Representantes de entidades sociais e professores de universidades do estado de São Paulo publicaram carta de repúdio contra comentários feitos pelos jornalistas Caio Blinder e Diogo Mainardi, na edição de 15 de janeiro último do programa “Manhattan Connection”, da Globo News.
De acordo com a carta, os comentaristas justificaram o assassinato de cientistas iranianos como uma forma de evitar mais mortes e intimidar outros cientistas que trabalhem para o governo do Irã, a quem chamaram de “Estado terrorista”. Os comentaristas da Globo News se referiram ao atentado, com uma bomba, que matou o cientista Mustafa Ahmadi Roshan, de 32 anos, em Teerã, capital iraniana. Roshan é o quinto cientista nuclear iraniano morto em um atentado terrorista nos últimos dois anos.

Na carta, os professores destacam que “causa profunda surpresa, indignação e perplexidade assistir a um programa de vossa emissora em que jornalistas, comentaristas e palpiteiros assumam a defesa explícita da prática de assassinatos como meio válido de fazer política”

Os professores alegam ainda que “ao divulgar a defesa da prática do assassinato como meio de fazer política, a Rede Globo dá as mãos ao fundamentalismo – não importa se de natureza religiosa ou ideológica – e abre um precedente muito perigoso no Brasil. Isso é inaceitável.” “Não defendemos, aqui, qualquer tipo de censura, nem queremos restringir a liberdade de expressão. Não se trata de desqualificar ideias ou conceitos explicitados por vossos funcionários. O que está em discussão não são apenas ideias. Não são as opiniões de quem quer que seja sobre o programa nuclear iraniano (ou israelense, ou estadunidense…), mas sim o direito que tem uma emissora de levar ao ar a defesa da prática do assassinato, ainda mais feita por articulistas marcadamente preconceituosos e racistas.” , diz o texto.

O Instituto Brasileiro de Estudos Islâmicos, se  solidarizou com os intelectuais, jornalistas, especialistas e “a todas as pessoas de bem que acreditam na paz e repudiam o terrorismo e a violência, em todas as suas expressões. Inclusive naquele disfarçada de liberdade de opinião”.