Gilza Pacheco

 

Hoje sinto desejo de criar, de escrever sobre fatos inesquecíveis, uma espécie de momento nostálgico. Antes, porém, mesmo hoje sendo sábado, reporto-me a uma sigla criada em 2011, “TBT” para significar “Throwback Thursday”, uma tendência popular nas redes sociais onde as pessoas compartilham fotos antigas ou memórias nostálgicas às quintas-feiras. Essa prática, que começou no Instagram e se espalhou para outras plataformas, permite que os usuários revivam momentos especiais do passado, como viagens, eventos e conquistas, conectando-se com amigos e familiares ao relembrar bons momentos juntos, além de ser uma forma divertida de observar como pessoas, modas e situações mudam ao longo do tempo. E um fato me veio a mente… Não era um dia comum.

De acordo com as crenças religiosas africanas, no dia 02 de fevereiro é comemorado o dia de Yemanjá. Odoyá, popularmente conhecida pelos brasileiros como Iemanjá, a orixá da religião Yorubá que significa “Rainha das águas, mares e oceanos”. Encontrava-me no lugar certo, Bairro Boêmio de Salvador, Rio Vermelho. Apesar de próxima à praia naquele dia não depositei flores no mar, não ofertei nenhum presente e nem pulei 7 ondas. Sentada em um bar eis que surge Damião, não o personagem da novela, se fosse, e se a minha amiga Eliana estivesse comigo, com certeza iria adorar.

 

Nunca havíamos nos visto antes, mas sabíamos da existência um do outro. Ele veio lindo, memória viva na minha lembrança. Ao colocar meus olhos, acompanhados, com certeza, de um largo sorriso, imaginei…é ele, o meu presente de Iemanjá. Lembro-me do seu andar elegante e ao mesmo tempo despojado e pelo seu sorriso percebi que me identificou. Iemanjá é conhecida por gostar de dar presentes.

Foi assim que ela acabou presenteando Ogum, Oxum, Oiá, entre outros. Porém, quanto mais ela ofertava, mais recebia de volta. Esse ensinamento da história de Iemanjá reforça a ideia de que é dando que se recebe e, por isso, ela também sabe retribuir àqueles que tanto lhe ofertam presentes em seu dia. E eu fui agraciada, com uma doce sensação da eternidade… Ainda mais, amamos a lua e Iemanjá é uma deusa lunar, que além de ser responsável por reger os ciclos naturais ligados às águas, também gerencia as fases de “mudanças” nas mulheres, que acontecem por influência dos ciclos da lua. E eu mudei, voltei a sorrir, e assim, a ser a mulher feliz, de sorriso fácil e de olhar brilhante, de antes!

 

Ela também é considerada a “Afrodite brasileira”. Conhecida como a deusa do amor a quem recorrem os apaixonados em suas demandas amorosas, especialmente em casos de desafetos. Mesmo assim, não foi em vão o seu poder sobre nós! Mas sou filha de Iemanjá e como toda boa mãe orienta, direciona, fala pela alma e Iemanjá falou: -Chegou o momento de me devolver o presente, digo isso porque te amo, filha… Tenha certeza que estarei sempre ao seu lado e não a deixarei esmorecer. E assim, chega ao fim uma história de forte conexão entre duas pessoas. O dia terminou e a história também…