Voltando de Salvador pela BR 101, sintonizo a Ubatã FM, que dá pra ouvir com o som limpinho de Santo Antonio de Jesus até Itabuna.

       Eis que, em meio a comerciais de remédios (e bicho do pé a prevenção de enfarto), empreendimentos da região (mercados, farmácias, lojas de roupas e calçados, etc.) e videntes que prometem trazer de volta a pessoa amada e resolvem até questões de terras (atenção MST!), me deparo com muitos anúncios de festas, todas elas bancadas pelas prefeituras.

       Chama a atenção que quanto menor a cidade, maior é o tamanho da festa, com atrações que incluem grandes nomes do forró, pagode, axé, arroja e até cantores gospel. Tudo bancado pelos cofres públicos.

       Estaria tudo  muito bom, tudo muito bem se os moradores dessas cidades-festeiras não sofressem com a falta de saneamento básico, saúde precária, prédios escolares caindo aos pedaços e jovens lançados ao ócio e à tentação das drogas.

       Com a garantia do anonimato, um promotor de eventos que conhece bem o negócio, revelou a esse blog que em alguns casos (não são todos, vamos deixar bem claro, para não generalizar), a coisa funciona mais ou menos assim: você coloca um trio, uma banda ou um artista por 10 mil, assina uma nota de 30 mil e a diferença: bem, o que seria deste país sem o respeito as diferenças?