medoEulina Lavigne

eulina lavigneBrian Swimme, em seu livro “O Universo é um Dragão Verde”, conta-nos que o nosso corpo traz a memória do Universo. E que o nosso medo vem da experiência e mistérios da grande floresta. Para mim, esta é uma boa possibilidade.

Também penso que o medo deve ser uma criação nossa para autoproteção, para permanecermos em um estado de conforto. Para, muitas ou algumas vezes, nos servir de justificativa e até nos paralisar.

Acabei de me mudar para a zona rural e, no processo de mudança, num certo dia, o medo quis tomar conta de mim. Tanto que quase que não dormi, para ficar com ele. Rindo aqui enquanto escrevo, acho que me percebeu carente e disse: “fique aqui comigo que vou lhe proteger e não vai a lugar nenhum”.

Confesso que quase acreditei nele e me chamei de louca ao fazer tamanha investida. Como você vai? E se não der certo? E se não se adaptar? Onde vai morar? E se você perder tudo? Como vai ficar? Vai deixar os filhos?

E foi nesse momento em que o medo me desafiou que pensei na morte. Não por vontade de morrer, pois a vida será sempre a minha melhor incentivadora para seguir, mas como a única certeza que temos. Em algum momento, que não sabemos onde e nem quando, ela nos pega de surpresa e não teremos nem tempo de arrumar as malas e levarmos tudo o que conquistamos de material. Vamos em nossa companhia e com as experiências e aprendizados vividos.

Talvez, essa conversa que o medo tentou estabelecer comigo, tenha ativado o meu medo de morrer. E eu que quero viver 100 anos, se nada desse certo, perderia a chance de viver por mais 43 anos.

E foi nesse momento que chamei as minhas mais de cinquenta trilhões de células, inteligentes e pensantes para uma conversa séria. E convidei cada uma delas a acolher o medo e toda a conversa que ele teve conosco. Disse a elas que precisávamos evitar brigar com o medo e respirar. Contei-lhe que tínhamos um propósito, um movimento a ser feito e que a nossa coragem estava ali para nos levar e conquistarmos tudo o que precisávamos.

Essa pode lhe parecer uma conversa de doido, fique a vontade para achar, mas o fato é que quando deixamos que a nossa mente seja preenchida por fatos que não são concretos e verdadeiros, nos perdemos de nós e criamos problemas que não existem e que passam a existir por acreditarmos serem reais.

Compliquei?

Então resumindo: quando o medo bater em sua porta, beba água, acolha, respire e diga a ele que quando for atravessar a rua, ou estiver em uma janela no 24º andar de um prédio, por exemplo, aí você convida ele para se apresentar. Em todas as outras situações, olhe para sua coragem, siga e cumpra a missão a que foi destinado a cumprir.

Depois cante com o Jota Quest: ‘ei medo, eu não te escuto mais. Você não me leva a nada. E se quiser saber pra onde eu vou, pra onde tenha Sol, é pra lá que eu vou…”