevê porque o tio famoso indicou, se transformou num repórter de primeira, saltou da Cabrália pra Rede Bahia, onde fez luma carreira brilhante, com passagens marcantes pela TV Subaé de Feira de Santana e em seguida pela TV Sudoeste, de Vitória da Conquista, onde aportou há cerca de 15 anos e atualmente chefia o jornalismo, sempre com alma de repórter.
Com toda a justiça, Eduardo Lins, menino de Buerarema, combinação de ótimo profissional com excelente caráter, é também de Cidadão de Vitória da Conquista.
Uma bela história de quem começou a construir uma carreira a partir de um desabamento.
O trocadilho é infame, mas como eu disse, sempre fui mais transpiração do que inspiração.
Grande Eduardo Lins!












Vc é um excelente contador de história, não é à-toa que é escritor!