Eulina Lavigne

eulina lavigneO maior presente que recebemos dos nossos pais é a VIDA. E a vida é uma grande jornada. Antes mesmo de chegarmos ao mundo, o nosso corpo registra tantas emoções vivenciadas pelos pais que, se Roberto Carlos soubesse, faria uma canção sobre isso.
Recentemente, pesquisas realizadas pela universidade de Emory University School of Medicine nos EUA, constataram a possibilidade de existir uma herança epigenética transgeracional, que revela que o ambiente pode afetar os gens de um indivíduo e pode ser trasmitido aos seus herdeiros antes mesmo de chegarem ao mundo.

Nos assustamos com tanta luz, com uma mão estranha que nos puxa para o mundo e, por vezes, com um tapa no bumbum. Apesar do desejo de ficar naquele espaço quentinho e aconchegante, quem sabe com medo dos desafios que nos aguarda, precisamos ser resgatados. E a vida nos convida para estarmos presentes.

desafioPresentes? Como assim? Nem pensar! Esse mundo me assusta! Me retirando de um conforto, me batendo, me puxando. Muita gente me olhando, me pegando, comentando sobre mim. Nossa! Quero tomar o trem de volta.

Fico a imaginar se esse seria ou será o diálogo das nossas células antes mesmo de nascermos, ao vivenciarem tantos eventos que estimulam a sair de cena ao invés de estarmos presentes. Além disso, podem existir eventos de ambientes conflituosos, brigas, discussões, drogas, que envolvem o nosso sistema familiar e dão continuidade a esse desejo interno do “vamos fugir por aí, baby”.

Tudo isso nos faz acreditar que a presença é algo que incomoda muito ao invés de perceber que estar presente é um GRANDE PRESENTE!

E dessa forma nos autoexcluímos da vida usando alguma estratégia: ou sendo agressivos, passivos ou opositores em demasia. Por que será? Ou melhor, para que será? Como diz Vivina Machado, minha querida comadre e criadora do Método Diálogo e Gestão Criativa de Conflitos, em seu livro de mesmo nome, estas estratégias são a forma que aprendemos a jogar o jogo da vida. Para manipular, testar o outro. Para ver como o outro reage. São os jogos de poder, utilizados para justificar a necessidade de “saber o terreno onde estamos pisando.”

Sinto lhe dizer que todas essas estratégias são utilizadas principalmente para evitarmos o DIÁLOGO! “Como assim?” Você deve estar a se perguntando. A resposta é simples e complexa. Porque o diálogo nos convida a sairmos do conforto da ausência, nos direciona para um estado de presença autêntica. Pede presença, paciência e escuta. Escuta, inclusive, de verdades que muitas vezes não queremos ouvir.

E, novamente citando Vivina, que nos diz que a presença do outro é uma porta fundamental para constatarmos nossas coerências e incoerências, já que a coexistência amplia as possibilidades de acesso a diferentes níveis de realidades, a emergência de conflitos, sobretudo, ao confrontarmos no outro e com o outro essas incoerências e inconsistências (Machado, Vivina. Diálogos e Gestão Criativa de Conflitos – Método centrado na complexidade do pensamento e simplicidade da ação, 2016).

De um certo ponto, o diálogo ativa o nosso medo, o medo do confronto, da presença, e por outro lado, nos convida a exercitar a interdependência. É como um jogo de frescobol, onde um joga a bola e outro segura para evitar que a bola caia e o outro se mantenha no jogo do diálogo.

No próximo artigo falaremos do presente de ser interdependente!