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O Ato Público Nacional Educação Contra a Barbárie, organizado pela UFBA  reuniu representantes dos estudantes, institutos federais e universidades públicas baianas, que puderam falar sobre a realidade enfrentada por essas instituições no contexto atual. Para o reitor da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Alessandro Fernandes, os institutos federais e universidades públicas “têm dado respostas à altura do que a sociedade espera principalmente neste momento de pandemia”.

 

 

 
“Nesse momento de tanto obscurantismo, tanto negacionismo, a universidade serve como um farol para a sociedade”, disse ele, que considera que as instituições estão em dois frontes de batalha: um no combate à pandemia do novo coronavírus, e outro, em defesa de sua existência. O reitor alertou que a inclusão social promovida pela universidade está comprometida diante do cenário de cortes orçamentários. “Estamos sob um ataque severo”, avalia.

 

 

 
“A universidade pública brasileira é um patrimônio da sociedade”, declarou Fernandes, destacando a importância das instituições de ensino para o desenvolvimento da nação. Por fim, afirmou que a educação salva vidas, o Sistema Único de Saúde (SUS) salva vidas, as vacinas salvam vidas, a ciência salva vidas. “Desejamos vacina para todas as pessoas”, afirmou o ele, que defendeu o direito a uma vida digna para cada cidadão e cidadã brasileira.
A reitora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), Luzia Mota, ressaltou que a instituição se faz presente com 32 unidades espalhadas no Estado, atendendo mais de 30 mil estudantes, muitos dos quais em situação de “altíssima vulnerabilidade”, que não conseguem permanecer na universidade sem as políticas de assistência. A professora fez referência a uma “asfixia orçamentária”, que é responsável pela redução dessas políticas de assistência estudantil tão necessárias.

 

 

 

Também presente ao evento virtual, o secretário da Educação do Estado, Jerônimo Rodrigues, manifestou o seu apoio ao ato nacional. O educador Anísio Teixeira, que teve 120 anos do seu nascimento celebrados em 2020, foi destacado por ele por sua contribuição na construção de uma educação pública, gratuita e de qualidade no país. Conforme afirmou, os ataques às universidades são parte de um projeto de desmonte da educação, que afeta desde a educação infantil até o ensino superior.

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Sônia Fernandes, presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), falou da interiorização e capilaridade dos institutos, que atendem mais de 1 milhão de estudantes brasileiros. Parabenizando a realização do ato, reafirmou a defesa da educação, da ciência e da vida, e reivindicou investimentos públicos para que esses direitos sejam realizados na prática. “Não aos cortes, não aos vetos, não ao obscurantismo criminoso”, defendeu.

Ronalda Barreto, coordenadora geral da Aduneb – seção sindical dos docentes da Universidade do Estado da Bahia, ressaltou a luta comum das universidades públicas e institutos federais. “Os problemas são muito semelhantes”, disse, elencando os cortes orçamentários, a desvalorização do trabalho docente, a redução da proteção social dos trabalhadores e os ataques aos sindicatos. Ela criticou o arrocho salarial, a falta de novos concursos públicos e a terceirização. Em sua fala, chamou atenção ainda para os riscos da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição – PEC 32/2020, que, conforme apontou, acaba com o a estabilidade no serviço público e confere poderes excessivos para interferência nas universidades públicas. “Será um golpe de misericórdia na universidade”, analisou Barreto.

 

 

 
O parlamentar Waldenor Pereira, ex-reitor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), apontou o corte de recursos para milhares de bolsas de mestrado e doutorado em instituições de todo o país, que afeta a política de pós-graduação e o desenvolvimento da pesquisa nacional. Condenou o avanço de um projeto político que elegeu como inimigo a educação, promovendo a extinção de vários programas exitosos, como o Ciências Sem Fronteiras e Reuni, e que ameaça o direitos dos mais vulneráveis, como os povos indígenas e populações LGBTQIA+. “Tiveram até a ousadia de tentar tirar de Paulo Freire o título de patrono da educação nacional”, lembrou.

 

 

 

 

Layane Cotrim, presidente da União dos Estudantes da Bahia (UEB), enfatizou a importância da defesa da autonomia universitária, citando os casos de inúmeros reitores eleitos e não empossados, desrespeitando a deliberação da comunidade universitária. Ela observa que a crise econômica foi agravada pela pandemia, sobretudo em razão da falta de gestão adequada para o enfrentamento da crise sanitária.
A representante da UEB considera necessária a mobilização dos estudantes, docentes, sindicatos e entidades de classe para enfrentar o cenário atual de cortes nos orçamentos das universidades. E acredita que, neste momento, deveriam estar sendo feitos investimentos em pesquisas realizadas por essas instituições para ajudar a salvar vidas, ao contrário do que está acontecendo.