A Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) obteve aprovação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para o projeto “Atualização do Centro Temático Multiusuário – CBG”, no valor de R$ 14.725.467,73, destinado à modernização e ampliação do Centro de Biotecnologia e Genética (CBG). A iniciativa reforça o papel da instituição como referência científica na área de biotecnologia e genética aplicada, voltada à sustentabilidade e à inovação no sul da Bahia.

O projeto, que marca um avanço significativo para a infraestrutura de pesquisa da universidade, prevê a modernização dos laboratórios, a criação de novos espaços físicos e a integração de tecnologias de ponta. O objetivo é permitir a realização de simulações de variações climáticas e o estudo das respostas de plantas a patógenos e estresses ambientais, combinando análises genômicas, fisiológicas e ambientais.

Com cerca de duas décadas de atuação como espaço multiusuário, o CBG ampliará suas atividades no eixo temático da transição ecológica, foco do edital da Finep. A proposta está estruturada em quatro metas principais, que articulam pesquisa, inovação e desenvolvimento sustentável.

Genética da conservação e biotecnologia aplicada

A primeira meta envolve o estudo genético e o melhoramento de espécies estratégicas da região, como cacau, dendê e juçara. Entre as ações, destacam-se o desenvolvimento de plantas de cacau editadas por CRISPR-Cas9, resistentes a múltiplos estresses, e a criação de protocolos de multiplicação em larga escala. Também serão analisadas as respostas da palmeira juçara a variações climáticas extremas e caracterizados materiais genéticos de dendê promissores para uso sustentável.

Estresses ambientais e resistência a patógenos

A segunda meta abrange simulações de condições climáticas e estudos sobre a resistência de plantas a doenças, com ênfase em cacau, citros e maracujá. Serão investigados os mecanismos moleculares de defesa e as vias metabólicas em diferentes contextos ambientais. A equipe também busca identificar genótipos de Passifloras silvestres resistentes a doenças e às mudanças climáticas, ampliando o conhecimento para o desenvolvimento de plantas mais resilientes.

Novas tecnologias e processos sustentáveis

A terceira meta tem o foco na inovação, propondo o desenvolvimento de biodefensivos à base de efetores fúngicos, capazes de promover o enraizamento de mudas e a produtividade agrícola. A pesquisa também abordará a caracterização de vírus em insetos e microrganismos em produtos apícolas, além do uso de bioinformática e inteligência artificial para diagnóstico e monitoramento de viroses em plantas e polinizadores. O projeto contempla ainda mapeamentos produtivos e capacitações tecnológicas voltadas ao fortalecimento socioeconômico regional.

Ampliação e consolidação da infraestrutura do CBG

A quarta meta é o eixo estruturante do projeto e prevê a expansão física do CBG, com a implantação de novos laboratórios e a aquisição de equipamentos de última geração, como câmaras climáticas, um sistema de computação de alto desempenho (CPU) e um HPLC para o laboratório de proteômica. Essa modernização consolidará o CBG como centro de referência regional e nacional em biotecnologia e genética aplicada.

O reitor Alessandro Fernandes destacou a importância estratégica da conquista. “Com essa aprovação, a nossa Universidade reforça seu compromisso com a pesquisa científica, o desenvolvimento regional sustentável e a inovação, consolidando o Centro de Biotecnologia e Genética como um centro de referência nacional em biotecnologia e genética aplicada às ciências agrárias.”

Para o vice-reitor, professor Maurício Moreau, a aprovação do projeto representa mais um passo na consolidação da Uesc como polo de ciência e inovação. “Esse resultado expressa o trabalho coletivo de nossos pesquisadores e o investimento institucional na infraestrutura científica. A atualização do CBG amplia nossas possibilidades de cooperação, promove a interdisciplinaridade e fortalece a inserção da universidade nas pautas globais da sustentabilidade e da transição ecológica.”

Coordenado pelo professor Ronan Xavier Corrêa, o projeto reúne uma equipe de pesquisadores de diversas áreas da Uesc, dentre eles: Carlos Priminho Pirovani, Eric Roberto Guimarães Rocha Aguiar, Fabienne Florence Lucienne Micheli, Fernanda Amato Gaiotto, Janisete Gomes da Silva Miller, Marcelo Schramm Mielke, Márcio Gilberto Cardoso Costa, Marco Antônio Costa, Margarete Magalhães de Souza e Ronan Xavier Corrêa.

Tem o apoio técnico de setores da reitoria, NIT, PROPP e Prefeitura do Campus. A iniciativa reafirma o compromisso da universidade com a ciência a serviço do desenvolvimento regional, integrando pesquisa, inovação e extensão para responder aos desafios ambientais e produtivos do século XXI.