meninos do Brasil

Daniel Thame

 

Os meninos sonham na imensa noite do Rio de Janeiro, dos cabrais e marieles, das delícias e das milícias.

O sonho é sonhado junto.

Maracanã lotado, tingido de rubro e de negro.

O goleirinho sonha com a defesa impossível que consagra. Júlio César?

O zagueiro sonha com o bote perfeito que desarma o adversário. Rondinelli?

O meio campo sonha com o passe perfeito, o toque genial.  Zico?

O atacante sonha com o gol que beija a rede e explode o grito: “é campeão!”. Nunes?

Eles sonham…

Driblar a pobreza, ajudar a família e, porque não?, desfrutar de carrões, mansões, aviões, celulares da moda e comer as mulheres mais gostosas do mundo…

E ai, feito um Ghiggia num Maracanã que em segundos fez da festa um velório, vem um maldito fogo e destrói vidas e sonhos, como que  a mostrar que nesse país de merda em que nos transformamos, aos meninos (do Flamengo, do Brasil) nem é dado o direito de sonhar.