O Discurso do Rei
Por Raquel Rocha
“Ele renasce do silêncio que deveria parecer uma eternidade pra ele”
Hoje eu vou falar sobre um filme que gosto muito e há um tempão queria escrever sobre ele. “The King’s Speech” filme ganhador do Oscar 2011. A obra retrata uma fase da vida do Rei George VI (pai da Rainha Elizabeth II) e sua luta contra a gagueira que lhe acompanhava desde a infância.
Para tentar se livrar da dificuldade Albert, até então Duque de York procura vários médicos em vão. Sua esposa, Elizabeth busca então ajuda do terapeuta da fala Lionel Logue que utiliza métodos não convencionais para tratamento. Lionel logo percebe que a gagueira de Albert tem causas emocionais mas o membro da realeza britânica se recusa a falar sobre sua vida pessoal. “Qual foi sua primeira lembrança?”, “Quando você começou a gaguejar?” pergunta o terapeuta diante da resistência do novo paciente.
O Duque, sentindo-se invadido só não abandona o processo na primeira sessão porque o terapeuta prova que sua dificuldade não é física. Para tanto ele coloca um fone de ouvido com música extremamente alta em Albert e pede que ele leia um texto para gravação. A música ao mesmo tempo que o relaxa impede que o duque ouça a própria voz e quebre o bloqueio da gagueira.
Apesar do orgulho Albert se submete ao terapeuta que deixa bem claro “Meu castelo, minhas regras” e coloca-se numa posição de igualdade com o nobre. Desse tratamento atípico, cheio de cenas deliciosamente engraçadas, surge pouco a pouco uma forte amizade entre ambos. A figura de Lionel Logue é cativante, uma mistura de carinho, autoridade e espontaneidade. As cenas do médico se alternam entre ele tratando de Albert, ele em casa com sua esposa e filhos e sua paixão pelo teatro, marcada pelas inúmeras citações de Shakespeare e pela cena em que ele faz um teste para uma peça e é considerado velho demais para o papel.
Em meio ao tratamento o Rei George V pai de Albert morre e seu irmão mais velho Edward é coroado sucessor do trono. Albert parece conformado no papel de coadjuvante na família real mas seu irmão decide renunciar o trono para se casar com uma mulher divorciada, a americana Wallis Simpson. A renúncia do irmão coloca o Albert diante do desafio mais difícil da sua vida, ser o primeiro sucessor de um Rei vivo na história da realeza britânica e ainda ter que falar em público pois um Rei precisa ter voz, um Rei precisa ser a voz do povo. Tudo isso se passa num período de pré segunda guerra durante a ascensão de Hitler.
O filme tem uma série de mérito, um deles é o roteiro bem construído David Seidler que não deixa o expectador se cansar em nenhum momento mas o ponto alto do filme são as atuações: Geoffrey Rush (Shine, Quills, Shakespeare in love) que interpreta maravilhosamente Lionel Logue, Helena Bonham Carter que, diferente das suas atuações espetaculosas nos filmes de Tim Burton, em The King’s Speech dá vida a uma jovem esposa generosa, discreta, doce e dedicada que se tornaria a Rainha Mãe e Colin Firth no que na minha opinião é a sua melhor atuação, conseguindo fazendo com que o expectador sinta toda angústia de alguém que tem algo a dizer e não consegue.
Colin que assistiu á vários discursos do verdadeiro George VI contou: E acrescenta: “Vê-lo lutando contra ente problema é de cortar o coração, eu me emocionei. Chorei quando vi.” Nós sabemos exatamente como o ator se sentiu, porque ele nos fez sentir igual.
O Discurso do Rei é minha dica de filme dessa semana, um filme bonito, bem feito, encantador do início ao fim. É uma prova de que com um pequeno detalhe pode se fazer um grande filme.
“As pessoas sabiam que este homem estava enfrentando seus demônios, toda vez que tinha que falar para elas.”
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Por incrivel que parece tou assistindo sábado agora na globo.