Elen Prince

 

ellen prince   Sexismo ou discriminação de gênero é o preconceito ou discriminação baseada no sexo ou gênero de uma pessoa. Ele se faz presente no nosso dia dia, de forma escancarada, e muitas vezes, de forma imperceptível. Essa não percepção, deve-se ao enraizamento sociocultural do patriarcado, ou seja, homens os dominantes, e mulheres as submissas. Não é de agora que as mulheres são preteridas dentro da sociedade. De uma forma geral, os homens são vistos como os mais capazes dentro do gênero. Não se trata de avaliar um homem e uma mulher, de graus de instrução diferentes e fazer um comparativo. Até mesmo dentro de subgrupos onde homens e mulheres possuem o mesmo nível acadêmico, por exemplo, os homens sempre serão apontados como os melhores sem qualquer análise prévia.

Isso vai além de rivalidade ou de briga de ego. Não se trata disso, de querer a superioridade, a supremacia para si. Se trata de sentir na pele diariamente que, por mais que as mulheres busquem o reconhecimento, ainda assim, elas sempre estarão atrás dos homens, não pela capacidade, de fato, mas por serem mulheres. Isso é um comportamento natural e mecânico da sociedade. Quantas mulheres já foram subestimadas intelectualmente em um debate, ou roda de bate papo com amigos, por exemplo? É uma necessidade constante do homem tentar impor sua “superioridade”, muitas vezes, tentando diminuir a mulher. O mercado de trabalho é um outro campo onde o sexismo se faz presente, partindo do princípio das mulheres que ganham muito menos que os homens, enquanto ocupam as mesmas vagas, ambos os gênero com o mesmo grau de instrução. O fator que diferencia dando peso à essa diferença, é tão somente o gênero.

Quando trazemos o tema para a liberdade sexual, o sexismo se apresenta em sua forma mais explícita. Enquanto os homens são elogiados, aclamados, pelo número de parceiras sexuais que eles “colecionam” durante a vida, quando se aborda esse mesmo contexto para as mulheres, elas são discriminadas, rotuladas, expostas como pessoas sem valor. O sexismo trabalha cercado de hipocrisia, partindo do conceito de “homem pode tudo, mulher não pode nada”. Essa cultura distorcida é tão antiga, e por mais que o mundo tenha evoluído, essa raiz ainda predomina. O corpo do homem é dele, e ele o movimenta como bem quer. O da mulher, é objeto de julgamentos sociais, onde ela sempre será reprimida, subjugada, ou seja, “dois pesos duas medidas.

Ainda no âmbito pessoal, pais solteiros e mães solteiras são vistos de formas diferentes, aliás, dificilmente se ouve por aí a expressão “pai solteiro”, mas se ouve constantemente a expressão “mãe solteira” em sua forma mais pejorativa, em tom de ofensa mesmo. Isso é extremamente cruel, injusto com as mulheres. Nos reprime, nos obriga muitas vezes, a nos tornarmos uma marionete conduzida pelos preceitos que a sociedade define como adequados, mas claro, só serve para as mulheres. O sexismo é uma conduta machista, uma das vertentes que compõem esse ciclo de desrespeito para com as mulheres, passando pelo assédio, constrangimento, dentre outros.

Exemplo claro e atual, é o que houve na Rússia recentemente, onde brasileiros num ato sexista e misógino, cometeram assédio, utilizando termos pejorativos acerca do órgão sexual de uma torcedora russa, sem que a mesma compreendesse do que se tratava, fortalecendo também a ideia racista, ao tentar transmitir a ideia deturpada de superioridade da torcedora em questão sobre outras mulheres, por ela ser branca. A forma que os homens em questão conduziram a tal “brincadeira”, foi numa leveza, numa tranquilidade, como se ali não estivesse acontecendo nada. O sexismo está impregnado no cotidiano, e ao contrário do que muitos tentam vender, não é brincadeira. Isso restringe a nossa liberdade e prejudica nossa capacidade de termos vidas seguras, gratificantes e autônomas.

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Ellen Prince é estudante de Ciências Contábeis, pesquisadora e militante dos direitos da mulher