Silvio Porto de Oliveira

 

A Academia de Letras de Itabuna abre o coração para celebrar uma obra que honra a nossa cidade com gestos diários de humanidade. Ao conceder a Medalha Jorge Amado à Fundação Dr. Baldoino Lopes de Azevêdo, a Academia reconhece um trabalho que transforma a palavra “solidariedade” em prática cotidiana — silenciosa, constante e luminosa.
A história que aqui reverenciamos começa em abril de 1988, quando a Fundação nasce voltada às crianças carentes do bairro de Fátima, pela Creche Pequeno Lar, com aulas e regime de semi-internato. Dois anos depois, em 1990, vem a Escola Estadual Dr. Aníbal Muniz Silvany, fruto de um convênio com a Secretaria de Educação do Estado da Bahia. Foram dez anos de serviço abnegado até que, diante do aumento da evasão escolar, a instituição — com sabedoria e fidelidade à sua missão — ajusta a rota.
É então que o médico e presidente da Fundação, Dr. Baldoino Lopes de Azevêdo, volta o olhar para outra fronteira de cuidado: o idoso em vulnerabilidade. Levanta apartamentos e enfermarias no conhecido Lar dos Idosos, que hoje abriga 73 pessoas em regime de internato. E faz questão de reafirmar: a Fundação não é casa de saúde; é uma instituição social — um lar que devolve pertencimento, segurança e afeto a quem mais precisa.

 

Essa obra nos comove porque se sustenta em dois pilares que definem a grandeza de Itabuna: trabalho e ternura. Trabalho, para manter o cuidado especializado funcionando todos os dias, sem feriado para a dignidade. Ternura, para que cada idoso seja chamado pelo nome, ouvido nas suas memórias, respeitado nas suas escolhas, amparado nas suas dores e convidado a recomeçar.

Ao evocarmos Jorge Amado — que fez do nosso chão grapiúna um território universal — lembramos que a literatura nasce do humano. E não há literatura mais alta do que salvar a dignidade de um semelhante. Nas páginas vivas da Fundação, cada quarto é uma crônica; cada gesto, um capítulo; cada sorriso restituído, um desfecho feliz que a vida insistiu em escrever.
Dr. Baldoino, receba nesta noite a gratidão de Itabuna. Na pessoa do senhor, a Academia saúda toda a equipe — dirigentes, colaboradores, voluntários e parceiros — que faz do Lar dos Idosos um abrigo de corpo e alma. O senhor nos ensina que medicina e compromisso social não se excluem: se completam. Que o bisturi da competência e o abraço da compaixão podem e devem caminhar juntos.
Por tudo isso, em nome da Academia de Letras de Itabuna, tenho a honra de conferir a Medalha Jorge Amado à Fundação Dr. Baldoino Lopes de Azevêdo, pelo conjunto de relevantes serviços prestados à nossa comunidade. Que esta medalha seja mais do que um reconhecimento: seja um abraço público da cidade aos que cuidam de seus velhos com profissionalismo e calor humano.
Que sigamos, inspirados por este exemplo, plantando árvores de cuidado em cada rua de Itabuna — porque quem cuida de gente cuida da história, e a história que cuidamos hoje é o futuro que desejamos colher.
HOMENAGEM AO DEDICADO MÉDICO
DR. BALDOINO LOPES DE AZEVÊDO
“Por sua dedicação incansável e cuidado compassivo, expressamos nossa profunda gratidão pelo compromisso em proporcionar atendimento humanizado, que tem feito a diferença na vida de idosos em situação de vulnerabilidade e de risco pessoal e social.”
Silvio Porto de Oliveira
Academia de Letras de Itabuna — 23/10/2025