:: ‘Jorge de Figueiredo Correia’
Ah, se Figueiredo soubesse o que está acontecendo em Ilhéus…

Anna Lívia Rosa Ribeiro
Entre o espanto e o encanto, um olhar imaginário sobre a cidade que nasceu capitania e virou literatura.
Ah, se Figueiredo soubesse o que está acontecendo em Ilhéus… Talvez não acreditasse.
Se o velho donatário voltasse das brumas do tempo, ficaria dividido entre o espanto e o encanto. Aquele pedaço de terra que recebeu como sesmaria fértil, cercado de matas e rios caudalosos tornou-se uma cidade viva, que guarda sob o asfalto e o tempo os vestígios de sua origem colonial.
Hoje, Ilhéus é uma mistura de memória e movimento. É cidade que vive entre a brisa do mar e o cheiro doce do cacau e do chocolate, entre a lembrança do engenho e o rumor das ruas asfaltadas. É palco de histórias que atravessam séculos, de personagens que caminham entre o real e o literário, de lendas que insistem em permanecer no imaginário popular.

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Francisco Romero e, depois, Jorge de Figueiredo Correia jamais poderiam imaginar que suas doações e empreendimentos dariam origem a um núcleo urbano de tamanha relevância histórica, literária e cultural. Das primeiras aldeias ao Engenho de Santana, nasceu uma sociedade marcada pelo trabalho escravizado, pela economia do açúcar e, mais tarde, pelo brilho dourado do cacau.
O cacau, que tingiu de ouro as mãos e os sonhos de uma geração, transformou a paisagem e o destino da região. Trouxe riqueza, poder e conflitos. Fez surgir coronéis e cabarés, amores e tragédias. Em torno do fruto, ergueu-se uma cultura que moldou modos de falar, vestir, negociar, sonhar.
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