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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

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:: 29/jan/2011 . 17:36

Hotel 5 estrelas


Existe coisa mais impressionante do que propaganda de banco?

Não importa o banco, é tudo de uma plasticidade espetacular, gente bonita e sorridente, serviços que parecem de graça e tecnologia de ponta, como se a felicidade e a fortuna estivessem ao alcance de um toque de mão.

Dá até vontade de sair abrindo conta em tudo quanto é banco (não fosse o detalhe de que a maioria deles não faz a mínima questão, tamanha a quantidade de exigências) e sair adquirindo cartões de crédito a torto e a direito, verdadeiras chaves que abrem as portas dos bens de consumo (não fossem as taxas e os juros extorsivos quando você atrasa o pagamento).

Saindo da propaganda encantadora para o mundo real, aquelas maravilhas de conforto, praticidade, atendimento de excelência trombam com a realidade das filas monumentais, dos caixas eletrônicos que dão pane e de um atendimento mulambento, a menos que você seja dono de uma conta bancária com saldo de vários dígitos.

Bancos, como se sabe, não apenas tem o dinheiro como força motriz, mas são, literalmente, máquinas de fazer dinheiro.

Basta, conferir, nas páginas de economia, os lucros estratosféricos das instituições bancárias, independente de quem seja o governante de plantão. E, quando eventualmente enfrentam dificuldades, há sempre um Proer para salva-los e jogar a conta para o contribuinte, que nesse caso contribui compulsoriamente.

É Bolsa Banco, versão rica do Bolsa Família.

E o que acontece quando a pujança das montanhas de dinheiro, do lucro pelo lucro, do símbolo do capitalismo, cruza com a imagem com alguém que não é igualmente símbolo, mas um subproduto desse tipo de capitalismo?

Aquele instante em que a construção de ferro, cimento, vidro e segurança que simboliza um banco, tromba com a fragilidade, o desamparo e a desesperança de alguém a quem a exclusão social reduz à condição de não-cidadão.

É o que revela a imagem, captada na Ilhéus de Jorge Amado, o escritor imortal que tão bem sobre romancear a realidade de um mundo de poucos muito ricos e muitos muito pobres.

Uma moradora de rua, sem nome nem sobrenome, que perambula pelas ruas e dorme o sono dos justos e injustiçados na porta de um banco, do qual ela nunca, jamais e em tempo algum terá conta.

O pouco que se sabe dessa mulher sem nome e sem sobrenome é que tem problemas mentais, recentemente engravidou e deu a luz a um menino que possivelmente alguém pegou para criar.

Se é possível captar ironia onde só se observa desalento, as cinco estrelas do banco estrelado remetem às cinco estrelas, classificação máxima de hotéis estrelados.

Mas a mulher em questão é apenas hóspede da rua, sem conta em banco, sem cartão de crédito, sem Bolsa Família e muito menos lenço ou documento.

Ah, a resposta para a pergunta sobre o que acontece quando o símbolo da pujança tromba com o símbolo na exclusão social:

-Não acontece nada, absolutamente nada.

Os bancos continuarão lucrando. E os desesperançados continuarão sem esperança alguma.





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