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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

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:: 23/ago/2020 . 21:59

Itabuna se aproxima dos 9 mil casos de Covid 19

O boletim epidemiológico divulgado neste domingo, 23, apontou que nove óbitos decorrentes da Covid-19 foram confirmados nas últimas 24 horas no município de Itabuna. Segundo o boletim divulgado no sábado (22), 185 óbitos haviam sidos notificados, já neste domingo o número subiu para 194.

O município tem 8.924 casos, 231 nas ultimas 24 horas, confirmados do novo Coronavírus, sendo que 4.380 foram curados e 4.350 permanecem ativos. Nos leitos hospitalares, 20 pacientes estão internados em Unidades de Terapia Intensiva e 58 em leitos clínicos. Existem apenas 3 leitos de UTI disponíveis, incluindo pediátricos.

A vida dos outros

Marco Lessa, no Bahia Online.     marco lessa 1Quando morava em Guanambi, sudoeste da Bahia, na década de 70, os meios mais comuns das pessoas saberem sobre os acontecimentos pelo Brasil e o mundo, e da vida de outras pessoas, era ouvindo os programas na rádio AM, na TV, em preto e branco, ou nas rodas de conversas pela cidade.

Lembro das inúmeras tardes ouvindo a ‘prosa’ dos adultos, deitado sobre uma pilha de sacos de açúcar no armazém do ‘Seo’ Roldão, esperando ansiosamente a rodada de requeijão com café, sagrados naqueles momentos onde todos se atualizavam do que ocorrera semanas, dias ou horas anteriores ao encontro diário.

Os anos foram passando, como em Guanambi, as cidades cresceram e os meios de comunicação foram se multiplicando, com mais canais de TV, agora em cores, rádios AM e FM, jornais e revistas, surgimentos de clubes sociais, novos bares, restaurantes, enfim, inúmeras possibilidades de saber sobre tudo e todos. Mas os encontros para o café ao final do dia, ou uma cerveja na saída do trabalho, ou as janelas vizinhas nas cidades pequenas, ainda tinham um papel fundamental nas notícias, principalmente nas locais.

Falava-se do global, mas o gostoso e o que mais parecia interessar era, sem dúvida, o assunto local, a vida de quem conhecemos, ou já ouvimos falar, enfim, a vida dos outros.

O tempo passa, os meios se ampliam, os assuntos, temas e conteúdos mais diversos e interessantes surgem aos milhares: jornalismo, culinária, cinema, novela, música, programa infantil, humor, a vida de famosos, tudo o que poderíamos imaginar e muito mais. Contudo, mesmo os veículos mais próximos, como um jornal ou rádio locais não conseguiam atender a uma demanda exclusiva e, com certeza, a mais apetitosa: trazer notícias ou gerar o interesse pela vida do vizinho, do parente, de amigos, do colega de trabalho. Esses “furos” tinham hora e locais certos, e havia quem passasse o dia ouvindo rádio, vendo tv, lendo jornal, mas esperando o próximo capítulo da vida real.

Eis que surge a internet. E muda tudo. No início, o trânsito na grande rede era burocrático, ainda voltado para movimentar dados, para o trabalho. Depois chegam as primeiras informações sobre os mais diversos assuntos, como um meio de notícias e o correio eletrônico, o e-mail. Mas quando começam as redes sociais, meus amigos, o mundo sofre uma revolução em vários aspectos, pois o que fora criado para pessoas encontrarem pessoas e construírem redes de relacionamento, dá um poder de comunicação inimaginável a uma grande parte desses membros, tornando-os novos geradores de conteúdo, sobre a própria vida e sobre os mais diversos temas. O que era possível apenas aos veículos de comunicação de outrora, tornando-se, apesar da força econômica ou capacidade profissional de tais organizações, os seus concorrentes diretos.

As novas tecnologias não pararam – e não param, de evoluir, com mais velocidade das redes, mais capacidade de armazenamento de dados, mais acessos aos equipamentos geradores e receptores de conteúdo, cada vez menores, mais fáceis de usar, mais baratos e mais poderosos, aumentando, portanto, a força dos novos conglomerados de comunicação representados por milhões e milhões de indivíduos por todo o mundo.

As notícias, os filmes, as novelas, os conteúdos educativos e programas infantis hoje têm fortes concorrentes: notícias de para onde dezenas de conhecidos, não tão conhecidos, famosos e amigos viajaram e o que fizeram na viagem; cenas reais mostrando dramas pessoais, humor, tragédias e fatos da vida de gente próxima ou que nunca vimos. Pessoas comuns ensinando coisas incríveis ou receitando aquilo que não faz o menor sentido, bebês e bichinhos revelando talentos e momentos lindos que eram restritos aos pais em casa ou aos seus donos; revelações inesperadas, intrigas, provocações, declarações surpreendentes, ofensas pessoais, agressões, lições de vida, exemplos de amor ao próximo, campanhas por causas humanitárias e outras por causa própria,; notícias falsas convincentes e verdadeiras inacreditáveis, encontros, desencontros e reencontros, separações, decepções pessoais, decepções políticas, eclesiásticas e amorosas,; amores e sexo virtuais, revelação de sonhos, realização desses sonhos, revelação de pesadelos, alegrias, amores, dores, novas amizades verdadeiras, velhos amigos que preferimos bloquear para sempre, reinvenções, mudanças de rumo, saudades mortas, novos vícios.

Portanto, nesses novos tempos, vamos redescobrindo mais maneiras de viver e conviver, mantendo em alta, e jamais tão em alta, o interesse e curiosidade das pessoas por tudo,: novos assuntos, novos conteúdos, novidades nas mais diversas áreas, mas, principalmente e sobretudo, naquela em que a maioria não resiste, e de fato, um vício: a vida dos outros.

E, diante do que assisto hoje, confesso: trocaria tudo por um pedaço de requeijão com café, sobre uma pilha de sacos de açúcar.

Marco Lessa é publicitário, empresário e cridor do Chocolat Festival





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