:: ‘João Gilberto’
TVE Bahia apresenta ´ João Gilberto Infinito´
Roda de conversa e muita música dão o tom de ‘João Gilberto Infinito’, especial produzido pela TVE Bahia, que vai ao ar nesta sexta-feira (26), às 22h. O programa terá a participação de músicos, artistas, poetas e admiradores, mergulhando na memória e relembrando a obra do artista, considerado o pai da bossa nova, e que faleceu no início do mês de julho.
Nascido em Juazeiro, no norte da Bahia, João Gilberto foi um artista inovador e um dos representantes da Bossa Nova fora do Brasil. Na sua cidade natal, ganhou um violão do pai e começou a ouvir os mais variados tipos de música. Aos 16 anos, foi morar e estudar em Salvador, mas, chegando na capital, abandonou os estudos para se dedicar à música.
O especial vai falar na genialidade e da revolução que o baiano fez na música, reconhecido internacionalmente pela crítica especializada em um concerto em Nova York, na presença da imprensa americana, que tinha o objetivo de promover a bossa nova nos Estados Unidos.
João Gilberto, o mestre avoado
Marival Guedes
Escrevi este texto há cerca de dois meses para o programa Multicultura da rádio Educadora onde fui premiado ao responder uma questão sobre a Bossa Nova. Dentre os brindes, o livro Chega de Saudade: A história e as histórias da Bossa Nova (Ruy Castro).
O livro contribuiu para eu entender melhor João Gilberto, incluindo seus atrasos e “desligamentos”. Desde criança é avoado: esquecia livros, cadernos, canetas e até as sandálias.
Um dia a mãe lhe deu um par de sapatos e o advertiu para ter cuidado. Na rua foi convidado a jogar bola e enterrou os sapatos com medo de perdê-los. No final do jogo não lembrou o local e voltou pra casa descalço.
Quando estava em Porto Alegre decidiu ir à Diamantina (MG) visitar a irmã Dadainha e o cunhado Péricles. Ao chegar notou que não havia levado o endereço e saiu perguntando onde morava o casal. Ficou impossível, João desembarcou na cidade errada, em Larvas, a quatrocentos quilômetros do seu destino.
Episódio também interessante ocorreu quando já fazia sucesso: depois de um show em Belo Horizonte um músico cego foi visita-lo no hotel e elogiou o som do violão. João lhe ofereceu o instrumento de presente. O músico recusou, mas João insistiu: “faço questão. Leve como lembrança.
Detalhe: o violão não era dele e o dono, seu amigo Pacífico Mascarenhas, responsável pela contratação do show, assistia incrédulo aquela cena.Mas não interferiu.
Na juventude em Juazeiro, introspectivo dentro de casa, só queria tocar e cantar. O pai avaliou que Joãozinho estava “ficando Tantã” e um primo-irmão o levou para uma consulta no Hospital das Clínicas, em Salvador, setor psiquiátrico.
Da janela do hospital João, contemplando a paisagem, falou:
“Olha o vento descabelando as árvores”.
Uma psicóloga comentou: “Mas árvores não têm cabelo, João”.
Ouviu a tréplica genial: “E há pessoas que não têm poesia. ”
João Gilberto, principal nome da Bossa Nova, levou esta nova batida e jeito de cantar para o Brasil e vários outros países influenciando decisivamente uma geração de grandes nomes da MPB. Um mestre que deixou um imenso legado.
Rui decreta três dias de luto oficial pela morte de João Gilberto
O governador Rui Costa utilizou as redes sociais para manifestar seus pêsames pela morte do baiano João Gilberto neste sábado (6) e decretar três dias de luto na Bahia. Leia a nota de pesar na íntegra:
“Pai da Bossa Nova, João Gilberto ajudou a projetar a imagem da Bahia e da música brasileira para o mundo. Hoje, sua morte silencia a música. Meus sentimentos aos familiares, amigos e fãs de um dos mais ilustres filhos de Juazeiro, que se tornou uma referência para as gerações de músicos que vieram depois da Bossa Nova. Os baianos têm orgulho de João Gilberto e por isso preservaremos seu legado. Que Deus conforte todos neste momento de dor. Decreto três dias de luto oficial na Bahia pela morte de João Gilberto”.
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