Já passa de 27 mil o número de pessoas que assinaram o abaixo-assinado na plataforma Change.org por justiça no caso de Victor de Luzia, conhecido como Vitinho, jovem negro, guia turístico local e morador querido de Caraíva, distrito de Porto Seguro (BA). Ele morreu durante uma operação policial, em circunstâncias que levantaram questionamentos e indignação tanto na comunidade local quanto em diversas regiões do país. Neste  domingo (18), amigos e familiares realizam homenagens, como uma manifestação e missa por Vitinho, na Igreja de São Sebastião, em Caraíva.

A Bahia tem liderado o ranking nacional de mortes por intervenção policial nos últimos anos. Em 2024, o estado registrou 1.557 mortes decorrentes de intervenções policiais, mantendo-se com o maior número absoluto de casos no país. Esse número representa uma redução de 8,5% em relação a 2023, quando foram contabilizadas 1.702 mortes desse tipo.

O abaixo-assinado foi criado por Miguel Neto, que também o encaminhou à 8ª Promotoria de Justiça de Porto Seguro. O documento solicita providências do Ministério Público da Bahia, com foco na investigação rigorosa e independente dos fatos.

“Vitinho era uma das figuras mais queridas de Caraíva. Trabalhador, alegre, respeitoso. Sua morte não pode ser esquecida, nem tratada com silêncio. É um pedido de justiça que parte da comunidade e já ecoa por todo o Brasil”, afirmou Miguel Neto, autor da petição.

A repercussão do caso segue crescendo nas redes sociais e na mídia, mobilizando vozes da sociedade civil, artistas, turistas e lideranças comunitárias. A expectativa é de que as autoridades tratem o caso com a seriedade e o compromisso que a situação exige. Entre os apoiadores do abaixo-assinado diversos comentários pedindo justiça e reforçando a inocência de Victor..

Espero que a justiça seja feita, e que esse tipo de injustiça arbitrária não ocorra mais.

“Hoje a dor não cabe no peito. Mais um nome, mais uma história interrompida à força pela brutalidade do Estado. Não foi um acidente, não foi um engano: foi racismo, foi descaso, foi o reflexo de um sistema que insiste em não nos reconhecer como humanos. Meu amigo tinha sonhos, tinha família, tinha vida. Mas para eles, bastou a cor da pele para decidir que ele era uma ameaça. É cruel. É desumano. E é repetido. A cada novo nome, a cada novo corpo caído, a gente sangra mais um pouco por dentro. Lutaremos por vc, meu amigo!?? Isso é o que vc estaria fazendo em voz alta… Te amo pra sempre”

 

Responsabilização

A mobilização pede a apuração completa das circunstâncias da morte de Vitinho, responsabilização de agentes envolvidos, apoio à família da vítima e acompanhamento externo das ações de segurança pública na região.

O texto da petição destaca possíveis violações de direitos humanos e solicita atuação urgente de órgãos como o Ministério Público, a Defensoria Pública e o Conselho de Direitos Humanos.

“Não estamos falando apenas de uma tragédia local, mas de um grito coletivo contra a banalização da violência. A morte de Vitinho tocou muita gente porque ele representa tantos outros jovens que merecem viver com dignidade e segurança. A justiça precisa agir”, reforça Miguel Neto.