Eulina Lavigne

eulina lavigneQuando um casal se separa, com raras exceções, os emaranhados familiares se intensificam por conta de um desrespeito às ordens do Amor. O Amor flui quando a hierarquia familiar é respeitada, considerando o tempo, o peso e a função que se exerce no sistema familiar. E, muitas vezes, essa compreensão só chega com a maturidade e com os ensinamentos da vida.

A separação é algo muito doloroso para toda a família. Confesso que quando me separei, a dor que senti, mesmo desejando a separação, foi a mesma de quando perdi o meu irmão no auge dos seus 28 anos. É a dor da morte.E é tão dolorosa que para evitamos a dor entramos na raiva, na censura e no desejo de vingança.

Em separações mau acordadas, há sempre uma tendência de se encontrar um “bode expiatório”. Ou seja, alguém que possa se responsabilizar por isso. Um relacionamento não chega ao final porque um parceiro é culpado e o outro é inocente. Trazendo a luz, a visão da Constelação Familiar, um relacionamento acaba porque um deles deve estar assumindo problemas de sua família de origem ou ambos caminham em direção opostas.

hijosE mesmo que me diga que você foi abandonado por seu pai ou sua mãe, por traz de tudo isso, existirá um emaranhado sistêmico, e se for investigar, verá que esse pai que abandonou, também deve ter sido abandonado, ou está assumindo o papel de alguém em seu sistema familiar.

E até que a morte nos separe, que não necessariamente passa pela ordem física, é preciso entender que ali acaba uma relação entre um homem e uma mulher. Pois, quando se tem filhos, a relação entre pai e mãe deve ser eterna, para que a ordem familiar seja preservada.

E toda a desordem familiar que assistimos hoje em nosso dia a dia, nas rádios, na televisão, onde filhos agridem pais, e vice e versa, filhos se envolvem com drogas e com a marginalidade, onde o desrespeito familiar reina, podemos dizer que estão relacionados com o fato do casal ter dificuldade em separar o que diz respeito ao casal e o que diz respeito à sua função de pai e mãe.

A falta de civilidade nas separações se dá, muitas vezes, pela falta de humildade em tomar plenamente um do outro aquilo que lhe foi oferecido. Quando um casal consegue dizer ao outro, com sinceridade: “Recebi o que de bom você me deu e vou guarda-lo como um tesouro. Tudo que dei para você, dei-o com amor e guarde-o também. Assumo a minha parte de responsabilidade pelo que saiu errado entre nós e deixo-lhe a sua. Agora partirei tranquilo(a)”, podem separar-se na paz.

Por amor aos nossos filhos, devemos manter a relação com o seu pai ou a sua mãe, de forma respeitosa, sem que os nossos filhos sejam envolvidos em jogos, ou sentimentos de raiva ou de vingança, sentimentos esses relacionados com a separação e não com o desejo de manter o sentimento de amor na família.
Uma família pode se manter firme e sólida, mesmo com pais separados. Porque a função materna e paterna devem ser preservadas para sempre. Não existe ex-pai, ex-mãe e muito menos ex-filhos.

Quando cada casal, perceber que por amor aos filhos, necessitam honrar um ao outro e respeitar-se, para que a vida dos filhos flua em harmonia, teremos uma nova família. Mesmo de pais separados.

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Eulina Lavigne é mãe de três filhos, Administradora, Terapeuta e Palestrante com formação em Constelação familiar pelo Hellinger-Institut Landshut (Alemanha), especialista em Trauma pelo Instituto Junguiano da Bahia. Formada em Experiência Somática e membro da Associação Brasileira de Trauma. E-mail: eulinaterapeuta@gmail.com | site:www.eulinaterapeuta.com
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