Fundação Nacional dos Insensatos
Uma comissão composta por deputados federais e estudantes, representantes de Direitos Humanos e do Ministério Público dirigentes de ONGs fizeram na semana passada um périplo pela aldeia pataxó hã hã hãe em Pau Brasil e pela área reivindicada por tupinambás.
A exceção do deputado federal Geraldo Simões, talvez o único do grupo antenado com a realidade, o grupo veio com uma idéia pré-concebida especialmente na área de Olivença/Una/Buerarema, de que as terras foram usurpadas dos tupinambás,
Alguns mais ingênuos (ou nem tanto) talvez esperassem encontrar índios vivendo como nos tempos pré-Pedro Álvares Cabral, tamanha a forma como essa questão vem sendo idealizada.
Resultado, a exemplo do que ocorre em Pau Brasil, há um permanente clima de conflito na área em litígio.
E a culpa maior pelo conflito entre supostos índios tupinambás e pequenos produtores rurais, que se instalou na região da Serra do Padeiro em Buerarema e ameaça se estender a áreas rurais de Ilhéus e Una pode ser debitada única e exclusivamente na FUNAI, a Fundação Nacional do Índio.
Que, no caso em questão, pode ser chamada da Fundação Nacional dos Insensatos.
A partir de um inacreditável relatório elaborado por técnicos da FUNAI, conferindo aos tupinambás uma extensa área de 47 mil hectares nos três municípios sulbaianos, o que era apenas reivindicação se transformou numa espécie de lei, pelo menos para os supostos índios;
O relatório não tem poderes para tanto, é passível de contestação e ainda precisa passar por várias etapas até que passe a valer ou não, mas serviu como salvo-conduto para que propriedades rurais sejam invadidas, saqueadas, destruídas e que seus moradores, a esmagadora maioria composta por agricultores familiares, sejam ameaçados e agredidos.
Para os tupinambás (ou os que dizem pertencer a essa etnia, já que existem denuncias de cadastramento de índios em Buerarema e cidades vizinhas), a área de 35 mil hectares lhes pertence e ponto final.
E, em sendo assim, se a área lhes pertence, os atuais ocupantes que tratem de escafeder-se, caso contrário serão expulsos, se necessário com o uso da pressão, como vêm ocorrendo na Serra do Padeiro.
A barafunda criada pela FUNAI, além da dimensão da área que ela sugere ser demarcada, não avaliou que os pequenos produtores ocupam essas terras há várias gerações e de lá tiram o seu sustento. Não podem ser simplesmente arrancados de lá, como quem arranca uma erva daninha ou como se fossem usurpadores, o que efetivamente não são.
Nada disso foi levado em conta pelos burocratas insensatos da FUNAI, que de seus gabinetes refrigerados em Brasília, assistem à distância as conseqüências do relatório que perpetraram.
Que os indígenas, pilhados e explorados desde que Pedro Álvares Cabral descobriu nos trópicos um porto seguro, precisam ter seus direitos preservados é fora de discussão. Isso vale também para os legítimos descentes dos tupinambás. A reparação, portanto, é justa e necessária.
Mas, o que não se pode é, em nome de se fazer justiça com algumas centenas de índios, se cometer uma injustiça com milhares de pequenos produtores rurais.
O bom senso que faltou à FUNAI deve prevalecer entre as autoridades responsáveis pela manutenção da ordem, antes que o que ainda é escaramuça de parte a parte se transforme numa guerra sangrenta.
Uma guerra que infelizmente já começou e que precisa parar imediatamente.
Porque, se ela se intensificar, as conseqüências são mais do que previsíveis.
Violentamente previsíveis.













“O relatório não tem poderes para tanto, é passível de contestação e ainda precisa passar por várias etapas até que passe a valer ou não, mas serviu como salvo-conduto para que propriedades rurais (sic)sejam invadidas, saqueadas, destruídas e que seus moradores, a esmagadora maioria composta por agricultores familiares, (sic) sejam ameaçados e agredidos.”
De fato, o bom senso vem sendo economizado nesse país tropical, onde até pouco tempo, considerávamos abençoado por Deus. Aqueles que atentam contra a ordem social vêm sendo resguardados das punições devidas, enquanto aqueles que, apesar das adversidades encontradas pelo caminho, continuam dispendendo suas energias para gerar bons frutos para a sociedade, vêm tendo seus direitos cessados, quando não submetidos à constrangimentos piores em virtude da cobrança de seus direitos. O exemplo dessa inversão de valores vem do caso dos 439 heróis, como estão sendo chamados os bombeiros do Rio que foram detidos por reivindicar por salários justos (apenas justos). Voltando à região sulbaiana, não é de se estranhar que produtores (que geram recursos para o Estado) sejam repelidos em defesa de uma população desconhecida e que, talvez por falta de políticas adequadas, pensam que tem o direito de só coçar (perdão pelo termo chulo) enquanto milhões cumprem o castigo divino de ter que suar para ter o que comer.
Brilhante texto, eivado de sensatez.
É o que dá a colocação de ideologia barata no Serviço Público.
Estão destruindo a FUNAI, o IBAMA e, até a PF.
Parabéns ao Editor
Não tenho dúvida da legitimidade do território indijena, tão pouco da importância da sobrevivência dos pequenos agritores.
No tocante a visita, acho importante a inicitaiva da Comissão Federal de parlamentares que foi fortalecida pelo deputado estadual Yulo que a mais de 11 anos acompanham de perto e defende veemementemente os dois povos Índiginas.Josivaldo