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O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão (governo Dilma) conta que recebeu, tal como ocorreu recentemente com o ministro atual, o ex-juiz Sérgio Moro, representantes da indústria tabagista, que lhe propunham uma ação junto ao ministro da Fazenda para baixar a alíquota de IPI de uma nova classe de cigarros de “baixo custo”. Era, explicaram os tais representantes, uma forma de concorrer com os cigarros paraguaios contrabandeados para o Brasil. Segundo eles, relata o ex-ministro, os cigarros paraguaios causavam prejuízo à indústria brasileira (pela concorrência desleal) e também causavam um rombo na arrecadação. A alternativa seria, pois, a indústria nacional entrar nesse segmento de atender tabagistas de baixa renda. Claro, com apoio do Estado, para oferecer um produto muito mais nocivo aos mais pobres.

O então ministro repeliu a proposta, categoricamente, por entender que a solução para a concorrência desleal do país vizinho seria uma ação mais contundente contra o contrabando, não, porém, estimular a indústria tabagista brasileira, quando o esforço em saúde pública era eliminar, ou, pelo menos, reduzir drasticamente o consumo de tabaco, que não só causa doenças letais com muito sofrimento aos que não conseguem largar o hábito, como também impõe um custo elevado ao sistema de público de saúde.

A julgar pelo noticiário, essa verdade elementar (o dano que o fumo causa à população e aos cofres do Estado) parece muito complexa  para o entendimento do ex-juiz de Curitiba, surpreendentemente alçado à cadeira de Ministro da Justiça: ele anunciou que pretende criar uma comissão para estudar a redução da alíquota, de acordo  informações dos jornais comunistas Folha de São Paulo e O Globo.

Segundo Eugênio Aragão, baixar a alíquota do imposto para cigarros faz bem à indústria, mas faz muito mal à sociedade, que tem que arcar com os custos do tabagismo.

Querer baixar IPI para uma classe de cigarros de “baixo custo” – e, claro, de baixíssima qualidade – é fazer o governo subvencionar mata-ratos para pobres.

Só falta o cinismo aqui (são palavras do ex-ministro Aragão): “afinal, pobre já não se envenena com mata-ratos paraguaios? Deixe-os se envenenarem com o brasileiro, que, ao menos, traz receita para o Estado e lucro para a indústria!”

“A proposta, já se vê, é indecente e imoral. Seria mais producente que Moro se empenhasse na repressão ao contrabando. Afinal, reprimir é com ele mesmo! Mas não nos faça de idiotas, sugerindo que cigarro barato para pobre faz bem ao Brasil!”

O novo ministro da Saúde, o economista Abraham Weintraub, já mostrou que, em matéria de inteligência, caráter e incompetência está à altura do capitão que o nomeou. “O socialismo é a aids, o comunismo é a doença oportunista”, disse o grande homem. No ano passado (o que certamente o credenciou a ser ministro do capitão), ele se saiu com este disparate:

“…Os comunistas são o topo do país. Eles são o topo das organizações financeiras; eles são os donos dos jornais; eles são os donos das grandes empresas; eles são os donos dos monopólios…

O textinho seria apenas mais uma bizarrice desse governo tosco. Mas é criminoso, do ponto de vista ético (por não citar a fonte) e do ponto de vista humano (por ser a fonte quem é). O texto é de Hitler, substituindo “judeus” por “comunistas”: O que o Brasil pode esperar de gente com tamanha (falta de) qualificação? Eis a fala nazista, d 1930:

“…Os judeus são o topo do país. Eles são o topo das organizações financeiras; eles são os donos dos jornais; eles são os donos das grandes empresas; eles são os donos dos monopólios…”

 

E por falar em comunistas, o ministrão da Economia deixou escapar, durante reunião com empresários, que “Lula nunca roubou nem um tostão”. A frase caiu como uma bomba, pois Paulo Guedes, pelas rodas em que anda (incluindo o colega da Justiça, Sérgio Moro), é muito bem informado. Claro que o ato falho (?) lhe custou caro: os bolsonaros, prontamente, o rebaixaram de “Posto Ipiranga do governo” a “perigoso comunista”.

 

(As diatribes do Barão e sua equipe são publicadas as terça e sábdos, quer chova, quer faça sol)