Uma conferência de Laila Brichta, pós-doutora pela Universidade de Las Palmas de Gran Canaria, nas Ilhas Canárias, Espanha, deu início à 16ª Primavera de Museus, nesta quinta-feira (15), com a abertura da Exposição do Bicentenário da Independência do Brasil. A exposição é uma promoção da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), em parceria com o Centro Cultural Teosópolis, e ficará aberta ao público até dezembro.

“Nós compreendemos a importância de atividades artísticas e culturais para nossa região. Este centro ficou muito bom, é muito importante para a nossa região”, disse o pró-reitor de Extensão da Uesc, professor Neurivaldo Guzze. “Teremos atividades do Bicentenário aqui e, também, no Museu do Cacau, em Ilhéus, de setembro a dezembro”, informou.

Presidente da Associação Batista Grapiunense(ABCT), professor Aurélio Macedo disse que o Centro continuará promovendo a cultura da cidade. Curadora do espaço, a professora Janete Ruiz Macedo disse que o Instituto Brasileiro de Museus(IBRAM) tem escolhido temas atuais para as discussões.
Sujeitos excluídos


Na palestra “Independência outros 200, outras histórias” a pesquisadora Laila Brichta defendeu a tese de que as pessoas constroem memórias e sentidos específicos sobre a Independência do Brasil quando afirmam que foi feita somente pela elite branca: “Nas narrativas sobre a Independência normalmente se excluem muitos sujeitos que participaram do processo, como negros, índios, mulheres e os mais despossuídos”, disse a historiadora.

Disputa política sobre a história do Brasil
“A memória que se quer guardar da Independência do Brasil é a dos homens brancos de elite, da corte imperial brasileira ou luso-brasileira. O ano de 1822 não é o da independência completa do Brasil. A Bahia, por exemplo, só ficou independente em 1823”, pontuou.

 

“Quando marcamos o bicentenário da independência do Brasil esse ano, 2022, o que estamos dizendo? Por que a memória do Ipiranga vale mais que a memória de Pirajá?” Provoca a historiadora. “Travamos uma disputa política sobre a história do Brasil que se quer contar e lembrar”, disse.
Espaços vivos

 

Para Laila os museus não são depósitos de coisas velhas sem intenção. “Os museus são espaços vivos e tudo que está conservado, colecionado, exposto possui uma intencionalidade” pontuou. Citou como exemplo o Museu do Ipiranga, o mais emblemático no tema da Independência do Brasil, onde tudo é politicamente definido, inclusive o próprio prédio com sua arquitetura externa e interior.

Desconstruindo conceitos
Para a professora aposentada da Uesc Raimunda Assis, na palestra, a historiadora Laila Brichta desconstruiu conceitos tradicionais de museus, de forma crítica. Ela elogiou a exposição. “É um material bem produzido. É importante, porque receberá estudantes, jovens das séries iniciais que poderão conhecer um pouco da história”, disse

Serviu para reflexão
O representante comercial José Matos, disse que a palestra foi muito interessante. “Serviu para fazer uma reflexão”, disse. Ele visitou a exposição do bicentenário e disse que voltaria para ao local para fotografar. “Não sabia que cidades como Maraú e Valença tivessem participado da guerra pela Independência”.

Iniciativa oportuna
Na opinião de Geraldo Meireles, pastor presidente da Igreja Batista Teosópolis, a iniciativa foi oportuna. “Trata-se de uma data que não teremos mais oportunidade de comemorar. Os 200 anos de nação soberana e independente. Representa a integralidade do homem.

Museu de Queluz
No evento, os participantes apreciaram uma visita virtual ao Museu de Queluz, em Portugal, um dos mais tradicionais da Europa, criado em 1654 por D. João IV e onde morou a realeza portuguesa. O Palácio Nacional e Jardins de Queluz faz parte da Rota Europeia de Jardins Históricos, que integra as Rotas Culturais do Conselho da Europa desde 2020.

Exposição de Artesanato e Oficina
Contou também com uma Exposição de Artesanato do professor Anselmo Góes que expôs peças de tear manual. A artesã Flávia Oliveira, da Associação de Artesãos do Sul da Bahia, a AASBA apresentou suas peças de costura criativa.

O Centro Cultural Cacilda Lourenço Silva, localizado na Rua C, 298, Praça dos Eucaliptos, no bairro da Conceição, em Itabuna.