Eulina Lavigne

 eulina lavigneNo mês escolhido para ser o mês das mulheres, ouvi e vi várias manifestações em defesa da mulher e muitas foram as acusações para os homens. Muitas manifestações contra o patriarcado, contra a violência, contra a negligência nas relações afetivas, negligência do Estado e se a escuta apurasse muitas coisas ouviria.

Se as acusações e justificativas trouxessem soluções para a necessidade de se resgatar o amor, a gentileza, o respeito no âmbito familiar eu ficaria deveras satisfeita. No entanto, sabemos que estes movimentos nos distanciam do que realmente desejamos. O que desejamos é que o fruto do vosso ventre seja o Amor.

Então vamos pensar juntos sobre este emaranhado em que se encontram o homem e a mulher? Vamos olhar para uma outra possibilidade de encontrarmos um caminho?

amor mulherQuem é que gera o homem? Quem é que cria o homem? Sei que muitos vão me dizer que é o homem e a mulher. E sabemos que este seria o movimento ideal e correto. E não é assim que funciona. Pelo menos na atual realidade, não!

No momento em que a mulher conquistou o seu espaço e não mais suportou viver sob a custódia do patriarcado esta situação se alterou. Muitos homens são criados apenas pelas mães, pelas avós, pelas tias, babás e às vezes pela irmã mais velha.

A opressão sofrida pelas mulheres e a falta de reverência ao seu feminino por parte dos homens foi endurecendo o seu coração e na criação dos seus filhos homens toda esta opressão vivida foi de um certo ponto repassada para eles.

Quem já não escutou que o homem não chora? Engula o seu choro? Você não é homem não? Tem que aguentar! Seja forte! Seja macho!

Estas são devolutivas que se perpetuam e estes homens quando crescem trazem em sua memória ancestral o patriarcado e devolvem entre si tudo o que deram e  receberam gerando uma ciranda sem fim.

Como sempre norteio as minhas reflexões sobre o olhar da Constelação Familiar, Bert Hellinger, o seu criador, nos revela que no amor existe uma hierarquia e que precisa ser respeitada.

Antes de uma família ser constituída, antes da existência de um pai e de uma mãe, existe o amor entre um homem e uma mulher. Tratando-se aqui de uma situação normal.

E é deste amor que nascem os filhos. São frutos deste amor. O homem ganha força para ser pai a partir do seu amor pela mulher e a mulher toma a sua força para ser mãe pois sabe que tem um homem ao seu lado. Se ambos amam os filhos, amam também nos filhos a sua mulher ou o seu marido.

Os filhos ficarão bem e serão felizes quando os pais amam-se mutuamente neles. Afirma Bert Hellinger.

E o que estamos presenciando hoje?

Famílias desestruturadas, que desrespeitam a ordem. Pais que desonram a imagem da mãe perante os filhos. Mães que desonram o pai perante os filhos, gerando um emaranhado de conflitos e uma verdadeira guerra entre os sexos.

Quando uma relação termina de forma desastrosa os conflitos se intensificam, pois, quando os pais olham para os filhos enxergam neles os seus parceiros. E isto não pode ser apagado. E por incrível que pareça, os filhos recebem todos os sentimentos de discórdia entre os pais, como se eles representassem.

E qual será a solução?

Precisamos honrar o patriarcado e o movimento feminista pois foram fundamentais para chegarmos onde estamos hoje. Em função deles eu, mulher, estou aqui podendo me expressar no meu livre pensar para todos vocês.

Olhar para as nossas origens e reverenciar os nossos pais. Honrar aqueles que nos deram a vida, independente do que foram ou do que fizeram. Pois, fizeram o que foi possível fazer. Dentro do seu grau de maturidade, considerando a história de cada família e aquilo que pôde sustentar.

Deixando com os nossos pais o que a eles pertence e tomando para nós aquilo que nos deram de mais valioso: a Vida!

Que o fruto do nosso ventre seja bem-dito! Que o fruto do nosso ventre seja o amor. Pois só o amor nos trará a paz!